Foi no ano de 708 que ocorreu o primeiro registro documentado de erupção do vulcão Sakurajima, no Japão. E desde esse ano na história, o vulcão não parou mais inativo por muito tempo. Você sabia que aquilo que hoje é parte da península de Osumi era uma ilha isolada antigamente? Sakurajima produziu uma erupção em 1914 cujo fluxo de lava foi tanto que espalhou-se pela água e endureceu, unindo as duas regiões.
A Última Grande Erupção
A última mais poderosa erupção de um vulcão em todo o território japonês do século 20 ocorreu no vulcão Sakurajima logo no início do ano de 1914, depois de mais de 100 anos basicamente adormecido. Sorte dos habitantes locais que ocorreram diversos tremores de terra antes da erupção, alertando para a necessidade de evacuação. Quando a explosão enfim aconteceu, foi uma erupção efusiva com imensas colunas de cinzas e fluxos piroclásticos, matando pelo menos 35 pessoas.
Não é comum fluxos de lava tão abundantes no Japão, mas este aconteceu no Sakurajima. Tão intenso que transbordou abundante no estreito entre a ilha e o continente. E foi assim durante muitas semanas, meses, ocupando tudo a sua volta, encobrindo muitas ilhas menores que exisitiam no seu entorno e entupindo tanto o canal ístmo que existia na baía de Kagoshima que acabou se conectando a terra do outro lado e deixando de ser ilha. A baía de Kagoshima acabou completamente alterada em sua profundidade e ritmo de maré por conta dessa invasão catastrófica do Sakurajima.
A outrora ilha de Sakura que possuía o vulcão deixou de existir e transformou-se em uma península de Kagoshima. Deduz-se que cerca de 10 bilhões de toneladas de lava fluíram do vulcão. E isso e os recorrentes terremotos, somados às cinzas vulcânicas que se espalharam por toda a região ocasionou dezenas de mortes, muitas em consequência do desespero e tentativa de fuga dos que não evacuaram em tempo. Kagoshima teve um prejuízo estimado em cerca de US$ 40.000 dólares americanos na época. Muitas casas foram destruídas em consequência dos tremores de terra provocados pelo vulcão.
Um Vulcão Inquieto
Antes de 1914, o vulcão Sakurajima havia entrado em erupção apenas em 1779. Depois da catástrofe de 1914, porém, parou um pouco até 1955 e desde então nunca mais aquietou. Cospe lavas e cinzas quase que todos os dias, com raras pausas. Há suspeitas são que suas explosão em 1914 resultou em uma abertura como um tubo ligado direto em sua veia vulcânica profunda no subterrâneo da crosta terrestre, em constante fluxo de magma, como uma torneira com vazamento.
Nos últimos 50 anos, o vulcão Sakurajima desprendeu atividades eruptivas cerca de 200 vezes por ano. E muitas dessas lançando cinzas por quilômetros. Nuvens de cinzas ocorrem cerca de 150 vezes por ano e cobrem as regiões vizinhas como Kagoshima com uma média de 10 centímetro de pó de cinza. É comum ver os habitantes dessas cidades transitando com guarda chuvas para se proteger da sujeira delas nas roupas e no corpo. Crianças em idade escolar são exortadas a usarem capacetes nos períodos de alerta.
Foi a partir de 1960 que sentiu-se a necessidade de monitorar o Sakurajima constantemente, visto que sua circunvizinhança é densamente povoada, ultrapassando os 800 mil incluindo Kagoshima e outras províncias próximas. Muitos tem se retirado da região em função dos constantes prejuízos principalmente agrícolas provocados pelo vulcão ativo, mudando-se para Osumi, outros lugares no Japão ou até mesmo fora do país. Quem fica são regularmente convocados para treinamentos de evacuação, e conscientizados dos diversos abrigos construídos e espalhados pela região, para onde correrem em busca de proteção em caso de chuva ou avalanche de detritos vulcãnicos do Sakurajima.
Últimas Atividades
O vulcão Sakurajima apresentou pequenas erupção milhares de vezes nos últimos dez anos, ocasionalmente irrompendo em explosões de gás e lançando cinzas por quilômetros. Uma dessas ocasionais emissões mais fortes foi rotulada como a 500ª explosão eruptiva do Sakurajima em 2013 e assim tem sido desde então, hora impressionando por seu espetáculo de força natural, hora assustando os locais quando precisam sair de suas casas ou sentem os prejuízos resultantes.
Erupções do Sakurajima em 2015 e 2016 chegaram a aumentar o seu nível de alerta para 4, obrigando dezenas de moradores de Kagoshima e outras proximidades como Kyushu a evacuarem e irem para abrigos. Colunas de cinzas vulcãnicas em 2013,2015, 2016 e também nesse ano, em 2018, foram expelidas por mais de 4.000 metros pelo Sakurajima, muitas com atividades explosivas em seu interior.
O nível 4 de alerta é o mais alto de todos os tempos para Sakurajima desde que o atual sistema de alerta vulcânico foi lançado em 2007. Em Kagoshima, a apaenas cinco quilômetros de distância do Sakurajima, os moradores já são alertados a evacuar a partir do nível 3 e a entrada na área da montanha passa a ser restrita.
O Sakurajima Preocupa
Existem inúmeros vulcões ativos no Japão, que ficam no chamado ‘Anel de Fogo’. No país, uma grande proporção dos terremotos e erupções do mundo é registrada.
Mas o Sakurajima em particular está se comportando de forma incomum, descobriu uma nova pesquisa, com o aumento de magma mais rápido do que o esperado. E a “crescente ameaça” deste magma pode causar a repetição de uma erupção mortal como a de 1914 que matou 58 pessoas.
Cientistas descobriram que a construção de magma sob a caldeira de Aira, afetada pelo vulcão Sakurajima, pode ameaçar Kagoshima, conhecida como a “Nápoles do mundo oriental” e seus 600 mil habitantes. A equipe analisou a deformação da superfície dentro e ao redor da caldeira e do vulcão para caracterizar as condições de suprimento de magma e como elas podem ser usadas para previsão de erupção e avaliação de perigos.
A formação de magma pode fazer o vulcão repetir sua erupção mortal de 1914, que causou inundações generalizadas na cidade vizinha de Kagoshima. O Monte Sakurajima é um vulcão com mais de 1.000 metros. A caldeira de Aira é uma grande cratera submersa na parte sul de Kyushu, no Japão, causada pela explosão violenta e subseqüente colapso do enorme reservatório de magma do Sakurajima.
O crescimento da área de armazenamento de magma tem alimentado o vulcão Sakurajima, localizado na borda sul da caldeira. Em 1914, a erupção explosiva ocorrida causou uma diminuição no solo devido à retirada do magma do subsolo. A quantidade de magma existente na época era de uma vez e meia o volume do estádio de Wembley, comparativamente.
Desta vez, porém, as descobertas científicas mostram que o magma está sendo fornecido ao sistema em um ritmo mais rápido do que o do vulcão Sakurajima em 1914, fazendo com que o solo inche à medida que o reservatório do magma se expande abaixo da superfície. Os pesquisadores dizem que um volume de 14 milhões de metros cúbicos é fornecido a cada ano, o que equivale a cerca de três vezes e meia o volume do estádio de Wembley. E o acúmulo “excessivo” de magma pode indicar que há um potencial crescente de uma erupção maior.