Uns achavam bonitas, práticas e não viviam sem elas. Outros achavam feia, difíceis e um terror para a limpeza das varandas. A verdade é que esses vasos de plantas sempre dividiram opiniões… Opa, espere aí! Vasos de plantas?
Usados por muitos e por muitos tempo como vasos ou outras formas de ornamentos para plantas, flores e construções paisagísticas, a aquisição desenfreada do xaxim tornou-se muito comum, sem que as pessoas sequer se preocupassem em saber, afinal, o que era aquilo e de onde vinha.
Xaxim – O Que é Isso?
Talvez muitos não soubessem na época quando o xaxim era comercializado em quase todas as esquinas, mas este útil ornamento de jardim também é uma planta, quer dizer, é parte de uma planta. O xaxim é feito do caule de uma samambaia conhecida como samambaiaçu, nomenclatura científica dicksonia sellowiana, planta nativa da mata atlântica e da América Central. Há uma cidade no Estado de Santa Catarina que supostamente recebeu o nome de Xaxim em homenagem a essa planta, pois existia em grande quantidade nessa região antes da colonização. Essa samambaia é um tipo de feto arbóreo, quer dizer, plantas vasculares sem sementes mas produtoras de gâmetas que se desenvolvem num caule elevando-se como um tronco acima do nível do solo. Esse caule é na verdade uma espécie de massa na forma de um cilindro, espessa e perene, cujo inchaço padrão tem a finalidade de armazenar água. É desse caule que o xaxim é feito. Essa planta é das espécies bem antigas, pré históricas, um autêntico fóssil vivo de nossa mata. Em seu habitat natural com condições ambientais perfeitas, chega a atingir até 10 metros de altura mas pode levar mais de 1000 anos para tanto, pois cresce lentamente numa média de apenas 05 a 10 centímetros por ano.
A retirada desgovernada dessa espécie, no entanto, resultou em um grande problema. O xaxim virou moda por ser considerado prático, bonito e diferenciado, além de ser comercializado a custo muito mais econômico que os padronizados vasos de barro. Tornou-se muito desejável especialmente para os cultivadores de orquídeas e bromélias já que as fibras do xaxim retém água na medida certa para não encharcar as raízes das flores e liberando os nutrientes paulatinamente. Porém, o grande problema com a demanda por xaxim foi que, além do desenvolvimento moroso da sua planta de origem, essa planta não cresce em qualquer lugar e seu replantio é delicado. A samambaiaçu só brota se cultivada em solos ricos em matéria orgânica num ambiente típico de floresta. Além disso, sua planta não produz sementes ou mudas. A transposição para reprodução depende do surgimento de brotos no cáudice das plantas já crescidas ou colhendo esporos, uma camada pulverulenta que surge nas folhas de samambaias adultas.
Extinção e Proibição
Até a década de 80, a comercialização do xaxim era trivial. Vendia-se o xaxim como recipiente padrão em formas de vasos para acondicionar plantas, flores e mesmo samambaias. O xaxim era vendido como placas para ramos ornamentados, talhas de cantoneiras para jardins, além de outros modelos de suporte. Floricultores compravam indiscriminadamente o famigerado “pó de xaxim” , um substrato orgânico para oferecer melhor nutrientes as raízes das flores. Paisagistas sem escrúpulos adquiriam plantas inteiras da samambaiaçu para servir como “xaxim vivo” em jardins ornamentados para satisfazer modismos de ricos desinformados e vaidosos. (essas plantas morriam rapidamente pois a plantação era quase sempre feita em locais inadequados para a sobrevivência da espécie. Uma verdadeira agressão a natureza pois acabava sendo jogada fora como se descarta um buquê de flores plantas que levavam mais de 20 anos pra atingir meio metro).
O susto começou a partir de 1990 quando diversos estados começaram a se dar conta do alarmante déficit na população de plantas em seus territórios. Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina começaram a tomar medidas sérias, decretando regras rígidas para a extração de novas plantas, determinando replantio e exigindo a substituição do pó de xaxim por outros tipos opcionais que servissem de insumo. Em 2001, enfim, no dia 24 de maio, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em resolução nº278, proibiu em todos os estados brasileiros a extração e exploração da planta, considerando crítica a situação da espécie obviamente ameaçada de extinção, agravado pela intensa fragmentação e comprometendo o seu fluxo gênico. No seu artigo 1º da resolução dita-se:”Determina a proibição do corte e exploração de espécies ameaçadas de extinção em populações naturais do bioma Mata Atlântica”.
