A Musa paradisíaca pertence à família Musaceae. Esta desdobra-se nos gêneros Ensete, Musa e Musella – que, por sua vez, desdobram-se em mais de 40 espécies diferentes.
É uma família típica das regiões tropicais do planeta, cujas espécies caracterizam-se por serem plantas herbáceas, que nascem a partir de rizomas subterrâneos e que dão origem a “falsos caules” na forma de bainhas de folhas enroladas.
Estes “falsos caules” darão origem a uma inflorescência, que se transformará em cachos; que, por sua vez, darão origem a pencas com frutos na forma de bagas macias, extremamente doces e nutritivas.
As suas folhas são grandes, com nervuras peninérveas, oblongas, presas a esses “falsos caules” por pecíolos – em uma estrutura harmoniosa, que lhe dá a característica de folhas “verdes, elegantes, lisas e sólidas, como um pergaminho”, segundo a expressão usada pelos antigos Descobridores acerca da sua singularidade.
A família Musaceae, antes de nos apresentar a Musa paradisíaca, apresentou-nos aquelas que lhe dariam origem: a Musa balbisiana e a Musa acuminata – de acordo com pesquisadores, as “mães” de todas as espécies de bananas comestíveis que conhecemos atualmente no Brasil.
Juntam-se a essas espécies, outras que são consideradas variedades de Musaceaes ornamentais, como por exemplo, a Musa ornata (bananeira-de-jardim), a Musa velutina (bananeira-ornamental), a Musa coccinea, entre outras espécies bastante apreciadas como variedades decorativas de jardins e canteiros de flores.
Musa Paradisíaca: Família Musaceae
Como vimos, a Musa paradisíaca pertence à família Musaceae e, antes dela, às espécies Musa balbisiana e Musa acuminata – de onde ela se desenvolveu, na forma de um híbrido, supostamente a partir de manipulações genéticas espontâneas ou induzidas.
Foi o botânico, zoólogo e sanitarista sueco Carl Von Linné 1707 a 1778 (o “Pai da taxonomia moderna”) quem descreveu, pela primeira vez, a Musa paradisíaca.
Na verdade, consta que essa tenha sido a primeira descrição oficial dessa espécie – o que a torna o primeiro gênero oficial de bananas comestíveis.
A sua história possui uma série de singularidades, a começar pelo fato de ter sido desenvolvida dentro de um estufa; a estufa do botânico holandês George Clifford, que, em 1736, teve o privilégio de produzir a primeira banana a ser cultivada na Europa.
Linné ou Linnaeus não demorou a dar, ele mesmo, um nome ao “novo” fruto precioso – primeiramente em homenagem ao seu “criador”, Musa cliffortiana, e, logo após, Musa paradisíaca, com uma clara alusão a um fruto que, na opinião de muitos, foi a verdadeira espécie tomada pelos “pais” da humanidade no Jardim do Éden.
Características da Musa Paradisíaca
A história da Musa paradisíaca, de certa forma, é a história da banana como uma espécie milenar.
De acordo com o que é mais aceito atualmente, a banana é originária do sudeste asiático, uma região composta por países como: Indonésia, Malásia, Papua Nova Guiné, Brunei Camboja, Mianmar, Singapura, Filipinas, Laos Malásia, Tailândia, entre outros países.
A partir dessas regiões, ela teria sido apresentada à Europa por comerciantes árabes, se espalhado pela Índia (entre 400 e 600 a.C.), até ser trazida para a Costa do Atlântico pelos espanhóis e portugueses.
A Musa paradisíaca é uma planta herbácea (a bananeira), melhor caracterizada como uma “erva gigante”, capaz de produzir uma só inflorescência que dá origem a frutos com até 10 cm de comprimento.
As bananas são espécies de bagas carnudas, macias e oblongas, famosas por produzirem quantidades incomparáveis de potássio e magnésio (que extraem do solo como nenhuma outra), além de ferro, vitaminas, sais minerais e fibras – em quantidades diárias ideais para um indivíduo adulto, distribuídas em 100 g do fruto.
O seu cultivo geralmente se dá na forma de mudas que, de forma vegetativa, dão origem a novos “pseudocaules”.
Tal cultivo exige um solo úmido e rico em matéria orgânica – típico de regiões tropicais –, de onde elas possam extrair grandes quantidades de sais minerais, sem os quais a sua produção pode ser totalmente comprometida.
A partir de um único rizoma, a Musa paradisíaca – como as demais espécies da família Musaceae – desenvolve-se na forma de touceiras, formando um verdadeiro emaranhado de pseudocaules que se espalham horizontalmente, e que precisam ser podados, constantemente, a fim de que se possa liberar oxigênio suficiente para as suas vizinhas.
Uma Fruta Cercada por Lendas e Mitos
A Musa paradisíaca, em companhia das outras variedades da família Musaceae, configura-se como a espécie frutífera mais consumida no Brasil e uma das quatro mais consumidas no mundo (juntamente com a soja, o arroz e o milho).
São mais de 140 milhões de toneladas produzidas, anualmente, em mais de 100 países, com a ajuda de cerca de 970 mil trabalhadores – o número de empregados na bananicultura, de acordo com dados da FAO (2014).
Difícil mesmo é encontrar uma parte da Musa paradisíaca, e das demais espécies dessa família, que não possa ser, de alguma forma, utilizada. A sua polpa é uma das mais doces entre todas as frutas conhecidas. A casca verde pode servir como matéria-prima para a produção de uma farinha orgânica apreciadíssima.
Quando madura, a sua casca pode ser utilizada até mesmo como um despoluidor natural de rios e lagos. Sem contar a seiva extraída dos seus pseudocaules, utilizada há milênios para os mais diversos tratamentos.
Na verdade, as folhas, pseudocaules, rizomas, cascas e inflorescências possuem, todos eles, grandes quantidades de nutrientes, e podem ser utilizados como antidiarreicos, cicatrizantes, digestivos, antioxidantes, antidiabéticos, como fontes de ferro e carboidratos; e, acreditem, até mesmo como matéria-prima para a produção de antídotos contra veneno de cobra.
As flores da Musa paradisíaca agora já se sabe que possuem um imenso potencial anti-inflamatório das vias respiratórias, especialmente para o combate a infecções e excesso de secreção – assim como a alguns tipos de fungos e bactérias.
Tudo isso sem contar o privilégio de, supostamente, ter sido ela a “fruta proibida”, responsável por conceder aos nossos primeiros “pais” a ciência do Bem e do Mal.
Isso segundo alguns cronistas da época do descobrimento, entre eles, Pero de Magalhães Gândavo (1540 – 1579), famoso por ter sido o autor do primeiro manual ortográfico da Língua Portuguesa e das primeiras impressões sobre o Brasil da época.
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