A Lycalopex vetulus, ou simplesmente raposa-do-campo, ou ainda jaguapitanga, cachorro-de-dentes-pequenos, raposa-brasileira, raposinha-do-campo, entre outras denominações, é o que podemos chamar de “um símbolo do Cerrado Brasileiro.
A raposa-do-campo tem como principal característica distribuir-se por um bom trecho da região Centro-Oeste do país, onde inúmeras fotos de satélites mostram a sua ocorrência como um animal endêmico.
Investigações recentes apontam que ela também pode ser encontrada em determinadas regiões de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Ceará e também no Tocantins, como uma típica representante dessa imensa família Canidae, que abriga cerca de 35 espécies, entre variedades de cães, lobos, chacais, coiotes, hienas e, obviamente, a pequena e esperta raposinha-do-campo.
Características Reveladas em Fotos e Estudos Sobre as Raposas-do-Campo
A raposa-do-campo costuma surpreender à primeira vista, tais são as suas características de um animalzinho extremamente frágil e aparentemente indefeso.
O seu comprimento não ultrapassam os 70cm, no entanto, existem espécies que conseguem medir bem menos – não mais do que 48cm.
O tamanho da cauda ajuda um pouco a melhorar a imagem dessas raposinhas, pois em alguns indivíduos ela pode atingir até os impressionantes 37cm.
Já o seu peso varia entre 2,4 e 4kg; e quanto aos seus hábitos mais simples, o que se sabe é que elas possuem hábitos noturnos (com algumas incursões diurnas), são solitárias e apreciam um bom banquete composto por pequenos pássaros, ovos, insetos, roedores, entre outras espécies de pequeno porte.
As características reprodutivas da raposa-do-campo também foram suficientemente descritas e registradas em fotos. E o que se descobriu é que elas são típicas dessa espécie.
Em primeiro lugar ela escolhe cuidadosamente um local seguro em uma gruta, toca desabitada, buraco abandonado de formigas ou cupins, e, após a gestação, dá à luz cerca de 4 filhotes, os quais cuida com uma ferocidade que não condiz em nada com o seu pequenino tamanho.
Elas possuem uma pelagem entre o cinza e o cinza-escuro, ventre em um tom mais claro, uma cauda longa (com uma singular coloração negra na ponta), são pequenas, rápidas, astutas e com sentidos que costumam humilhar até mesmo os seres humanos que se gabam de serem os mais bem equipados biologicamente – sua audição, visão e olfato, perto das dos humanos, são simplesmente incomparáveis.
Diretamente do Cerrado Brasileiro e de florestas abertas da Bahia, Ceará e Piauí, além dos campos e Florestas de Araucária de São Paulo, as raposinhas-do-campo surgem, como um dos menores canídeos da natureza, e também como uma das espécies mais ameaçadas de extinção no país.
Os Hábitos da Raposa-do-Campo
As raposas-do-campo têm como uma das suas principais características o fato de serem espécies tipicamente brasileiras e endêmicas do planalto central do Brasil, como revelam inúmeras fotos tiradas por especialistas.
Lá elas percorrem, distraidamente, as imensas savanas, campos e cerrados; saltam aqui e ali por entre alguns trechos de lavouras, pastos e áreas agrícolas – locais onde costumam ser alvos de fotos e de assédios dos mais variados possíveis.
Muitas até podem habituar-se facilmente às florestas, desde que não sejam densas ou úmidas, pois a sua preferência mesmo é por grandes planícies, pouco arborizadas e secas, por onde elas circulam – geralmente à noite – e demarcam território com as suas urinas e fezes.
Essas raposas não deixam escapar nem mesmo insetos como gafanhotos, cupins, louva-a-deus, besouros e escaravelhos. Elas simplesmente os perseguem – geralmente sozinhas ou no máximo em 2 ou 3 indivíduos – lançando mão de ferramentas que nunca as abandonam, como uma visão, audição e olfato apuradíssimos, e que, na natureza, podem fazer toda a diferença entre a vida e morte de um indivíduo.
Mas talvez o mais curioso sobre as raposinhas-do-campo seja o fato de que, diferentemente do que se imagina (e do que a sua fama nos leva crer), elas não possuem o hábito de alimentar-de galinhas.Diversas análises com os seus excrementos (e com o estômago de exemplares mortos) constataram que elas não possuem essa preferência – o que configura-se como uma grata novidade, em se tratando do verdadeiro flagelo para as criações de galinhas que outras espécies do gênero representam.
Com relação à gestação, elas costuma dar à luz entre 3 e 4 filhotes, em reproduções anuais, geralmente no período de inverno.
Esses filhotes nascem com os olhos fechados, pesam não mais do que 100g e permanecem sob os cuidados da mãe por até 120 dias, até que, por volta dos 9 meses, comecem a sair para a vida.
Uma Espécie em Grave Risco de Extinção
Outra curiosidade sobre as raposinhas-do-campo é que, mesmo sem serem chamativas – ou sequer popular entre as espécies de canídeos -, elas já possuem a “honra” de figurar na lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.
O avanço do progresso, a sede por desmatamento, a introdução de novas espécies em seus habitats naturais, o desaparecimento das suas principais presas ou mesmo os equívocos de quem as mata pelo simples fato de serem raposas, vem contribuindo para aos poucos fazer desaparecer uma das espécies símbolos do Cerrado Brasileiro.
É justamente a característica da raposa-do-campo de ser uma espécie endêmica do Cerrado, ou seja, que só existe no Brasil, que faz com que a sua possível extinção seja ainda mais dramática.
O que a maioria dos especialistas afirmam é que o desconhecimento sobre as suas principais características é que as torna tão vulneráveis, já que, como uma boa representante desse gênero Vulpes, possui hábitos alimentares e necessidades bastante abrangentes.
Felizmente, já existem iniciativas e projetos com o objetivo de ao menos minimizar os riscos de extinção das raposinhas-do-campo, como o Programa de Conservação de Mamíferos do Cerrado, por exemplo.
Com relação a elas, uma equipe de especialistas já se incumbiu de equipar vários indivíduos com coleiras de identificação, pulseiras radiotransmissoras, armadilhas com disparos de fotos, entre outros equipamentos.
Por meio de fotos e de outras ferramentas, eles serão inteirados sobre, por exemplo, as principais características das raposas-do-campo, os seus hábitos alimentares, interação com as outras espécies, posição na Cadeia Alimentar, relação raposa x homem, entre outras informações, cujo objetivo é evitar, ao máximo, que se produza mais transtornos que comprometam a sua existência no Cerrado.
Elas também foram selecionadas para participar do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Canídeos Brasileiros (PAN Canídeos). E de acordo com pesquisadores do Centro Nacional para a Pesquisa e Conservação dos Mamíferos Carnívoros (CENAC/ICMBio), o objetivo do programa não é nada modesto.
Ele é de simplesmente impedir a extinção de boa parte dos Canídeos que encontram-se nessa situação no Brasil, por meio de estratégias que definam as suas principais características, resguardem os seus habitats naturais e contenham os autos índices de atropelamento desses animais.
Mas também através do resgate de espécies em situações de risco, a conscientização das pessoas sobre a importância de se preservá-las – especialmente as endêmicas –, entre outras iniciativas.
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