Muitas frutas vêm se tornando o “xodó” dos brasileiros, sendo consumidas cada vez mais. É o caso, por exemplo, da lichia, que vem ficando famosa já há algum tempo. E, não é pra menos, já que a fruta, além de ser bem saborosa, é rica em diversos nutrientes.
Vamos conhecer melhor a sua origem, além de outras histórias curiosas?
Características Gerais da Lichia
De nome científico Litchi chinensis, a lichia tem outros nomes populares, como lecheira, lichieira, ou uruvaia. É bom deixar claro que o termo se aplica, basicamente, ao fruto da árvore. Sendo originário das regiões mais quentes da Ásia (especificamente, da China), Como, por exemplo, Índia, Madagáscar, Nepal, Bangladesh e Paquistão.
Esse fruto pertence a uma árvore cujo tamanho médio varia entre 15 e 20 m de altura. Suas folhas são alternadas, cada uma com cerca de 20 cm de comprimento. As folhas mais jovens da planta são de um vermelho cobre bem característico, e isso antes de se tornarem verdes, alcançando o tamanho máximo delas. Já as flores são bem pequenas, cuja coloração é um misto de verde, branco e amarelo, ou simplesmente só branco mesmo.
Os frutos, por sua vez, são bem semelhantes a morangos, formando alguns cachos. Eles têm uma casca grossa, de cor avermelhada, e que é fácil se destacar no ambiente. Já a polpa é gelatinosa e translúcida, lembrando bastante o sabor da pitomba, não sendo também aderente ao caroço.
Os frutos da lichieira demoram em torno de 100 dias para amadurecerem por completo. Claro, fatores como cultivo e clima influenciam bastante nesse aspecto. A contagem de tempo para o amadurecimento se dá a partir do momento em que as flores abrem, e que é quando um ou todos os órgãos sexuais se tornam maduros, iniciando o período reprodutivo.
Para um melhor florescimento e frutificação, a lichieira exige variações sazonais de temperatura, e para o desenvolvimento da gema floral, é necessário um clima frio de 100 a 200 horas onde a temperatura fique entre 0 e 7°C.
Subespécies Conhecidas
Pelo menos, até o momento, conhecemos três subespécies de lichia cultivadas pelo mundo.
A primeira delas é a L. c. chinensis. Essa é, sem dúvida, a subespécie mais conhecida e cultivada de lichia que existe. Ela é cultivada em todo sudeste, leste e sul do continente asiático, além de poder ser encontrada também no sul da África, no Havaí e nos EUA. Além de ser amplamente difundida no Brasil como o tipo mais conhecido de lichia, claro.
A outra subespécie dessa planta é a L. c. javanensis. Essa já é bem mais restrita, sendo cultivada em apenas dois lugares: Indochina e Java.
E, por fim temos a subespécie L. c. phillippenis, cujos frutos não são comestíveis.
Inclusive, o fruto comestível das subespécies de lichia que podem ser aproveitadas com essa finalidade contém aminoácidos incomuns. Estes, por sua vez, interrompem a gliconeogênese, que é o processo orgânico para a produção de glicose.
A História da Lichia no Brasil
No Brasil, a introdução da lichia aconteceu no ano de 1810, mais ou menos, dentro do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Já a introdução dessa espécie de fruta ocorreu em escala comercial em nosso país por volta da década de 70. Nessa época, Ikuto Maeda se destacou como produtor de lichia, no município de Bastos, no estado de São Paulo.
Inclusive, a grande produção dessa fruta se concentra em São Paulo, porém, existe uma pequena parcela de produção sendo feita em Minas Gerais, na Bahia e no Paraná. Contudo, nos últimos anos, vem ocorrendo uma praga nessas plantações, causada pelo ácaro Aceria litchii, o que vem diminuindo consideravelmente a produção dessa fruta por aqui. Essa praga foi constatada pela primeira vez no Brasil em 2008.
Pelo menos, até o momento, não há qualquer defensor químico que possa ser usado na cultura da lichia. Inclusive, de acordo com o Instituto Biológico de São Paulo, o uso constante e desproporcional de agrotóxicos poderá resultar, muito em breve, na resistência da praga, o que tornará o seu manejo ainda mais complicado posteriormente.
Algumas Curiosidades Sobre a Lichia
Na gastronomia, a lichia pode ser utilizada de diversas formas: frescas, enlatadas, desidratadas, e processadas em sucos, vinhos, liquores, picles, aguardentes, caipirinhas, compotas, gelatinas, iogurtes, sorvetes, tortas, bolos, etc. Uma receita muito apreciada em lugares onde a lichia é abundante são os canapés dela com queijo gorgonzola.
Sendo cultivada em todo o mundo, a lichia já era descrita 1500 anos antes de Cristo pelo povo Malaio, e já está a milhares de anos na cultura chinesa. A China, inclusive, responde por cerca de 80% da produção mundial da fruta. Por sinal, a maior parte das plantações chinesas dela foi criada somente depois de 1995, sendo desenvolvidas em regiões montanhosas irrigadas.
O termo “litchi”, ou até mesmo “Li-zhi”, vem do dialeto chinês, que, originalmente, significava a capacidade de uma fruta “ser destacada do galho”. Com tempo, porém, descobriu-se que o termo também pode designar uma rápida deterioração de frutos após a sua colheita.
Uma característica impressionante da árvore de lichia é a sua longevidade. Estima-se que existam exemplares por aí com mais de 1000 anos que ainda florescem e dão frutos. Normalmente, a árvore de lichia atinge uns 12 m de altura, porém, essas mais antigas podem chegar a 20 m.
As altas concentrações de vitamina C na fruta são diretamente influenciadas pela luminosidade do lugar. Ou seja, quanto maior a quantidade de luz onde a planta for cultivada, maiores as concentrações dessa vitamina na fruta. Interessante notar, no entanto, que o excesso de nitrogênio e fósforo no solo tende a diminuir as concentrações de vitamina C na lichia, ao mesmo tempo em que o potássio aumenta essas mesmas concentrações.
E, falando nesses compostos, a quantidade de potássio e fósforo na lichia são superiores aos que são encontrados no pêssego, na laranja, na uva, na maçã e no morango. Já os teores de fósforo presentes nessa fruta são compatíveis com os da banana, por exemplo. Os seus níveis de vitamina C, por fim, são comparáveis com os da laranja, do limão, da carambola da tangerina e do maracujá.
Estudos recentes sobre atividades anti-câncer “in vitro” e “in vivo” descobriram que o extrato aquoso do pericarpo de lichia conseguiu inibir tanto a proliferação, quanto a indução a apoptose de algumas células cancerígenas.