Conhecido dentro do ramo dos produtos de higiene pessoal, tecidos e cuidados hospitalares, o algodão é uma fibra têxtil que cresce ao redor da semente do algodoeiro, o qual pode responder por um quantitativo de até 40 espécies distintas (sendo menos de 10 são aproveitadas comercialmente para produção de artigos em larga escala). Tais espécies são arbustivas e nativas das regiões tropicais e subtropicais.
A produção mundial de algodão gira em torno do incrível quantitativo de 25 milhões de toneladas.
No Brasil, o Mato Grosso é considerado o maior produtor do vegetal, uma vez que, no ano de 2018, sua produção equivaleu à percentagem de 65% da produção nacional. Seguindo o ranking, alguns estados que também se destacam neste quesito são Goiás, Minas Gerais e Bahia.
Neste artigo, você conhecerá importantes características da fibra de algodão, dentre elas as suas propriedades físicas.
Então venha conosco e boa leitura.
Algodão Características e Processo de Desenvolvimento
As fibras de algodão se desenvolvem ao entorno das sementes negras e triangulares, sendo consideradas pêlos originários da superfície das próprias sementes. Uma curiosidade é que as sementes também podem ser aproveitadas para obtenção de óleos comestíveis e, no caso, também possuem um composto chamado gossipol que pode ser aproveitado para produção de contraceptivos masculinos.
A fibra de algodão possui aparência de verniz e apresenta em sua composição cera, pectinas, goma e óleo. Esta cera particularmente é responsável por controlar a absorção de água. Na porção mais externa da fibra, há uma camada de proteção chamada cutícula, caracterizada por ser fina e resistente.
A partir de um enfoque mais específico a fibra em si possui parede primária, parede secundária e lumem. Na parede primária, há celulose distribuída em estruturas microscópicas (chamadas fibrilas) dispostas em espirais e transversalmente ao comprimento da fibra. Outros componentes da parede primária incluem proteínas, pectinas e açúcares.
A parede secundária está disposta logo abaixo da parede primária, e é formada por várias camadas concêntricas de celulose em grande concentração (celulose quase pura na verdade). Tal celulose está disposta em fibrilas cristalinas aglomeradas em espirais, sendo que podem mudar de sentido ao longo da mesma fibra. A parede secundária é fundamental para determinar a maturidade e a resistência da fibra.
No caso do lumem, este é descrito como o canal central da fibra. Durante o processo de formação da fibra pode apresentar seção circular, todavia, após o colapso ou desidratação passar a deter contorno irregular. No lumem, estão conscentrados resíduos proteicos do protoplasma da célula que originou a fibra. É comum que as fibras maduras detenham menos torções, paredes um pouco mais espessas e lumen menor (ou reduzido); todavia, no caso das fibras imaturas, estas são contorcidas, achatadas, com paredes finas e com lumem maior.
O processo de desenvolvimento do vegetal algodoeiro possui na literatura a citação de etapas como a fase de deposição da celulose, fase de abertura dos frutos e fase de fibra madura.
A deposição de celulose pode ocorrer dos 21 aos 56 dias após a abertura da flor. Neste processo, há engrossamento da parede secundária a partir da deposição de camadas concêntricas e sucessivas de celulose, no sentido de fora para dentro. Fatores externos como a temperatura e a luminosidade influenciam fortemente a quantidade de celulose que será depositada.
A deposição de celulose começa a ficar um pouco mais lenta alguns dias antes da abertura dos frutos (ou maças, como são chamados). A ‘maçã do algodão’ após aberta passa a ser chamada de capulho ou pulhoca. Tal abertura é possibilitada por fatores como o aumento da massa da fibra, aumento da pressão interna e desidratação da casca (a qual ocorre de forma lenta).
Algodão Conhecendo Algumas Espécies
Entre as espécies listadas na literatura estão o algodoeiro-arbóreo (nome científico Gossypium arboreum), nativo da Ásia Meridional; o algodoeiro crioulo ou algodoeiro egípicio (nome científico Gossypium bardadense), nativo da porção tropical da América do Sul; o algodoeiro-americano (nome Gossypum hirsutum), nativo do Sul da Flórida, Caribe e América Central; o algodoeiro asiático (nome científico Gossypium herbaceum), o qual apesar do nome é nativo do sul da África; o algodoeiro-de-Stuart (nome científico Gossypium stuartinum Willis), nativo da Austrália; o algodoeiro-selvagem-do-Arizona (nome científico Gossypium thurberi Tod.), nativo do Novo México, Arizona e porção Norte do México; o algodoeiro-do-Havaí (nome científico Gossypium tomentosum Nutt.); entre outras espécies.
Propriedades Físicas do Algodão e a Física Têxtil
De acordo com a Embrapa, o algodão precisa cumprir certos parâmetros de características físicas de modo que seja considerado viável para a indústria têxtil.
No caso, o comprimento comercial da fibra deve variar entre 30 a 40 milímetros. O parâmetro de uniformidade da fibra (conhecido pela sigla UF) deve variar entre 45 a 46 %. A resistência ideal é superior à medida de 26 gf/tex. Em relação ao alongamento da fibra, o ideal é que este seja superior a 7%.
A finura da fibra (também conhecida como micronaire) deve estar compreendida entre 3,6 a 4,2 mg/in. A porcentagem ideal de maturidade da fibra está compreendida entre 75 a 84%. O grau de reflectância (conhecido pela sigla Rd) deve ser superior a 70%. No caso do grau de amarelamento (conhecido pela sigla +b), este deve ser inferior a 10,0. Valores ideais para o índice de fiabilidade (conhecido pela sigla CSP) estão compreendidos entre 2.000 a 2.500.
Algodão Considerações Sobre o Plantio
Lavouras bem sucedidas, na maioria dos casos, são conduzidas em áreas planas com fácil mecanização e boa drenagem. Realizar a rotação de culturas no pré-plantio também contribui para uma melhor drenagem, além de diminuir os custos com medidas para controle de pragas, por exemplo.
É aconselhável que as espécies utilizadas para a rotação produzam boa quantidade de matéria seca, assim como possuam fácil condução.
Plantas daninhas devem ser removidas antes do plantio, uma vez que o algodoeiro é bastante sensível à competição. Tais plantas podem atrapalhar consideravelmente a lavoura, mesmo aparecendo 80 dias após a semeadura.
Realizar o manejo do solo também é muito importante, uma vez que o algodoeiro é bastante sensível à acidez. Recomenda-se corrigir o solo 3 meses antes do plantio.
Outros fatores como a adubação (a qual pode ocorrer em diferentes momentos do plantio), o espaçamento adequado (sugere-se consultar os manuais da Embrapa ou consultar um especialista), assim como a espécie/variedade de algodoeiro e época certa para o plantio; também não devem ser negligenciados.
Agora que você já conhece muitas características referentes ao algodão, nosso convite é para que continue conosco para visitar também outros artigos do site.
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Até as próximas leituras.
REFERÊNCIAS
Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica. Algodão: o produtor pergunta, a Embrapa responde., 2004. 265 p. : il. Color;
SANTOS, R. F. Lavoura 10. 5 Dicas para o Plantio de Algodão de Alta Qualidade. Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/plantio-de-algodao/>;
Wikipédia. Algodão. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Algod%C3%A3o>;