O bioma cerrado do território brasileiro é considerado o segundo maior do país depois da amazônia e ganha destaque também pela originalidade de sua vegetação. Também aí ainda há muito o que se conhecer, estudar e catalogar de sua flora peculiar.
E no que se refere ao chamado pitanga do campo, apenas concretiza-se a opinião de que muito precisa ser pesquisado e analisado, até mesmo pra diferenciar a morfologia, bem como benefícios advindos das espécies.
Quando se fala em pitanga do campo, muitas, senão todas as espécies do gênero eugenia ganham essa nomenclatura popular. E na ausência de melhores dados fundamentados que diferenciem as espécies, citaremos um resumo de pelo menos três mais conhecidas dentre elas aqui nesse artigo.
Eugenia Bimarginata
Esta espécie, que também é comumente conhecida como pitanga do campo, é uma pequena árvore arbustiva com cerca de metro e meio de altura, produtora de lindas flores brancas e frutos coloridos predominantemente vermelhos, mas também amarelos ou pretos. Essas frutinhas são saborosas pra comer in natura, desde que bem amadurecidas. Não há muita polpa na fruta e o sabor tende a ser meio estítico.
Planta típica do cerrado brasileiro, especialmente em áreas de encostas, muito resistente a queimadas (uma das nativas com maior poder de recuperação nessas condições adversas). Diz-se ser planta de fácil cultivo inclusive em vasos e é estudada pelo seu promissor benefício medicinal. Floresce no outono e frutifica entre a primavera e o verão brasileiros.
É uma planta que se adapta bem a condições climáticas extremas, podendo ser cultivada em 200 ou até 1000 metros de altitude, em terrenos arenosos ou barrentos desde que com boa drenagem. Suporta temperaturas inferiores a zeros graus Celsius ou climas quentes e de seca. Suas folhas jovens são utilizadas por nativos como ótimos chás em lanches caseiros.
Eugenia Punicifolia
Esta é outra espécie de planta do gênero também conhecida como pitanga do campo, além de outros nomes populares. É outra pequena árvore arbustiva de pequeno porte, com crescimento médio em torno de 3 metros cujas belíssimas flores a tornam uma espécie muito valorizada para ornamentação.
Seus frutos quando maduros apresentam uma coloração vermelha bem atraente e também podem ser consumidos por humanos in natura. Diz-se que a casca dessa árvore e também suas folhas tem ótimo valor medicinal, principalmente por suas propriedades diuréticas e antidiarreicas.
A eugenia punicifolia parece ocorrer em praticamente todos os biomas brasileiros, incluindo o cerrado, a região amazônica e a mata atlântica, bem como em outros países sul americanos. Uma curiosidade sobre essa espécie é que você tanto pode encontrar variedades com ramos glabros, como variedades com ramos pubescentes. Suas folhas são densas e rijas, semelhante a couro e seu tronco tem uma coloração marrom puxando pra um tom castanho. Suas flores surgem sempre aos pares. Frutifica entre novembro e janeiro nas regiões brasileiras.
O plantio adequado recomenda um cultivo em pleno sol desde o nível do mar a até 1.600 m de altitude. Semelhante a eugenia bimarginata citada acima, esta também se adapta bem a diferentes aclimatações, desde ambientes semi-áridos a até o clima tropical chuvoso, mesmo geadas de até -4 graus ou máximas de até 42 graus. Se desenvolve tranquilamente em vários tipos de solos, de preferência nitossolos, cambissolos ou afloramentos rochosos, e sempre primando por uma boa drenagem.
Eugenia Calycina
Outra conhecida pitanga do campo, a eugenia calycina cambess é típica do cerrado brasileiro, com arbustos pequenos de 1,5 metros, flores brancas que surgem geralmente na primavera e frutos também vermelhos e comsetíveis que surgem na primavera e verão.
Diferente das duas acima, os frutos dessa tem uma forma mais oblonga. Seu caule é liso e tem uma coloração meio amarelada, puxando pra o cinza. Suas folhas são mais compridas que a das outras mencionadas. É endêmica das regiões de Goiás e Minas Gerais, mas pode ser encontrada também em São Paulo.
Como a maioria das plantas do cerrado, tem raiz pivotrante e semente recalcitrante. Mas tanto a germinação quanto o desenvolvimento até o estágio adulto são rápidos. Também é adepta do sol pleno e floresce na primavera, frutificando na primavera e no verão. Seus frutos são apreciados in natura e amplamente comercializados em geléias, tortas, bolos, sorvetes, etc. Muito se sugere pra que maiores estudos sejam feitos sobre suas propriedades e possíveis benefícios.
O Gênero Eugenia e sua Importância
Nosso país é considerado o maior no que diz respeito a biodiversidade, principalmente quando se trata de plantas superiores, que garante ao Brasil um quarto da biodiversidade mundial. Diz-se que o bioma cerrado brasileiro responde por quase 2% da biodiversidade mundial mas isso é especulativo. Certeza mesmo é que o cerrado brasileiro é o segundo maior em biodiversidade da América Latina, sendo o responsável por mais de 4.000 espécies endêmicas. E nesse meio está as plantas do gênero eugenia.
Como parte da família myrtaceae, o gênero eugenia engloba muitas espécies de distribuição neotropical, plantas originadas desde a região central das Américas como o México a até o extremo sul e no Brasil ocorre mais basicamente na região centro-oeste e na região sudeste, com espécies de árvores arbustivas.
São várias as espécies do gênero eugenia utilizados por suas propriedades medicinais, sendo algumas já comprovadamente úteis como antioxidante, antifúngicas, antibacteriana, anticonceptivo, anti-inflamatório, antipirético, hipoglicemiante, tripanocida, moluscicida e larvicida.
O gênero eugenia, com mais de 1000 espécies, está entre os maiores da família myrtaceae, sendo principalmente encontradas nas Américas Central e do Sul como já dito. Aqui no Brasil, existem mais de 350 espécies, quase 400, sendo três quartos delas endêmicas. E muitas destas são mesmo utilizadas pela comunidade local para o tratamento de várias enfermidades, e isso a várias gerações.
E como também já dito, a utilização dessas espécies para fins medicinais já tem sido comprovados cientificamente através de análises biológicas de seus extratos e componentes isolados. No geral, os principais componentes comumente encontrados no gênero são fenólicos, como flavonóides e taninos, além de triterpenos. Mas também há espécies que apresentam sesquiterpenos cíclicos, além de compostos alifáticos e aromáticos.
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