Por que será que o algodão ficou conhecido como o ouro branco? E o que será que tem ele afinal de tão especial?
O algodão, em uma definição bastante simplória, é uma fibra esbranquiçada que desenvolve-se em torno das sementes de algumas espécies do gênero Malvaceae.
Existem inúmeras espécies nativas das regiões tropicais da África, Ásia e América, e, desde os últimos momentos da mais recente era glacial, os tecidos passaram a ser produzidos quase que exclusivamente com o algodão.
Atualmente, apenas 4 tipos são usados em larga escala para a produção de tecidos e equipamentos médicos.
E é por essas e outras que essa planta subtropical, também bastante comum no México, Austrália e África, é responsável por uma produção mundial que aproxima-se de 25 milhões de toneladas por ano.
Uma Cultura Bastante Privilegiada
Quando nos referimos ao comércio agrícola, a maioria de nossas discussões diz respeito aos produtos que consumimos (incluindo soja, milho, carne, frutas, café, açúcar, vegetais, etc.) e aos produtos que usamos como combustível (o etanol, por exemplo), que são os que mais ocupam o centro das discussões.
Não costumamos falar muito sobre o algodão; e muito menos porque ele ficou conhecido como o “ouro branco” da sociedade brasileira; um dos pilares da agricultura nacional; que está presente em nossas vidas diariamente desde as primeiras horas do dia, nas nossas roupas e nos demais objetos de tecelagem; com o uso de algodão na produção de papel, travesseiro, farelo, óleo, etc.
Essa longa cadeia de produção é uma das mais fantásticas organizações para o desenvolvimento humano de que se tem conhecimento. E graças ao trabalho realizado pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Algodão (ABRAPA), hoje mais de 85% de toda a produção do país é aprovada pelo Programa Brasileiro de Algodão Responsável.
Hoje, ele oscila entre o quarto e o quinto lugar entre as culturas brasileiras, com uma produção estimada em 2,74 milhões de toneladas na safra 2019/2020 em mais de 1,6 milhão de hectares. Enquanto espera-se cerca de 2 milhões de toneladas de algodão exportadas para o mundo – atrás apenas dos EUA, que devem bater os 3,6 milhões.
E essa exportação deve render aos cofres brasileiros cerca US$ 3 bilhões de dólares; um recurso que entra no país em um ano e acaba sendo responsável por apoiar o desenvolvimento de inúmeras outras áreas.
E o objetivo da cadeia produtiva brasileira é justamente superar os EUA como o maior exportador, e oferecer o melhor algodão certificado do mundo.
Por que o Algodão era Conhecido como Ouro Branco?
O desenvolvimento de inúmeras cidades do nordeste brasileiro está diretamente ligado à produção de algodão, que atingiu seu nível mais alto na década de 1970.
O chamado cultivo, colheita, comercialização e processamento do “ouro branco” trouxe riqueza aos industriais, agricultores e ocupação e renda a milhões de trabalhadores rurais.
O desenvolvimento atingiu aldeias e cidades; e é no inverno que os homens se dedicam ao seu cultivo; para uma colheita, comercialização e processamento no mês de julho – que geralmente ultrapassam o mês de dezembro –; sendo, portanto, um ciclo econômico anual que permanece em franca atividade.
Na região Centro-Sul do Ceará, por exemplo, o algodão alcançou um excelente resultado. O município de Iguatu tornou-se o maior produtor do estado por vários anos consecutivos, e seis plantas de processamento ainda estão totalmente operacionais por lá.
No campo e na cidade, o ciclo da lavoura de algodão criou milhares de empregos. E a produção das cidades mais importantes dessa região era indispensável. Enquanto, por sua vez, as cooperativas de produtores privados de usinas de energia fizeram amplo desenvolvimento nessas localidades.
Ciclo de Ouro do Algodão no Brasil
O ciclo de ouro do algodão no Brasil foi um dos que ocorreram entre os séculos XVIII e XIX. E um dos fatores que levaram ao crescimento do algodão, e fizeram com ele ficasse conhecido como o “ouro branco”, foi a Revolução Industrial Inglesa, que exigia cada vez mais matérias-primas para a produção de produtos da sua agora pujante indústria têxtil.
Cultivado durante esse período por meio do trabalho escravo, e cultivado em latifúndios ou grandes pedaços de terra, o algodão era amplamente utilizado no norte do país, especialmente na província do Maranhão. Mas também foi cultivado em inúmeras outras regiões: como no Ceará, Bahia, Pará, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, etc.
Além de ser amplamente produzido para o mercado externo, o algodão era utilizado também para a produção das roupas dos escravos (uma curiosidade). E consta que as suas fibras já foram usadas até mesmo pelos índios na produção de telas e redes.
Porém, com o colapso da mineração no país, os colonos começaram a enfrentar problemas e diversas crises. E para que essas crises e problemas não chegassem até a Europa, os produtores começaram a desenvolver vários produtos, como algodão, tabaco, cacau, café, arroz, açúcar… E todos esses produtos criados principalmente para atender às necessidades do mercado externo.
Mas o algodão (também chamado de “ouro branco”) atraiu atenção lá fora não apenas durante a Revolução Industrial, mas principalmente durante a independência das Treze Colônias, que também acabavam ajudando a enviar o produto para a Inglaterra.
Isso contribuiu para que os EUA se tornassem os grandes líderes de mercado nesse produto. E assim que conquistaram a independência da Grã-Bretanha (1776), essas relações logo romperam-se definitivamente.
E esse momento, também conhecido como “O Renascimento da Agricultura”, marca o início do processo de industrialização no Brasil, que mais tarde seria combinado com a cafeicultura.
Não sendo demais lembrar que no país, durante o ciclo cafeeiro, o algodão não deixou de ser produzido, porém sem ser mais a principal atividade econômica da colônia – somente o futuro reservaria ao Brasil o posto de um dos maiores produtores de algodão do mundo.
O Impacto do Algodão no meio Ambiente
A fibra de algodão não apresenta um impacto tão negativo no meio ambiente mesmo se for lançada incorretamente, pois o seu material é orgânico e leva cerca de três meses para se decompor completamente.
Por outro lado, esse é um material que apresenta dificuldades moderadas para a reciclagem.
Porém é possível obter dele um material chamado “desfibrado”, produzido a partir da transferência de peças de tecido de algodão, bem como roupas, e outros materiais, para empresas que possuam máquinas de desfibração – o que hoje é conhecido como “atividades de logística reversa”.
Se o desfibrado consistir em uma mistura de algodão e outras fibras, como o elastano, ele será usado para desenvolver cobertores e também como estofamento e preenchimento acústico.
Mas se o material consistir inteiramente de algodão, ele poderá ser combinado com a fibra de poliéster original e tornar-se fio novamente.
Porém, quando o algodão é quimicamente reciclável, a fibra é diluída e submetida a um processo semelhante ao da produção do viscose, para novamente ser transformado em fio.
Portanto, os impactos negativos dessa cultura do algodão geralmente ocorrem durante a fase de cultivo, principalmente se for realizado de forma inadequada, pois requer extensos campos férteis para a produção e uso intensivo de pesticidas (herbicidas, inseticidas e fungicidas), dado o grande número de pragas e doenças que afetam a cultura, e que podem ser fatais para o seu pleno desenvolvimento.
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