Falsa coral é o nome de uma cobra alaranjada, com detalhes geralmente em preto e branco, cujo apelido, como não poderia deixar de ser, é uma referência à sua prima mais perigosa: a “coral-verdadeira” — uma das espécies mais venenosas do Brasil.
As quase 50 espécies da família Dipsadidae (corais-falsas), juntamente com as mais de 30 espécies de Elapidae (corais-verdadeiras), caracterizam-se, entre outras coisas, pelos seus inconfundíveis anéis coloridos.
Esses anéis compõem o seu visual, e costumam esconder a diferença de que a falsa não possui veneno (é praticamente inofensiva), enquanto a verdadeira é uma das mais venenosas da fauna brasileira.
Outras espécies como as Aniliidae scytale, Simophis rhinostoma e Rhinobothryum lentiginosum, também são consideradas corais-falsas, no entanto, o seus tons alaranjados são mais discretos — quando não são completamente inexistentes e, no seu lugar, surgem tons de vermelho, rosa-claro ou branco.
De acordo com pesquisadores, o curioso tom alaranjado das cobras corais-falsas é uma forma de, digamos, impor o mesmo respeito das verdadeiras, e, dessa forma, escapar do assédio de alguns dos seus principais predadores.
Porém, visualmente, não é tão difícil assim determinar ambas as espécies, já que são bem mais vivas as cores na coral-verdadeira, enquanto na coral-falsa há variações, muitas vezes, irregulares, não-padronizadas, ou até mesmo inexistem esses anéis.
Mas outro fator determinante para essa dificuldade de se distinguir as corais verdadeiras das falsas, é simplesmente o fato de que, no Brasil, um verdadeiro exército de mais de 50 espécies de cobras adquiriram o mesmo nome, além desse tom alaranjado.
Logo, o que se recomenda é não arriscar! E, na dúvida, manter uma distância bastante confortável do seu raio de ação.
Cacacterísticas da Falsa-Coral
Como vimos acima, o nome falsa-coral remete a uma espécie de cobras alaranjadas, inofensivas e não-peçonhentas. Por isso mesmo, o mais comum é que elas fujam sempre que se deparam com seres humanos, diferentemente da sua prima mais famosa que, logo após armar um terrível bote, parte para o ataque.
É uma espécie que não atinge mais que 80cm, possui um corpo cilíndrico, cabeça proporcional ao resto do corpo, olhos pequenos e, apesar de não poder expelir veneno, possui glândulas com substâncias venenosas em seu interior.
A sua dentição geralmente possui uma estrutura áglifa (sem presas com canalículos inoculadores de veneno), no entanto, há um pequeno número dessas espécies que, mesmo não sendo peçonhentas, possuem uma estrutura opistóglifas, ou seja, com canais semelhantes a agulhas de seringas nas presas, por onde saem a terrível substância.
De qualquer forma, o simples fato de serem difíceis de diferenciar, deve ser motivo suficiente para duvidar sempre que avistar algumas dessas espécies. Além disso, variedades como a Phalotris, por exemplo, possuem o desagradável hábito de morder; e as suas presas, mesmo não-peçonhentas, podem causar um estrago considerável.
Para completar as suas características, as falsas-corais podem ser definidas como espécies de hábitos diurnos, afeitas ao ambiente terrestre, e com uma característica curiosíssima: um gosto especial por devorar outras espécies de cobras, inclusive parentes próximas, como a muçurana, que costuma ser uma das suas vítimas favoritas.
Hábitos Alimentares da Coral-Falsa
Com relação à sua dieta, a cobra coral enquadra-se na categoria de animais carnívoros. Ela costuma dar preferência a ratos (na verdade realiza um verdadeiro extermínio dessa espécie), mas também não abre mão de algumas variedades de lagartos, aves, ovos, e nem mesmo outras cobras escapam do seu apetite insaciável.
Em sua rotina alimentar, elas costumam saciar-se com apenas 1 rato de tamanho médio (a cada 7 dias), enquanto as de maior porte permanecem satisfeitas até 10 dias com uma refeição maior.
A exceção fica por conta das corais jovens, cujas necessidades alimentares são bem maiores, e por isso podem requerer um espaço de não mais que 4 dias entre uma refeição e outra.
Por ser um animal ovíparo, reproduz-se através da postura de ovos, que geralmente eclodem em 60 dias, para dar origem entre 6 e 14 filhotes a cada ninhada.
A cobra coral-falsa tem esse nome devido à sua cor alaranjada, composta por anéis pretos e brancos, como uma espécie de estratagema para torná-las parecidas com as corais-verdadeiras.
Mas não é só nisso que ela costuma imitar as suas parentes peçonhentas. Quando são ameaçadas, costumam açoitar o solo com a cauda, achatar consideravelmente o ventre sobre o mesmo, enrodilhar-se em volta do seu próprio corpo, entre outras práticas típicas da coral verdadeira, e que contribuem, ainda mais, para dificultar a sua diferenciação.
No entanto, tudo isso não passa de uma simples encenação, que no final termina em fuga — como afinal faz um típico exemplar de uma espécie não peçonhenta.
Como Distinguir uma Coral-Falsa de uma Verdadeira?
- Ao observar os olhos de ambas as espécies, percebe-se que a coral-verdadeira possui olhos bem maiores, enquanto a falsa os possui pequenos e apertados;
- A forma como se distribui a cor alaranjada desse tipo de cobra diz muito sobre os seus nomes. Enquanto a falsa não possui coloração em seu ventre, a verdadeira possui um tom mais avermelhado, e em toda a sua estrutura;
- Apesar de algumas espécies possuírem o hábito de armar um “bote”, elas preferem fugir, ao invés de atacar como as corais-verdadeiras;
- O tamanho também não deixa dúvidas quanto às duas espécies. A verdadeira é bem mais avantajada fisicamente do que a falsa;
- Outra forma de determinar se se trata de uma coral-falsa, é observar a sua cabeça. Caso ela seja praticamente uma continuação do seu corpo, podemos afirmar que trata-se de uma coral-falsa. Caso seja triangular e achatada, temos aí um típico exemplar de uma coral-verdadeira.
Outras Variedades de Corais-Falsas
A natureza foi bastante generosa (e de certa forma cuidadosa) ao nos ofertar com um número bem maior de cobras-corais falsas do que verdadeiras.
São quase 50 espécies de corais não-peçonhentas (20 a mais do que as corais verdadeiras), com as mais diferentes características físicas e biológicas.
Algumas das principais são: Anilius scytale, Apostolepis albicolaris, Apostolepis ammodites, Atractus latifrons, Atractus latifrons, Clelia clelia (Muçurana jovem), Drepanoides anomalus, Pseudoboa coronata, entre outras.
A maioria destas fazem parte dos gêneros Oxyrhopus melanogenys, muito comum na região norte do país (especialmente na Amazônia). Mas também do Oxyrhopus guibei, típico da região nordeste, e da O. Trigeminus, que espalha-se por outras regiões do país.
São espécies que podem facilmente atingir entre 75cm e 1m de comprimento, são inofensivas, não-venenosas e possuem o corpo alaranjado (com anéis pretos e brancos).
Ainda caracterizam-se pelos seus hábitos noturnos, preferem ambientes terrestres, alimentam-se de ratos (basicamente), não possuem coloração em seu ventre, são bem menores do que as verdadeiras, entre outras características bastante particulares.
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