Se você colocar lado a lado uma foto de uma banana caturra e de uma variedade como a prata, por exemplo, dificilmente conseguirá diferenciá-las com facilidade. Isso porque ambas pertencem ao gênero Musa e à família Musacea — duas dignas representantes do gênero de frutas mais consumido no Brasil e um dos mais consumidos no mundo.
Para se ter uma ideia da importância da banana no Brasil, aqui ela é a segunda mais produzida (só atrás da cultura da laranja), com cerca de 7 milhões de toneladas anuais, enquanto, no mundo, é o 4ª vegetal mais consumido, só perdendo mesmo para o milho, o arroz e o trigo.
Diferentemente do que se imagina, a banana caturra (também conhecida como “nanica”, em algumas regiões), é tão nutritiva, saborosa e volumosa quanto as demais variedades, chegando ao ponto de pesar entre 100 e 130g, com um tamanho que pode variar entre os 14 e os 25 cm.
Reza a lenda que o seu nome caturra (“ridícula” ou “motivo de piada”) seja uma alusão ao pequeno tamanho das bananeiras de onde elas pendem. Mas, se elas são pequenas com relação à lavoura, são verdadeiras gigantes quando o assunto é a sua importância comercial.
Em uma foto, a banana caturra não costuma impressionar tanto. Mas, de perto, ela é um verdadeiro fenômeno!
Seus cachos costumam suportar facilmente entre 300 e 400 bananas (algo foram de série, quando comparadas às 200 bananas de outras variedades). Cada cacho, acreditem!, pode atingir os assustadores 50 kg. Sem contar o fato de que é a preferida quando o assunto é exportação.
Completam as magníficas características da banana caturra, uma quantidade menor de calorias (cerca de 90, contra as 110 de outras variedades) e maior quantidade de potássio – por isso mesmo é uma das frutas mais indicadas para atletas ou para quem quer que pratique atividades físicas regularmente.
Benefícios da Banana Caturra
As cerca de 35mg de fibras contidas na banana caturra, para quem pretende fazer uma dieta, funcionam como uma verdadeira “arma secreta”.
Isso por que, como se sabe, as fibras são digeridas com maior lentidão, e por isso a sensação de saciedade, após as refeições, é bem maior.
Ela também possui uma importante função como regularizadora do aparelho digestivo e excretor, e também ajuda a combater o cansaço, graças às suas cerca de 15mg de vitamina C para cada 100g da fruta (20% das necessidades diárias).
Além disso, o fruto amadurecido é um dos que possuem as maiores quantidades de magnésio, potássio, ácido fólico, sacarose, frutose, glicose, entre outras substâncias, com funções relativas ao combate da anemia (aumenta a produção de hemoglobina), com consequentemente melhora do sistema nervoso de um modo geral.
Descobertas recentes confirmaram a capacidade da banana caturra de auxiliar em tratamentos contra depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outros transtornos psicológicos dos tempos modernos.
E ela consegue isso, graças aos seus níveis elevados de triptofano, uma espécie de aminoácido reconhecido pela sua capacidade de estimular a produção de neurotransmissores, especialmente os relacionados com as sensações de prazer e bem estar.
Uma Espécie Ameaçada de Extinção
Algumas fotos tiradas de exemplares da banana caturra, oriundas do sudeste asiático, mostram-nas com um aspecto murcho e sem vida, enquanto as bananeiras apresentam-se com o seus feixes de bainhas danificados, pecíolos quebrados, entre outros sintomas.
Isso porque pesquisadores holandeses descobriram que um determinado fungo, ao qual a caturra era imune, pode representar uma grave ameaça à sua existência.
Trata-se do famigerado Fusarium ou, como é conhecido no meio científico, TR4; um fungo com alto poder destrutivo que, desde o início dos anos 90, vem, silenciosamente, causando uma verdadeira calamidade nas lavouras do sudeste Asiático.
O que os estudiosos calculam é que, de lá para cá, os prejuízos causados pelo fungo já atingiram a casa dos US$ 430 milhões de dólares — um prejuízo irrecuperável, e que muito tem a ver com o desconhecimento sobre os mecanismos de atuação da praga.
Uma das dificuldades para o combate ao Fusarium é o fato de que, até então, a banana caturra, graças à sua imunidade, não podia ser atingida por ele.
O problema é que agora ela entrou na lista das espécies ameaçadas pela doença e não existem variedades reconhecidamente imunes ao fungo, o que facilitaria, e muito, o processo de produção de defensivos capazes de ir direto ao ponto — foi a conclusão do especialista em produtividade, Gert Keman, em entrevista à BBC de Londres.
Agora todas as atenções dos cientistas estão voltadas para a busca por outras variedades de Musaceaes que sejam capazes de fazer frente ao Fusarium.
Enquanto isso, uma campanha informativa e de conscientização é posta em prática, por meio de fotos da banana caturra comprometida, folhetos, vídeos, entre outras formas de evitar que a praga se alastre de forma devastadora e incontornável.
Como Solucionar o Problema?
Agronômos e demais especialistas em pragas que acometem as lavouras, já estão se mobilizando para encontrar uma solução para o transtorno.
E um dos motivos para essa espécie de corrida contra o tempo, é o fato de que o Fusarium já começa a exibir os seus tentáculos em algumas regiões da América do Sul.
Fotos aéreas de plantações de banana caturra no sudeste asiático e na Austrália, já demonstram o potencial de agressividade da praga que, segundo estimativas, dizimou, só nos últimos 10 anos, algumas centenas de metros quadrados de plantações de banana.
Produtores de algumas regiões do Oriente Médio e do continente africano também estão em estado de alerta, já que, de acordo com estudiosos, o TR4 tem uma incrível capacidade de alastrar-se e, para isso, ele pode utilizar-se como veículo, até mesmo as roupas, uniformes e ferramentas utilizados pelos trabalhadores da lavoura.
Mas, ao que tudo indica, a solução para esse drama dos produtores de banana caturra não está assim tão longe.
Pesquisadores da Universidade Tecnológica de Queensland, na Austrália, descobriram que um determinado gene, retirado de outras espécies de bananas específicas dessa região, é capaz de incorporar-se às estruturas da caturra e torná-la imune ao fungo.
Dessa forma, já é possível produzir uma variedade híbrida altamente resistente ao TR4 por um tempo determinado – geralmente de 36 meses.
Essa seria, verdadeiramente, a “salvação da lavoura”, que permitiria a produção de uma subespécie da caturra, porém com exatamente as mesmas propriedades, e com a vantagem de ser totalmente imune ao fungo.
Um verdadeiro alento para milhares de produtores que se veem às voltas com mais esse transtorno. Um transtorno que, na verdade, junta-se a vários outros, que desafiam os produtores diariamente, nesse intrincado, exigente e arriscado universo da produção agrícola.
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