Quais as Diferenças Entre O Trigo De Inverno E O De Primavera?
As diferenças entre o trigo de inverno e o trigo de primavera podem ser apontadas na forma como esse vegetal – a espécie Triticum – é cultivado.
Nesse caso, ele deverá ser plantado no início da primavera, para que no ano seguinte, entre os meses de julho e agosto, após passar por um período de temperaturas baixas – necessário para o seu amadurecimento – , possa ser colhido.
Aqui estamos falando de um formidável estratagema da natureza de ordem genética, que exige da planta um período adequado de frio para que não amadureça (ou floresça) precocemente, e dessa forma tenha a sua estrutura prejudicada pelo frio que encontrará fora do tempo adequado.
Mas para que tal procedimento dê resultados, é preciso que o trigo seja exposto a uma temperatura rigorosamente calculada, durante um tempo da mesma forma rigoroso, pois somente assim será possível observar o desenvolvimento ideal do meristema, que são as células iniciais que formarão a planta, e que precisa apresentar um desenvolvimento que garanta a qualidade do vegetal.
Esse processo, também conhecido como “vernalização do trigo”, exige que este seja exposto a temperaturas entre 2°C e 9°C , com uma tolerância mínima entre -1,4°C e -4°C, abaixo das quais o trigo de inverno não se desenvolverá adequadamente.
As pesquisas mais confiáveis dão conta de que acima de 15°C essa vernalização não ocorrerá a contento, o que poderá resultar na perda da produção ou comprometimento da qualidade dos frutos.
Lembrando que o período máximo (e mínimo) de exposição do trigo de inverno a essas temperaturas gira em torno de 45 a 50 dias; desde que sejam observadas determinadas condições que diferenciam o trigo de inverno do trigo de primavera.
Trigo Vermelho Duro de Inverno
O trigo vermelho duro de inverno é uma variedade cultivada no Kansas, um dos 50 estados norte-americanos. E mais que isso: é simplesmente a variedade mais cultivada, correspondendo a quase 40% de toda a produção de trigo dos Estados Unidos, distribuída em quase 24 milhões de hectares.
Essa é a típica espécie cultivada para a produção de pão no país, muito por causa da sua consistência, altos níveis de proteínas e de glúten, além de ser a que melhor se comporta durante o processo de fermentação.
Na verdade o que se diz é que uma das principais diferenças entre o trigo vermelho duro de inverno e o trigo de primavera, é o fato de que o primeiro pode servir como matéria-prima para a produção de qualquer tipo de farinha, desde as variedades integrais, passando pelas brancas, refinadas, semolina, entre outras.
Trigo Vermelho Macio de Inverno
Aqui temos outra variedade típica dos Estados Unidos, mais especificamente da cidade de Chicago. Ela é conhecida como o “Trigo Vermelho de Chicago”, cultivado em cerca de 12 milhões de hectares, na região do rio Mississipi.
Esse tipo caracteriza-se por apresentar baixos teores de glúten e de proteínas, o que resulta na produção de um pão menos consistente.
Uma curiosidade é que, apesar das diferenças entre esse trigo de inverno e o de primavera, é da combinação entre estes que são fabricadas a maioria das variedades de farinha de trigo integral nos Estados Unidos, graças às características que elas acabam adquirindo, como um alto rendimento, boa resposta aos processos de fermentação, entre outras características que um produto comercial deve possuir.
Mas a variedade em si possui baixo teor de proteínas e de glúten; e por isso mesmo é mais utilizada para a confecção de biscoitos, doces, bolos, massas para salgados, entre outras iguarias que não exigem uma consistência de farinha (ou uma capacidade de “liga”) observada em tipos mais ricos em proteínas.
Trigo Comum de Primavera
O trigo de primavera quase não apresenta diferenças em relação ao trigo de inverno, com exceção do fato de que, obviamente, não exige temperaturas tão baixas para a sua floração, comportando-se bem em temperaturas que oscilem entre 8 e 17°C.
A época de semeadura do trigo comum de primavera é, portanto, durante os meses de verão, para uma colheita no meio da primavera, entre julho e agosto.
Já a sua floração costuma ser induzida durante um período de 2 semanas, e ainda de acordo com algumas técnicas de cultivo que precisam ser observadas para a garantia da produtividade.
Trigo Vermelho Duro de Primavera
A variedade típica do trigo de primavera é o “vermelho duro”, ou “trigo de Minneapolis”, produzido na cidade mais importante do estado de Minnesota, Estados Unidos, às margens do lendário Rio Mississipi.
São cerca de 14 milhões de hectares cultivados no país, de uma variedade de trigo famosa por ser a mais rica em proteínas, sendo capaz, inclusive, de ganhar nesse quesito da exuberante variedade “trigo vermelho duro de inverno” – o que não é considerado pouca coisa dentro dessa família.
Na verdade o que se diz é que ambas as variedades se equivalem, inclusive por serem as que se prestam melhor à produção de todos os tipos de farinhas, com as mais variadas consistências e indicações de uso.
Um Alimento Formidável!
O trigo é vida! O homem deve a ele o seu sustento desde tempos imemoriais! Foi o responsável pela manutenção das primeiras civilizações de que se tem notícia, e até hoje figura sempre na lista com as 5 mais importantes lavouras da agricultura mundial.
O astro de um grão de trigo é o seu endosperma. É dele que extrai-se a farinha, por meio de um processo de moagem que quebra essa parte do fruto, enquanto o embrião e a casca são deixados à parte, para a produção de ração para o gado ou outras utilizações na agricultura.
Mas apesar de ser o endosperma, como dissemos, o grande astro do trigo, é no embrião da casca que está toda a sua riqueza nutritiva; onde estão as suas grandes quantidades de vitaminas, proteínas, carboidratos, gorduras e minerais.
Mas se o embrião e o endosperma são os astros, o glúten talvez seja o mais polêmico – apesar de ser a proteína do trigo e o responsável pela qualidade do pão fabricado.
O glúten é acusado de ser um vilão para a saúde, apesar do fato de que somente os indivíduos portadores de doença celíaca podem sofrer com os danos por ele provocados.
Mas, controvérsias à parte, eis aqui um daqueles casos de unanimidade na natureza! Um produto presente na mesa do homem independentemente do seu local de nascimento, cor, credo e classe social. A matéria-prima do “pão da vida”. E a cultura mais envolta em lendas e história dentre todas as que conhecemos.
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