A pimenta – termo simplificado de algumas variedades do gênero Capiscum e Piper – é o exemplo clássicos de uma espécie que só pode ser amada ou odiada, em igual intensidade.
Como é o caso das variedades Sorpion, Reaber Chocolate, Aji amarela, entre outras que são consideradas as principais referências em sabor e ardência.
Não existem meios termos para elas! Ao entrarem em contanto com algumas células bastante sensíveis da boca, as substâncias conhecidas como capsaicinoides e piperinas costumam provocar sensações que nenhuma outra espécie vegetal é capaz de produzir.
Os sintomas mais comumente produzidos são: forte ardência, aumento vertiginoso da pressão sanguínea, vermelhidão do rosto, suor excessivo, olhos lacrimejantes, escorrimento nasal, entre outros sintomas.
Sintomas que, descritos dessa forma, fica difícil garantir que estamos realmente falando de uma substância comestível, e não de algum agente tóxico, alucinógeno ou nuclear (aliás, como algumas variedades costumam ser denominadas).
À parte o seu sabor picante – além de cores e formas bastante exóticas – , reza a lenda que a pimenta já foi uma espécie proibida, especialmente para os jovens, no distante séc. XVI.
As suspeitas eram as de que o fruto possuía incríveis poderes afrodisíacos, que excitava os moços e colocava “ideias” na cabeça das donzelas, que se viam propensas a cederem ao assédio dos “D. Juans” de plantão.
Mas o que se pode dizer, categoricamente, é que a pimenta é um estimulante e energético natural, com seus altos níveis de niacina, riboflavina, tiamina, vitaminas do complexo B, entre outras inúmeras substâncias.
Substâncias que juntam-se à capacidade que ela tem de dar “vida” aos pratos, para torná-la uma das espécies vegetais mais singulares e extravagantes da natureza.
Segue, abaixo, uma lista com as principais características das pimentas Scorpion, Reaber chocolate e Aji amarela – algumas das principais campeãs em ardência no mundo.
1.Pimenta Scorpion Trinidad Moruga
De acordo com estudos realizados pelo New Mexico State University Chile Pepper Institute, (EUA), a pimenta Scorpion de Trinidad Moruga é a 2ªmais ardida da natureza – ela ganha de longe das variedades, Aji amarela, Naga Bhut Jolokia, entre outras espécies.
Na “escala de calor Scoville, ela atinge a impressionante marca de 1,2 milhão (praticamente o topo da escala), onde encontram-se verdadeiros “flagelos da natureza”, como a famosa Carolina Reaper Chocolate, a Pepper X, a Naga Víper, entre outros verdadeiros tormentos naturais.
Para se ter uma ideia da insidia por meio da qual ela age, nos primeiros segundos após a mordida a sensação que se tem é a de ter mordido um fruto selvagem qualquer.
Mas o problema surge é com o passar do tempo, quando a ardência vai aumentando, e aumentando, e aumentando, até transformar-se numa das sensações mais terríveis a que alguém pode experimentar na vida.
Aumento da pressão sanguínea, olhos lacrimejantes, vermelhidão por todo o rosto, excesso de suor, escorrimento nasal, liberação de adrenalina, um “fogo dos infernos” a escorrer pela goela, entre outras consequências, fazem dela uma das maiores experiências da natureza – mas também uma das que mais conferem sabor e perfume aos pratos.
A Trinidad Moruga recebe esse nome em referência ao pequeno povoado de Moruga, em Trinidad e Tobago, a região de onde ela é endêmica.
Os pesquisadores da New Mexico State University Chile Pepper Institute (uma instituição sem fins lucrativos dedicada, exclusivamente, a estudar as espécies do gênero Capiscum) ainda chamam a atenção para o curioso fato de que a pimenta, a depender das suas combinações, consegue conceder aos pratos um delicioso sabor meio agridoce.
Isso faz com que, apesar da ardência, a Scorpion seja uma das escolhidas para a elaboração de alguns dos pratos mais sofisticados da gastronomia mundial
2.Aji Amarela
Quando comparada com variedades como a pimenta Scorpion Trinidad Moruga, a Reaper Chocolate, a Naga Viper, entre outras espécies semelhantes, a Aji amarela, no quesito ardência, pode ser encarada como uma leve experiência.
Com uma ardência que não ultrapassa os 50.000 na escala de Scoville, ela só causa alguns transtornos quando cosumida em excesso, ou em composição com outras iguarias extremamente calóricas.
A Aji amarela ou “Aji amarillo” é uma variedade peruana. E para fins de comparação, podemos identificá-la com a nossa conhecida pimenta malagueta – no quesito ardência.
A dica dos mais experientes, é utilizar a pimenta sem pele e sementes, a fim de obter apenas o aroma e a leve picância que ela confere aos pratos; geralmente frutos do mar, peixes, cozidos, muquecas, entre outras iguarias que, sem a presença do famoso Aji amarillo, tornam-se pratos sem qualquer atrativo.
O nome Aji amarillo pode ser traduzido em um dialeto da região como “pimentão amarelo”. E juntamente com o coentro e a cebola roxa, compõe a “Santíssima Trindade” da culinária peruana.
O que se diz é que um Aji de galinha, a Papa a La Huancaina e o Fricase Paseno – pratos típicos do Peru e da Bolívia – são considerados verdadeiros patrimônios culturais dessas regiões.
Eles são símbolos da culinária andina, apreciada desde tempos imemoriais pelos povos “otomangueanos”, que habitavam boa parte da Mesoamérica, na região do México, há pelo menos 4.600 anos.
3.Carolina Reaper Chocolate
A Carolina Reaper chocolate, apesar de não comparar-se com as que possuímos aqui no Brasil, como a Aji amarela, é considerada, em ardência, bem mais intensa do que a pimenta Scorpion Trinidad Moruga – a ponto de ser escolhida como a mais ardida do mundo.
Ela é a Capsicum chinense, criada em laboratório pelas indústrias Pucker Butt Pepper Company, na Carolina do Sul, Estados Unidos, de propriedade do industrial Ed Currie; e é uma espécie de híbrida resultante da combinação entre as assustadoras “Pimenta chocolate habanero” e a “Naga Bhut Jolokia”.
Na “escala Scoville”, ela ultrapassa facilmente o valor de 2 milhões, o suficiente para colocá-la no Guiness Book, desde 2013, como a mais ardida da natureza.
O que se diz é que apenas 5 gotas da Reaper chocolate são suficientes para causar sensações difíceis de serem descritas em palavras; sensações que envolvem suor excessivo, perda temporária da respiração, aumento da pressão sanguínea, vermelhidão – isso, é claro, nos que conseguem sobreviver para apresentar tais sintomas!
Aliás, sobre esses sintomas provocados pela avassaladora Carolina Reaper Chocolate, ficou famoso o caso do americano que em 2016 participou de um concurso para ver quem conseguia comer o maior número possível de pimentas Reaper em menos tempo. E o resultado?
O homem foi hospitalizado com fortes dores de cabeça! E a após uma bateria de exames, o resultado foi categórico: o indivíduo teve simplesmente uma espécie de estreitamento das artérias do coração, seguida de derrame, que o tornou inválido para o resto da vida.
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