O Leopardo-de-Java (Panthera pardus melas) possui este nome por ser uma subespécie de leopardo que vive somente na ilha de Java, Indonésia, não sendo encontrado em nenhum outro lugar no mundo. Os nativos o chamam de Macan Kumbang e o mesmo foi catalogado pela primeira vez somente no ano de 1809 pelo naturalista e zoologista Georges Cuvier. É considerado um sucessor do seu primo mais próximo, o Tigre-de-Java, que acabou por ser extinto no início dos anos 80.
Por ser uma subespécie exclusiva da Ilha de Java, a maior e mais importante ilha da Indonésia e também a ilha mais populosa do mundo, o Leopardo-de-Java está na lista dos animais com perigo crítico de extinção desde o ano de 2008, estabelecido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Quase 90% do habitat natural do Leopardo-de-Java como o de suas presas foi devastado pela expansão agrária na ilha, que necessitava aumentar sua produção de arroz e outros tipos de alimento para conseguir sanar as necessidades da população local.
Características Gerais do Leopardo-de-Java
Apesar de possuir quase as mesmas características de uma onça pintada brasileira e ser muito semelhante a outras subespécies de leopardos, o Leopardo-de-Java fica atrás dos demais quando se trata em tamanho, peso e musculatura desses felinos. É considerada a menor subespécie de leopardo do mundo com uma média de 90cm a 1,5m de comprimento e 60cm de altura. Seu peso não passa dos 60kg. Essas proporções se devem a sua adaptação na ilha, onde recursos são limitados e, consequentemente, faz com que a absorção de energia seja menor. Portanto, é clara a sua inferioridade estrutural comparada aos demais felinos, mas o seu caráter agressivo e sua agilidade são os mesmos dos demais, sendo capaz de subir uma caça de até 150kg a metros de altura nas árvores.
Inicialmente foram descritos exemplares com uma pelagem castanho escuro com manchas pretas, mas estes animais, em geral, possuem uma pelagem malhada que é o fenótipo dominante comum da espécie. Os que apresentam a pelagem escura possuem um fenótipo recessivo, tornando o Leopardo-de-Java, o único leopardo no mundo a possuir exemplares com pelagem escura.
Sabe-se muito pouco da rotina deste animal, porém, pode-se levar em conta os hábitos da espécie Panthera, que não variam muito. Sendo assim, passam grande parte do dia dormindo e/ou descansando em troncos de árvores, arbustos, para a noite entrarem em ação e caçar.
Alimentação e Reprodução do Leopardo-de-Java
Por possuírem uma agilidade muito grande, esta subespécie é capaz de caçar animais que vivem nos topos das árvores e os animais preferidos de sua dieta são os macacos nativos da ilha de Java. Alguns exemplos são os macacos-cinomolgos, os langures-prateados e os gibões-prateados, que também correm risco de extinção. São animais de pequeno porte, mas muito ágeis em seu habitat, o que torna a caçada do Leopardo-de-Java uma estratégia que muitas vezes não logra êxito. Além de suas caçadas nas alturas, há presas silvestres que tornam a vida do leopardo um pouco menos trabalhosa, como o exemplo dos cervos-latidores e/ou mais arriscada como o porco-montês, também conhecido como javali.
Os Leopardos-de-Java, assim como os de sua espécie em geral, possuem a tendência de serem solitários em grande parte de suas vidas e somente convivem em pequenos grupos ou casais nas épocas de acasalamento. Porém, a média de filhotes que uma fêmea produz é inferior a três filhotes e o acasalamento ocorre somente uma vez por ano, com um tempo de gestação durando cerca de três meses. Estas características acentuam ainda mais a dificuldade de perpetuação desta espécie na ilha de Java, onde antigamente eram predadores prósperos, com comida farta e um vasto território para disseminar suas respectivas proles.
Localização e Risco de Extinção
São encontrados principalmente nas florestas tropicais da ilha de Java, porém, com o avanço da agricultura, o aumento populacional da ilha e também da caça predatória em busca de sua valiosa pele, os Leopardos-de-Java vivem atualmente em uma área 10 vezes menor do que viviam anos atrás. Por conta da redução exponencial do habitat destes animais, a população do campo foi a primeira a entrar em choque com os felinos. Nos primeiros anos, por terem suas caças reduzidas e com o aumento da escassez de alimento para estes predadores, os mesmos começaram a atacar o gado e também os animais de estimação dos fazendeiros, fazendo com que fossem considerados uma praga e, consequentemente, sendo caçados até quase sua extinção.
Hoje em dia, calcula-se que os leopardos da ilha de Java somam cerca de 250 exemplares em fase adulta, outras fontes afirmam que há menos de 100 exemplares em fase madura de reprodução. Devido a sua natureza, os Leopardos-de-Java possuem uma tendência decrescente de reprodução, o que preocupa as autoridades locais e internacionais que lutam para salvar o animal da extinção. Os poucos exemplares que ainda existem, são encontrados em reservas naturais e são protegidos por muitas leis locais que procuram combater a extinção do Leopardo-de-Java, o que para alguns cientistas otimistas, está funcionando. Em contrapartida, suas aparições se tornaram cada vez menos frequentes
Medidas de Conservação
As autoridades locais, junto com órgãos internacionais, buscam formas de não deixar acontecer com o Leopardo-de-Java o mesmo que aconteceu com o Tigre-de-Java décadas atrás. As leis locais são bem rígidas e aplicadas firmemente com relação à caça deste animal, assim como o aval do governo em relação ao aumento das reservas naturais onde os leopardos foram vistos nas suas últimas aparições. Além de tornar mais rígidas as penas aos possíveis caçadores ilegais ou qualquer outro que ponha em risco a vida destes animais ou de suas presas básicas, o governo local investiu em saúde pública para combater o aumento da população com a criação de um plano familiar que viabiliza a distribuição de remédios contraceptivos para acesso público, investindo também na educação sexual. A intenção das autoridades é de que o aumento populacional da ilha seja controlado para que os habitantes não invadam o restante do habitat destes animais que correm grande perigo de extinção.