Você sabe qual é o tamanho das áreas cultivadas em várias nações do planeta? Pesquisar esse tipo de informação dependia unicamente das informações fornecidas por cada país, especialmente as estatísticas. Entretanto, a Agência Espacial Norte-Americana (NASA, sigla em inglês) juntamente com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, outra sigla em inglês), resolveu mudar isso.
Em 2017, ambas as instituições publicaram um mapeamento das áreas plantadas de cada planeta, tudo baseado nas informações captadas pelo satélite Landsat 8. Esse estudo preferiu focar apenas nas lavouras existentes e não levou em consideração áreas de plantio florestal e de reflorestamento.
Números Totais
O estudo da NASA apontou que a Terra tem 1,87 bilhão de hectares de áreas de plantio, analisando apenas as lavouras. Como o planeta tinha 7,6 bilhões de pessoas em 2017, cada hectare poderia alimentar quatro pessoas, em média. A qualidade de produção dessas áreas pode variar bastante, pois fatores como clima, qualidade do solo e tecnologia aplicada podem alterar a produtividade desses locais. Por isso que existe tanta discrepância entre a capacidade agrícola de cada país.
As maiores áreas cultivadas pertencem à Índia (179,8 milhões de hectares), depois vêm os Estados Unidos com 167,8 milhões, a China com 165,2 milhões e a Rússia, com 155,8 milhões de hectares. Se somar estes quatro países, o resultado representará 36% da área de cultivo do mundo. O próximo dessa lista é o Brasil, seguido por nações como Canadá, Argentina, Indonésia, Austrália e México. Em termos de porcentagem, os indianos têm 9,60% da área plantada do planeta, depois vêm os EUA (8,96%), a China (8,82%), a Rússia (8,32%) e o Brasil (3,42%). Todos esses países representam quase 40% da área plantada mundial.
Dados Brasileiros
Esse estudo da NASA chamou a atenção do governo do Brasil. Em 2016, a Embrapa Territorial afirmou que a área plantada do nosso país era de mais de 65 milhões de hectares (7,8% do país). Por sua vez, a NASA disse que as lavouras brasileiras totalizavam um pouco mais de 63 milhões de hectares (7,6% do país). Esses números praticamente confirmam o que disse a Embrapa, pois uma diferença de 0,2% é praticamente nula.
Essa pequena diferença não é nada demais, pois é normal um estudo da NASA apresentar pequenas diferenças percentuais em relação a um estudo nacional. Um exemplo disso está nos números da NASA sobre as lavouras norte-americanas (18,3% do país), que também apresentaram uma pequena diferença quando foram comparados com o mapeamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês), que apontava 17,4% do território norte-americano.
Cultivo Europeu
A NASA fez estudos por todo o planeta, o que gerou muitas comparações. Nosso país usa 7,6% de sua área de plantação, o que é pouco se compararmos com a Europa: a Dinamarca faz uso de 76,8%, a Irlanda usa 74,7%, a Holanda 66,2%, o Reino Unido, 64% e a Alemanha, 56,9%. No geral, a Europa dedica mais de 60% de suas terras cultiváveis para a agricultura e a pecuária.
Uma curiosidade sobre o nosso país é que ele cultiva praticamente a mesma quantidade de terra que a Espanha e a França juntas. O Brasil cultiva mais de 63 milhões de hectares, enquanto França e Espanha estão na casa dos 31 milhões cada um.
Eficiência Brasileira
Boa parte dos países do mundo dedica algo entre 20% e 30% de suas terras para a agricultura. Por sua vez, países da União Europeia trabalham com algo entre 45% e 65%. Os norte-americanos utilizam 18,3%, os chineses 17,7% e os indianos 60,5%. Como o Brasil consegue utilizar apenas 7,6% de sua área cultivável, ele consegue chamar a atenção do mundo pela eficiência em seu agronegócio.
Em termos proporcionais, o Brasil é o país que menos usa as suas terras. Em média, grandes países costumam trabalhar com 17,4% de sua área cultivável, além de protegerem mais 10,9%. Em termos de porcentagem, o Brasil só fica atrás do Canadá e da Austrália, que não utilizam mais do que 5% de suas terras para cultivo. No caso desses dois países, a razão para essa porcentagem reduzida está ligada as questões climáticas.
Preservação Brasileira
No ano de 2017, a Embrapa Territorial fez um mapeamento e algumas estimativas das áreas de proteção e conservação da vegetação em nosso país. O estudo apontou que existem mais de 563 milhões de hectares (66,3%) de áreas preservadas em nosso país.
O território rural do Brasil é composto por várias ilhas e arquipélagos que contém várias pastagens e cultivos. Esse território fica em um enorme oceano que possui uma variedade de vegetações nativas, com diferentes situações de proteção, preservação e conservação. Diferente do que acontece em muitos países, não é a zona rural brasileira que contém pedaços de florestas e de vegetações embutidas; é a nossa diversa e imensa área de vegetação que abrange vários territórios rurais.
A Europa explorou e desmatou o seu território com muita intensidade. A Europa, sem a Rússia, tinha mais de 7% das florestas conhecidas do mundo. Atualmente, ela está com apenas 0,1%. Os mais de 563 milhões de hectares (5.637.360 km²) destinados à preservação no Brasil representam um território maior que a soma da superfície de todos os 28 países da União Europeia. Além disso, poderia juntar mais três Noruegas nessa conta que mesmo assim não alcançaria os hectares brasileiros.
Nosso país é uma potência agrícola e ambiental e isso traz cada vez mais reconhecimento do resto do planeta. A produção total de grãos, frutas, fibras e agroenergia representa 9,0% do país (7,8% por meio de lavouras e 1,2% com florestas plantadas).
Expectativas e Projeções
Um estudo chamado “Projeções do Agronegócio – Brasil 2018/19 a 2028/29”, afirma que a área cultivável do nosso país vai crescer mais de 10 milhões de hectares em uma década. Isso significa que o território vai saltar de 75,4 milhões de hectares (número desse ano) para 85,68 milhões. Esse crescimento acontecerá especialmente em áreas degradas e nas pastagens naturais.
Esse trabalho foi feito por dois órgãos, a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e também pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. O objetivo desse estudo é analisar as perspectivas para o crescimento da produção e da área plantada do nosso país.
Segundo o levantamento, os hectares utilizados para grãos (arroz, algodão, centeio, feijão, aveia entre outros) pularam de 62,9 milhões de para 72,4 milhões, o que corresponde a um crescimento de 1,4% ao ano.
O estudo ainda afirma que as plantações que terão suas áreas diminuídas (café, mandioca, arroz, feijão e laranja) terão compensações a partir de seus ganhos de produtividade. Plantações como a soja e a cana serão expandidas a partir de outras plantações que provavelmente cederão espaço para plantio. A pesquisa ainda afirma que plantação de milho crescerá em cima da área de plantio liberada pela soja.