Nos países em desenvolvimento, a mandioca tem sido um dos alimentos mais importantes no que diz respeito ao consumo de carboidrato. São milhões de pessoas que a consomem – no Brasil, cerca de 23 milhões de pessoas –. Consequentemente, é também um produto de grande importância econômica para o país.
Sendo um dos maiores produtores mundiais de mandioca, com cerca de dois milhões de hectares, produzindo 23 milhões de toneladas de raízes frescas de mandioca, o Brasil domina esse mercado.
A região Nordeste é um caso a parte, pois é caracterizado pelo sistema de policultivo, quer dizer, na época do plantio, vários outros produtos, como feijão, milho e amendoim, que são de curto período de plantio estão à frente, devido a esse fato.
O policultivo de período curto e a demanda de amido de mandioca (fécula) têm crescido de forma substancial, principalmente pelo setor industrial, a exemplo da utilização de fécula na mistura de farinha de trigo (que serve para a fabricação de pão), o que representa uma redução substancial da importação do produto pelo país, economizando, dessa forma, milhões de dólares.
Originária do continente americano, proveniente do Brasil, a mandioca Manohot esculenta Crantz, já era cultivada pelos índios, por ocasião da descoberta do país. Essa espécie de mandioca trata-se de uma planta que tem um tempo de vida infinito. Pertence à família das Euforbáceas, tem a raiz como parte mais importante da planta, pois mostra-se rica em fécula que é utilizada na alimentação e também como matéria prima na diversificação industrial.
Mesmo estando ainda em fase de teste, a variedade de mandioca BRS Kiriris conta com boa produtividade e adaptação.
Duas variedades de mandioca cedidas fizeram parte de um dos testes realizados pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a BRS Gema e a BRS Kiriris. Na primeira avaliação, o resultado da Kiriris foi superior ao das demais variedades testadas do local, tais como, a Carioquinha e a Casca Rosa.
Cuidados no cultivo
O controle da multiplicação da rama com a variedade Kiriris, uma das mais produtivas, pede cuidados especiais, justamente pela rapidez da multiplicação. A EMBRAPA está cadastrando novos produtores para receber a maniva da variedade Kiriris para experimentar o plantio em diversas cidades do Rio de Janeiro.
Nessa fase, um dos principais cuidados é coletar as manivas quando os produtores já tiverem preparado a área de plantio para um menor intervalo entre a sua coleta e o novo plantio.
Outro cuidado importante está na limpeza da área através da capinagem. Com relação às pragas, sendo a lagarta a pior entre todas, pois ela costuma comer os ponteiros, obrigando um novo plantio e atrasando a colheita.
No Rio de Janeiro, o que causou espanto foi a ausência da necessidade de produtos inseticida para o controle das pregas e ainda, a facilidade de adaptação mostrada pela espécie Kiriris.
O plantio de mais de uma espécie de variedade é bem mais interessante, sendo que a Carioquinha e a Casca Rosa devem ser plantadas junto com a Kiriris, pois essas variedades tem duplo proveito, ambas servem como mandioca de mesa, como para a produção de farinha.
De acordo com pesquisadores, a produção da variedade é de baixo custo. Um bom exemplo da prática, por exemplo, pode ser dado com a Kiriris, que produziu cerca de 30% a mais para o mesmo gasto, envolvendo o preparo da área e a mão de obra. Isso foi possível porque o custo se tornou menor devido à causa da rentabilidade, já que a produtividade foi maior.
Com dois dos testes já aplicados, falta aquele que é fundamental, o chamado teste da panela, pois a kiriris mostrou-se apta aos 7 meses, porém, com 11 meses ela não ficou boa para o cozimento, pois passou do ponto. Com mais de 7 meses ela é considerada boa para a produção de farinha apenas.
Clima e solo
O seu cultivo acontece em regiões de clima tropical e subtropical, e a densidade pluviométrica deve variar entre 600 a 1200 mm de chuvas, com uma temperatura estimada em torno de 25ºC. Abaixo disso prejudica o desenvolvimento da planta, assim como a altitude deve variar em até 1.000 do nível do mar.
Adapta-se facilmente às mais variadas condições de clima e solo. No entanto, os solos com textura média e de boa drenagem, porém, profundos são os mais recomendados. Solos muito arenosos e que se alagam com facilidade e frequentemente devem ser evitados.
Plantio
Havendo umidade suficiente, as variedades espécies de mandioca podem ser plantadas em qualquer época do ano, apesar do seu plantio ser mais favorável nos meses de maio a outubro.
O espaçamento varia de 1 metro a 60 centímetros de distância e devem ser cavadas as covas ma horizontal a uma profundidade de cinco a dez centímetros, quando devem ser cobertos com uma leve camada de terra.
Adubação
Apesar da acidez do solo, a mandioca é capaz de tolerar bem praticamente todas as condições. A adubação orgânica é bem tolerada, assim como a fosfatada. Ambas as formas podem ser utilizadas para o plantio e boa colheita.
Pragas e doenças
As principais pragas são:
- ácaros;
- broca do caule;
- cupins;
- mandarovás;
- mosca branca;
- mosca do broto;
- percevejo de renda;
Quanto às doenças, as mais comuns são:
- Bacteriose;
- Podridão de raiz;
- superbrotamento;
Quando da ocorrência de qualquer alteração no estado fitossanitário, o órgão competente mais próximo deve ser comunicado e consultado.
Colheita e rendimento
A colheita deve ser iniciada de acordo com o ciclo da, através do arranque das raízes. As raízes colhidas serão processadas industrialmente durante as primeiras vinte e quatro horas, do contrário pode comprometer a qualidade do produto.
A produtividade sempre será diferente de acordo com as variedades utilizadas, o espaçamento durante a preparação e plantio, variando entre 15 e 20 toneladas por hectare. O rendimento industrial varia de 25 a 30%, ou seja, uma tonelada de raízes produz cerca de 300 quilos de farinha.
Variedades
O cultivo e a cultura da mandioca pode apresentar uma grande variabilidade genética, o que possibilita um grande número de variedades disponíveis para plantio.
As principais mandiocas cultivadas e recomendadas para a Bahia são:
- Casca Roxa;
- Cidade Rica;
- Cigana;
- Manteiga;
- Maragogipe;
- Saracura.
Produtos
Os produtos das raízes para alimentação humana são a farinha, a fécula, o beiju, e o carimã.
A fécula é bastante utilizada nas indústrias de alimentos como em outras indústrias.
Fonte: EMBRAPA – Empresa Brasileira de Produtos Agropecuários.