O Sistema Orgânico de Produção Para a Cultura da Banana no Brasil ainda caminha a passos lentos. No entanto, o cultivo da banana pode, sem dúvida, ser considerada um fenômeno aqui por essas bandas.
Com uma produção anual de cerca de 7 milhões de toneladas, o Brasil configura-se como o 4º maior produtor mundial e o maior consumidor da fruta. Só para se ter uma ideia desse potencial, somente em 2016, a cultura da banana rendeu aos cofres públicos nada mais nada menos do que R$ 14 bilhões de reais.
Os estados da Bahia, São Paulo, Ceará, Minas Gerais, Pará e Pernambuco puxam o comboio da produção do fruto, e ajudam a consolidar o número de quase 30 mil trabalhadores empregados no segmento da bananicultura, de acordo com o IBGE.
Mas apesar de tamanha pujança, o consumo (ou mesmo a produção) do fruto orgânico apresenta números ainda bastante insatisfatórios.
Estima-se que não mais do que 3% de toda a produção e consumo de vegetais, no Brasil, sejam orgânicos, enquanto na Europa e Estados Unidos já passam de 26% a demanda por esse tipo de produto.
Os chamados “Acordos de Equivalência do Mercado Internacional de Orgânicos”, segundo um levantamento feito pela Organic Trade Association, foram responsáveis por pelo menos dobrar o consumo de frutas orgânicas em relação a décadas atrás.
No entanto, o Brasil ainda caminha de forma tímida, muito por conta dos preços e da falta da cultura para o consumo desse tipo de produto.
O que é um Sistema Orgânico de Produção?
O sistema orgânico de produção, inclusive para a cultura da banana, está devidamente caracterizado pela Lei nº 10.831/2003
A lei o define como a utilização, por parte do segmento da agropecuária, de todas as técnicas e ferramentas capazes de extrair dos recursos naturais e dos demais segmentos da economia, todo o seu potencial, de forma que nem o meio ambiente ou as comunidades rurais sejam, de alguma forma, afetados negativamente.
Nesse sistema, imperam uso de técnicas sustentáveis, de ferramentas próprias de cada comunidade, energias renováveis e a preocupação com os impactos sociais e ambientais às comunidades no entorno da lavoura.
Além da utilização de processos biológicos e naturais, em detrimento do uso de pesticidas, alterações genéticas e demais processos químicos durante a produção, processamento, armazenamento ou mesmo durante a distribuição dos produtos.
Uma empresa só estará desenvolvendo um sistema orgânico de produção para a cultura da banana, por exemplo, se estiver atendendo às principais normas sanitárias e se rejeitar, ou de alguma forma combater, o trabalho escravo.
Mas também se realizar o descarte adequado dos seus resíduos, e ainda se, comprovadamente, oferecer condições dignas de trabalho para os seus funcionários.
Enfim, ela deverá, basicamente, atender ao parágrafo 1º da Lei 10.831, que diz que:
“A finalidade de um sistema de produção orgânico é”:
“I – a oferta de produtos saudáveis isentos de contaminantes intencionais;
II – a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a recomposição ou incremento da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de produção;
III – incrementar a atividade biológica do solo;
IV – promover um uso saudável do solo, da água e do ar, e reduzir ao mínimo todas as formas de contaminação desses elementos que possam resultar das práticas agrícolas;
V – manter ou incrementar a fertilidade do solo a longo prazo;
VI – a reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o emprego de recursos não-renováveis;
VII – basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas organizados localmente;
VIII – incentivar a integração entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva e de consumo de produtos orgânicos e a regionalização da produção e comércio desses produtos;
IX – manipular os produtos agrícolas com base no uso de métodos de elaboração cuidadosos, com o propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas”.
Sistema Orgânico de Produção Para a Cultura da Banana
O cultivo de vegetais orgânicos possui características bastante específicas. Será necessário, por exemplo, atentar para os tipos de mudas utilizadas, que, comprovadamente, deverão estar isentas de pragas e demais micro-organismos patológicos.
Isso porque estamos falando de uma cultura que deverá abrir mão dos defensivos agrícolas, pesticidas, agrotóxicos, entre outras formas agressivas de combate a pragas.
O terreno onde as bananas deverão ser plantadas precisa ser fértil, rico em matéria orgânica, com boa profundidade e ondulação, além de ser capaz de reter adequadamente a água.
Ele não poderá estar sujeito a ventos muito intensos, deve possuir uma característica argilosa (cerca de 500g/kg de terreno), um Ph equilibrado (entre 4 e 6) e ser rico em macro e micronutrientes.
O próximo passo será o cultivo, propriamente dito, em buracos ou sulcos com dimensões 40cm x 40cm x 40cm, e a consequente adubação do solo com um material orgânico de qualidade.
Como se sabe, as bananeiras, além de possuírem uma considerável massa vegetativa, caracterizam-se por extrair grandes quantidades de nutrientes do solo e por enviá-los (também em grandes quantidades) para todas as partes da planta. Logo, a adubação pode ser considerada uma das fases essenciais dentro de um sistema orgânico de produção.
E esse adubo deverá ser adquirido, preferencialmente, de fontes próprias ou conhecidas; e sempre à base de materiais orgânicos (adubação verde, esterco curtido de galinha, ovinos, bovinos, etc.), fosfato natural, farinha de osso, termofosfato, vermicomposto, compotos orgânicos, entre outros materiais indicados para esse tipo de sistema.
Os Benefícios dos Vegetais Orgânicos
Apesar de ainda não tão populares, os vegetais orgânicos – que são aqueles produzidos, por exemplo, pelo mesmo sistema orgânico de produção para a cultura da banana – costumam ser identificados pelo selo SisOrg ou “Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica”.
Essa marca garante um produto 100% orgânico, produzido em conformidade com as principais regras para produção orgânica de alimentos, e cultivados sem o uso de pesticidas, defensores agrícolas ou agrotóxicos.
Essa característica já configura-se, segundo os seus apreciadores, como um benefício de valor incalculável, e que pode fazer toda a diferença entre a saúde e a doença, e entre a vida e a morte de comunidades inteiras.
Mas se isso não for o suficiente, a baixa produção de resíduos a serem descartados no meio ambiente, graças à utilização de matéria orgânica disponível em currais e florestas; a produção de variedades mais concentradas e ricas em nutrientes; e a eliminação dos riscos provenientes de vegetais contaminados com agrotóxicos, completam os seus benefícios.
E mais: A redução da exploração animal e dos seres humanos durante a produção; o cuidado com questões sanitárias (que nesse tipo de sistema é levado bem mais a sério); o uso racional da água; o incentivo à inovação tecnológica, entre outras vantagens, para os entusiastas desse sistema, são motivos suficientes para fazer dele o futuro da agricultura no mundo.
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