Conhecendo Opções Alternativas
Infelizmente, apesar da resolução determinar e do risco de extinção evidente, ainda há muitos que pouco se importam, visando a praticidade e os interesses comerciais advindos da produção do xaxim. Alguns governos já proibiram a entrada de manufaturados dessa planta em seus estados, mas a maioria lamentavelmente não segue essa prática. No Rio de Janeiro, só saiu um decreto municipal proibindo a comercialização do xaxim em 2016, 24 anos depois da portaria do Ibama que já incluía o xaxim na lista oficial de plantas em extinção. Muitos ainda são condescendentes demais com a venda indiscriminada desses produtos.
Felizmente, outros mais conscienciosos tem buscado meios opcionais que possam atender suas necessidades em substituição ao xaxim. Algumas alternativas encontradas vem da casca do pinus, da palha do côco, do nó de pinheiro ou da fibra de palmeira. Vamos destacar resumidamente duas dessas:
O xaxim da palha do côco seco ou da fibra do côco verde reciclado, além de ser um insumo orgânico cem por cento natural e biodegradável, pode produzir vasos, placas ou outros modelos de suporte para as plantas absorvendo água quase que exatamente como o xaxim como o conhecemos. E uma das grandes vantagens desse tipo de produção está na possibilidade de fabricação através do aproveitamento de resíduos. Cidades litorâneas do país descartam, por exemplo, centenas de toneladas de côco que podem ser perfeitamente aproveitados por empresas de reciclagem.
O xaxim de palmeira igualmente, é de produção totalmente natural de fibras orgânicas sem qualquer complemento químico. Pode ser feito totalmente a partir daquilo que for rejeitado por indústrias agrícolas e, mais até que o xaxim de côco, absorve água e nutrientes com mais de 95% de similaridade ao xaxim da samambaiaçu, o que resolveria a necessidade especialmente dos cultivadores de bromélia e orquídeas.
Como Cuidar do Xaxim
É válido dizer que ainda existem, apesar de raros terem as devidas autorizações do Ibama e dos órgãos de fiscalização de sua cidade ou estado, você ainda encontra muito comércio driblando a fiscalização e vendendo xaxim de samambaiaçu por aí. Se você já tem um xaxim, saiba então que é dono de um autêntico tesouro que merece muito cuidado e proteção. Fique atento a essas sugestões importantes para a preservação do seu xaxim:
Primeiro procure escolher o melhor ambiente para seu xaxim. Lembre-se que o habitat natural é a mata atlântica. Então ela precisa de um lugar úmido e de boa sombra sem ventos fortes pra se desenvolver. Um local carregado de plantas e de solo fértil ajuda muito. O processo de desenvolvimento dessa samambaia é muito lento e não germinante. Se você mora em um lugar que propicia a reprodução da espécie, então você pode ajudar na preservação retirando mudas para uma nova plantinha. Dependendo do estágio de maturidade de seu xaxim, basta retirar pequenos brotos que surgem no seu caule junto com um pequena parte do tronco. Informe-se com especialistas para fazer isso sem agredir sua planta.
Infelizmente, ainda há muita gente gananciosa e má intencionada que parece pouco se importar com a devastação da espécie. No sul do país, por exemplo, onde os estados tentam ser conscienciosos com a criação de reservas e parques ambientais, com áreas de replantio, ainda é preocupante o aumento de extração ilegal da planta. O biólogo e proprietário de um parque ambiental, em entrevista a uma TV local no Rio Grande do Sul, chegou a mencionar consternado a quantidade de turistas que vão ao parque e arrancam uma amostra pra levar pra casa e enfeitar seu jardim. “São pessoas sem consciência. Esquecem que o que é da natureza precisa ficar na natureza, precisa ser preservado!”, disse ele.
Sendo assim, se você for um leitor consciencioso e quiser colaborar com a preservação da espécie, mais precisa de um ornamento pra suas plantas ou flores, lembre-se que um xaxim de palmeira, por exemplo, pode ser tão bom e tão bonito quanto. Se por acaso encontrar alguém que ainda venda xaxim de samambaiaçu por aí, não compre. Denuncie se constatar que ele não tem as autorizações necessárias. Assim estará contribuindo para a sobrevivência de uma preciosa raridade, um patrimônio do mundo vegetal!
A planta xaxim é, simplesmente, deslumbrante.
Como conseguir uma muda para plantar??
Geovana oliveira
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