A flora ao redor do mundo é repleta de árvores bonitas e majestosas, e uma delas é o pé de cravo, ou simplesmente cravo-da-índia, cujo botão de sua flor é amplamente conhecido no uso em nos cozinhas.
Quer saber um pouco a repeito dela? Então, acompanhe a leitura.
Características Básicas
O cravo-da-índia, cujo nome científico é Syzygium aromaticum L., é pertencente à família Myrtaceae, e se trata de uma árvore de grande porte, podendo chegar a 15 m de altura. O seu ciclo vegetativo pode chegar a 100 anos (imagine só uma árvore de um século de existência?).
Inicialmente, o pé de cravo é uma árvore nativa das ilhas Molucas, na Indonésia. Atualmente é cultivado em outras regiões do mundo, como as ilhas de Madagascar e de Granada, além, é claro, do nosso país, onde o clima favorece bem o plantio dela.
Aqui no Brasil, essa especiaria é produzida de forma comercial apenas na Bahia, mais precisamente na Região do Baixo Sul, nos municípios são Valença, Ituberá, Taperoá, Camamu e Nilo Peçanha. Para se ter uma ideia da dimensão desse plantio, de acordo com o Centro de Extensão Rural da Ceplac, a área plantada dessa árvore é de aproximadamente 8 mil hectares. Ou seja, trata-se de uma cultura socioeconômica de grande importante para esses lugares.
Um pé de cravo, para se desenvolver bem, precisa estar em uma temperatura média de mais ou menos 25°C, onde a umidade relativa não seja muito elevada, além do nível pluviométrico um pouco acima de 1.500 mm. Estar em áreas próximas ao litoral também ajuda no crescimento dessa árvore, onde a altitude com relação ao nível do mar seja de uns 200 metros, mais ou menos.
Os solos mais recomendados para o cravo-da-índia são os argilo-silicosos, que sejam profundos e tenham boa fertilidade, além de serem permeáveis, e bem drenados. Solos de baixada ou sujeito a alagamentos não são recomendáveis para o seu plantio.
Preparação para o Plantio
As sementes do cravo-da-índia são conhecidas como dentões, para serem preparadas para virarem mudas, precisam ser colocadas em recipientes com água por um período de 24 horas. Esse procedimento facilita a retirada de sua casca externa. Depois de retirada a casca, o procedimento seguinte é distribuir as sementes fileiras em um canteiro, de modo a ficarem separadas uma da outra a uma distância de pelo menos 2 cm.
A semente precisa ser colocada na posição de deitada, coberta com 1 cm de terra, com o cuidado de fazer a rega diariamente. O canteiro, por sinal, precisa ser coberto com folhas de palmeira, tendo uma luminosidade do local reduzida em uns 50%. A germinação, enfim, ocorre com 15 ou 20 dias após a semeadura. Quando as mudas alcançarem 10 cm, devem ser transplantadas.
Já a melhor época para o plantio em local que seja definido tem que ser entre abril e junho, períodos, esses, que são os mais chuvosos na região do sul da Bahia.
Uso Frequente do Cravo
O botão da flor do craveiro é usado, seco, como tempero desde tempos muito remotos. Pra se ter uma ideia, essa mercadoria era uma das principais especiarias da Índia, o que motivava, à época, viagens de inúmeros navegadores europeus ao continente asiático. Na China, por exemplo, o cravo não era usado apenas como condimento, mas também como antisséptico bucal (acredite se quiser!). Qualquer pessoa que quisesse ter uma audiência com o imperador tinha que mascar cravos a fim de prevenir o mau hálito. Inclusive, o cravo era uma das especiarias tão valorizadas mundo, que no início do século XVI, 1 kg de cravo equivalia a sete gramas de ouro.
Um dos principais motivos dos cravos também serem usados em doces era devido à sua ação repelente, que afastava as formigas. Hoje em dia, ainda é hábito as pessoas usarem alguns cravos dentro de potes de açúcar para evitar a invasão desses insetos.
Atualmente, os principais consumidores de cravos do mundo continuam sendo os habitantes da Indonésia, responsáveis pelo consumo de mais de 50% da produção mundial. Porém, ao contrário do que se pensa, os cravos não são tão usados assim na cozinha nessa região, e sim, na confecção de cigarros aromatizados com essa planta, e que são bastante populares.
Uso Medicinal
Além de serem usados na culinária, e na confecção de cigarros, os cravos ainda possuem outra função (esta, bem importante): a medicinal. O conteúdo total de óleo nos cravos, por exemplo, chega a 15%, e é bastante usado como matéria-prima na indústria farmacêutica, cosmética e odontológica.
Na verdade, o cravo já é usado como planta medicinal há, pelo menos, uns 2000 anos. Os chineses, inclusive, acreditavam em seu potencial afrodisíaco. O óleo de cravo é também um potente antisséptico, e os seus efeitos medicinais ainda incluem o tratamento de náuseas, flatulências, indigestão e diarreia. Isso sem contar que ainda são usados como anestésicos para o alívio de dores de dente.
O cravinho, por sinal, é usado tanto na medicina ayurvédica indiana, quanto na medicina chinesa e na fitoterapia ocidental, onde o seu óleo essencial é usado como um anódino (analgésico) para emergências odontológicas. No entanto, estudos ocidentais a respeito do uso dessa planta na redução da febre, como repelente contra mosquitos e para evitar a ejaculação precoce foram, até o momento, inconclusivos. Dentes de cravinho ainda podem ser usados ma forma de chá e ou como um óleo para os músculos hipotônicos, incluindo esclerose múltipla, usos esses encontrados também na medicina tibetana.
Porém, de um modo geral, o cravo continua a ser usado para muitos fins medicinais, e a tendência é que os estudos sejam mais aprofundados daqui pra frente, e que tenhamos resultados mais certos a respeito do que essa planta ainda pode trazer de benefícios para nós, seres humanos.
Compostos Ativos do Cravo
No óleo essencial extraído do cravo, temos cerca de 72% de eugenol (composto aromático que não está presente somente no cravo, mas também na canela, na sassafrás e na mirra). Outros componentes do óleo de cravo são acetil eugenol, ácido cratególico e salicilato de metila (um forte analgésico).
Dos botões secos do cravo, extrai-se de 15 a 20% de óleo essencial, e 1 kg de brotos secos rende aproximadamente 150 ml de eugenol.