Hoje os elefantes resumem-se em três espécies no mundo todo: o elefante indiano (Elephas maximus) e duas espécies de elefantes africanos (Loxodonta africana, da savana, e Loxodonta cyclotis, que vive nas florestas). Os elefantes pertencem a família Elephantidae, e assim como eles, também faziam parte dela os mamutes (Mammuthus sp.) , mas hoje esses animais encontram-se extintos.
Acredita-se que todos eles surgiram no continente africano, que é onde também ocorreu sua maior diversificação. Estes animais pertencem a ordem Proboscidea e são comumente chamados de Proboscídeos (mamíferos ancestrais com tromba). Entre as suas principais características se destacam a tromba e as enormes presas, que se originaram pelo desenvolvimento dos dentes incisivos.
Linhagem Que Deu Origem aos Elefantes
Com recentes análises genéticas e a descoberta do grupo ou superordem Afrotheria, viu-se que esses mamíferos compartilham relações históricas com os peixes-boi (Sirênios), hiracóides (Hyracoidea), topeiras-douradas (Chrysochloridae), tenrecos (Afrosoricida), musaranhos elefantes (Macroscelidaea) e porco-formigueiro (Tubulidentata). A linhagem ancestral desses animais surgiu a mais de 105 milhões de anos.
A linhagem, que deu origem aos elefantes, hiracóides e peixes-boi surgiu a 60 milhões de anos e a que diferencia os elefantes e peixes-boi são 55 milhões de anos. O outro grupo, com o restante dos animais, se destrinchou em linhagens distintas a 75 e 70 milhões de anos atrás.
O que se sabe de acordo com a análise dos fósseis é que o primeiro proboscídeo que se tem conhecimento surgiu há mais de 45 milhões de anos na África. Segundo a revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o ancestral mais antigo dos elefantes tinha hábitos aquáticos. O nome dele era Moeritherium, animal que viveu durante o Eoceno (56-34 m) e segundo estudos parece ser o antepassado comum de todos os proboscídeos que existem e que já tenham existido no mundo. Ele era completamente herbívoro, tinha o tamanho de um porco grande e passava a maior parte do tempo na água. Ele tinha orelhas pequenas, presas proeminentes e um pequeno tronco. Não há certeza se este animal possuía tromba, embora possua pequenos vestígios de uma “tromba” semelhante as que são vistas nas antas.
Ordem Proboscidea e Evolução dos Elefantes
Esta ordem apresenta duas subordens: Mammutida, composta principalmente pela família Mammutidae dos mastodontes do gênero Mammut e Zygolophodon; e a subordem Elephantidae que é composta pelas famílias: Elephantidae e Gomphotheriidae. Porém até chegar a essa “formação” houve muitas mudanças evolutivas no caminho.Retornando milhares de anos atrás, mais precisamente no Oligoceno, houve o registro do Palaeomastodon, que diferente do Moeritherium já apresentava características mais semelhantes a um elefante, como: presas, em vez de incisivos modificados alongados e curvados para baixo; o tronco mais alongado e de tamanho maior, medindo cerca de 2 metros de altura. Milhares de anos depois, durante o mioceno viveu o Platybelodon. Ele foi um pouco menor do que os elefantes asiáticos de hoje, tinha as presas inclinadas para trás, orelhas médias e o mais interessante eram os seus gigantescos incisivos maxilares. Acredita-se que esta adaptação anatômica lhe permitiu comer melhor plantas aquáticas.
Após o término do Eoceno e início do Oligoceno o comportamento terrestre foi imposto aos grupos dos primitivos proboscídeos. De uma linhagem terrestre surgem então os Gomphotherium e Deinotherium, mais precisamente no final do Mioceno, eles ganham uma anatomia característica a dos elefantídeos. Por outro lado, uma linhagem manteve comportamentos semelhantes ao de seus ancestrais e ao longo de milhões de anos deu origem aos manatis, peixes-boi, vacas marinha, dugongos e assim por diante.
O grupo Gomphotherium era similar aos atuais elefantes africanos, mas ainda tinha um longo maxilar inferior, embora não tanto quanto o Platybelodon. Os Deinotherium representam exatamente a transição dos ancestrais dos proboscídeos semelhantes aos dugongos (ordem de mamíferos marinhos que inclui o peixe-boi ou vaca marinha) para os proboscídeos propriamente ditos. Eles não tinham as presas superiores desenvolvidas, somente as inferiores e elas eram projetadas para baixo. Ele foi um parente dos elefantes atuais que viveu da metade do mioceno até grande parte do pleistoceno e foram contemporâneos dos australopitecíneos. Eles mediam cerca de 3,5 a 4 metros de altura. Acredita-se que suas presas eram usadas para arrancar casca dos troncos de árvores, que junto a folhas constituíam sua dieta. Os paleontólogos estimam que ele atingisse uma massa corporal por volta de 14 toneladas.
Parentes Recentes dos Elefantes
Mais recentemente podemos citar os mamutes e mastodontes que também fazem parte da linhagem dos elefantes. Atualmente um grupo internacional de cientistas conseguiu decifrar 70% do genoma do mamute peludo (Mammuthus primigenius) e a tendência agora é recriá-lo. Isso só pode ser obtido graças a avanços recentes nas técnicas de leitura de DNA. As amostras de DNA de mamute estavam fortemente degradadas, mas foram obtidas do pelo de indivíduos que morreram cerca de 20 mil anos atrás e foram preservados no gelo. Embora o mamute tenha sido mais evidenciado para o mundo nos últimos 12 mil anos, sabe-se que a linhagem que deu sua origem iniciou-se a mais de 30 milhões de anos, fruto dos Paleomastodontes de mais de 34 milhões de anos.
Os mastodontes e mamutes sobreviveram até pouco tempo atrás, cerca de 12 mil anos, quando desapareceram sob motivos que ainda não se sabe muito. Mas devido sua morte “recente” ainda é possível encontrar animais perfeitamente conservados, principalmente devido o congelamento.
Ainda são poucas as informações referentes a evolução e origem dos proboscídeos. Isso porque o registro fóssil ainda é bastante escasso principalmente no que se refere aos ancestrais afrotérios (mamíferos placentários) e aos ancestrais dos elefantes. Ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas.O que se sabe é que a transição Eoceno/Oligoceno foi um momento decisivo na evolução dessses animais, uma vez que o ambiente terrestre proporcionou um nicho extremamente novo a ser conquistado pelos sobreviventes desse período.