O urubu-de-cabeça-vermelha é uma ave pertencente à ordem Cathartiforme e à família Cathartidae. O seu nome científico é Cathartes aura, do grego Kathartes (Limpador) e aura ou aurouá (Urubu – para as antigas tribos mexicanas).
Essa ave costuma medir entre 60 e 80 cm, pesar entre 800 g e 1,9 kg e ter uma envergadura de até 1,84 m – nesse último caso, quando estão abertas, as suas asas formam um inconfundível desenho em “V”.
Sobre essa disposição das suas asas, o que os especialistas concluíram é que ela permite o voo, tanto em grandes como em pequenas altitudes – não sendo raro observar exemplares de urubus-de-cabeça-vermelha planando a 2 ou 3 metros do solo com a mesma desenvoltura que possuem na imensidão dos céus.
É interessante poder contemplar essa espécie em pleno voo, com as suas asas imóveis e rígidas, como se servissem apenas para fins de equilíbrio, enquanto o seu corpo movimenta-se lateralmente, dando a nítida impressão de que a ave está em queda livre, quando, ao contrário, mantém-se digna e confiantemente no ar.
Chama também a atenção o contraste entre a cor do seu corpo e das suas asas. Enquanto aquele possui uma cor predominantemente preta, as penas das suas asas, por sua vez, apresentam-se com uma cor cinza-escuro – a sua cor característica na infância e juventude, e que sobrevive apenas na plumagem das asas.
Os Hábitos Alimentares do Urubu-de-Cabeça-Vermelha
O urubu-de-cabeça-vermelha alimenta-se, basicamente, de material em decomposição – a popular “carniça” –, que ele descobre graças a uma capacidade olfativa única entre as aves, e que lhe permite identificar esse alimento a quilômetros de distância – e ainda ser o primeiro a chegar até o local.
Mas, diferentemente do que se imagina, ele nem sempre tem a primazia da caça; na verdade, eles precisam ser rápidos, já que logo logo a presa será disputada, com avidez, com outras espécies saprófagas (que se alimentam de restos em decomposição), como os abutres e as hienas, por exemplo, que são competidores à altura pela posse desse tipo de refeição.
Já os filhotes alimentam-se com os restos regurgitados pelos seus pais, ao passo que são vigiados de perto contra possíveis predadores.
Sobre os seus filhotes, o que se sabe é que eles nascem a partir de ovos que são depositados em um trecho do solo onde haja vegetação suficiente para protegê-los desse assédio.
E são geralmente 2 ou 3, que serão incubados em no máximo 40 dias, até que os filhotinhos estejam aptos a correr para vida, geralmente a partir de 2 meses e meio de vida.
Quanto às suas preferências alimentares, essa espécie é bastante eclética e democrática – não há variedade de mamíferos que eles recusem, especialmente se não estiverem em estado muito avançado de decomposição.
Mas, a depender da necessidade, até mesmo restos de matéria orgânica em lixões, peixes, crustáceos e demais frutos do mar em decomposição, aves e pequenos vertebrados que estejam agonizando, frutas apodrecidas, entre outras iguarias semelhantes, podem muito bem fazer parte do seu cardápio
Essas são situações de exceção, obviamente – como espécies de “armas secretas” na luta pela sobrevivência dos urubus-de cabeça-vermelha. Um animal que, curiosamente, quase ocupa o topo da cadeia alimentar (posição daqueles que não possuem predadores naturais).
E devemos dizer “quase” porque, de acordo com os especialistas, algumas variedades de cobras – especialmente as sucuris – podem ser os seus grandes predadores.
As Principais Características Dessa Espécie
Tudo bem que não existem tantos indivíduos assim interessados em adotá-los como animais de estimação, porém não custa ressaltar o fato de que os urubus-de-cabeça-vermelha são considerados animais silvestres. Por isso não podem ser criados em cativeiro sem uma autorização expressa do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio e Ambiente e dos Recursos Naturais)
Uma outra curiosidade sobre essa espécie, é que ela costuma vencer quase todas as disputas acerca dos animais considerados os mais repulsivos da natureza; e, inclusive, são mais lembrados do que os gambás, quando o assunto são animais que exalam mau cheiro.
Os urubus-de-cabeça-vermelha não emitem sons e são desconfiados com relação a outras espécies. Quando algum animal morre nas cercanias, costumam ser os primeiros a descobri-los e a chegar até o local.
No entanto, são capazes de permanecer até 1 hora esperando até certificar-se de que não terão que disputar a refeição com nenhum rival – um tipo de disputa que eles simplesmente não costumam apreciar.
Com relação ao seu parente mais próximo – o urubu-de-cabeça-preta –, eles são mais elegantes, possuem uma maior envergadura e diferenciam-se pelo tom mais acinzentado das suas penas (facilmente identificável quando estão voando).
Além disso, possuem uma cauda maior, mantêm as asas levemente erguidas durante o voo, mudam de direção mais rapidamente no ar, entre outras características que os diferenciam.
Os urubus-de-cabeça-vermelha podem ser vistos planando sobre os picos de morros e regiões altas. Eles apreciam as grandes alturas, adoram sobrevoar o topo de grandes montanhas, montes e vulcões inativos.
Eles também cultivam um hábito, bastante característico, de tomar um belo banho de sol – geralmente em grupo. E não são nem um pouco agressivos, apesar da sua aparência, que costuma passar uma má impressão.
O Habitat do Urubu-de-Cabeça-Vermelha
Essa espécie é típica do continente americano, especialmente da região sul do Canadá, em províncias como Ontário, Ilha do Príncipe Eduardo, Quebec e Saskatchewan.
Mas também pode ser encontrada com facilidade em quase todos os países da América do Sul, onde costumam planar, silenciosamente, por sobre as florestas abertas, topos de montanhas e de vulcões, bordas de florestas, pastagens, lavouras, entre outras vegetações semelhantes.
Entre os meses de julho e novembro realizam grandes migrações dentro do continente americano (em bandos ou com alguns indivíduos) em busca de alimentos, para fugirem do frio excessivo, ou mesmo por questões ligadas às suas constituições biológicas.
Os urubus-de-cabeça-vermelha podem sobrevoar as regiões úmidas do norte do Brasil, trechos áridos do litoral peruano, as lavouras de café de Honduras, além de florestas abertas, campos, savanas, cerrados, e até mesmo os grandes centros urbanos podem ser o destino dessas espécies durante a saga da migração.
Elas sentem-se em casa em grandes extensões abertas, cercadas por cadeias de montanhas e com uma boa variedade de espécies do reino animal que possa lhes servir de alimento.
Com as asas completamente imóveis, elas planam de um jeito único sobre grandes extensões de terra, até que as suas asas cansadas exijam um repouso.
E esse repouso acaba formando um quadro dos mais característicos da natureza, com 20, 30 ou até 40 indivíduos descansando, distraidamente, sob o sol de alguma colina ou montanha; enquanto à noite um outro grupo descansa nas árvores de alguma mata ciliar, de restinga ou mesmo em vegetações de caatinga – como é tão característico nas aves de rapina.
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