Variedade citroides da Citrullus lanatus (seu nome científico), é assim que pode ser definida a melancia caiana, uma espécie com características essencialmente rústicas, cujos benefícios geralmente estão relacionados com as suas inúmeras propriedades farmacológicas e medicinais.
Se for comparada à nossa conhecida variedade comestível (a que se encontra em abundância nas feiras e supermercados), descobrimos que a natureza é, verdadeiramente, um manancial inesgotável de novidades, pois em praticamente nada essas espécies se assemelham.
A tradicional é uma exuberância, capaz de atingir até 30 ou 40 cm de comprimento, 10 ou 15 kg de peso, cerca de 90% da sua estrutura toda composta por água, com um exterior verde, estriado, e que guarda em seu interior uma suculenta polpa vermelha, repleta de sementes escuras e não comestíveis.
Já a melancia-caiana é um enigma! Um exterior firme, bastante resistente, constituído por uma casca grossa e verde-claro, guarda uma polpa esbranquiçada, com bem menos sementes, sem açúcar – quase como uma verdura ou legume bastante utilizada em receitas salgadas.
Diretamente do sertão nordestino – mais especificamente da Bahia e Pernambuco – , ela surge como uma opção barata e bastante viável de uma espécie forrageira, comumente utilizada para a alimentação do gado, principalmente pelo fato de resistir até 1 ano inteiro após colhida!
Difícil é ver uma melancia-caiana estragada (deve ser uma experiência única!), já que até mesmo no local de plantio ela pode ser mantida, intacta, sem ser colhida, resistindo ao sol, chuvas, ventos e demais intempéries; como uma verdadeira “força da natureza”, que não se dobra nem mesmo diante das condições mais adversas.
Melancia Caiana: Características, Benefícios E Nome Científico
Supostamente de origem africana, a melancia-caiana teria desembarcado no Brasil durante as primeiras décadas do descobrimento.
A Bahia foi a sua porta de entrada, a partir de onde ela espalhou-se pelo semiárido nordestino; sendo, portanto, bastante popular em cidades como Uauá, Cipó, Petrolina, Juazeiro do Norte, Picos, Caicó, Assu, entre inúmeras regiões desse controverso sertão nordestino, onde localiza o não menos controverso “Polígono das Secas”.
As suas características biológicas logo demonstraram que o seu destino era mesmo a manutenção da dieta do gado local, com pouca ou quase nenhuma utilização para alimentação do homem do campo, apesar de possuir importantes propriedades nutritivas, quase como as que encontramos em algumas variedades de legumes ou verduras.
Aliás, sobre as características biológicas, benefícios e nome científico da melancia caiana, cabe aqui abrir um parêntese para ressaltar o fato de ela pertencer a essa popularíssima comunidade das Curcubitaceae, uma família que abriga membros ilustres, como a abóbora, pepino, melão, a abobrinha, entre várias outras espécies.
Na opinião de vários nutricionistas consultados a respeito do provável potencial alimentar da melancia-caiana, ela não só pode como dever ser introduzida à dieta de um indivíduo, especialmente do homem do semiárido (onde ela pode ser encontrada em abundância).
A melancia-caiana pode muito bem ser comparada a variedades como o chuchu, abobrinha, palma, entre outras espécies, que hoje já se sabe que contribuem adequadamente para a ingestão diária de nutrientes exigidos por um indivíduo adulto – especialmente em regiões onde a carência de recursos para a manutenção de uma dieta saudável é por demais conhecida.
À Parte as Suas Características, Benefícios E Nome Científico, Outras Peculiaridades Da Melancia-Caiana
Pode parecer pouco o uso que comumente se faz da melancia caiana (apenas para alimentação do gado), mas na opinião da maoria absoluta dos produtores do semiárido brasileiro, essa espécie pode muito bem ser guindada ao patamar de uma das principais responsáveis pela manutenção desse segmento da pecuária na região.
Juntamente com a palma, algumas variedades de cactos, mandacarus, masssai, leucena, catingueiras, entre outras espécies de leguminosas, cactáceas e gramíneas, a melancia-caiana entra como uma importante fonte de nutrientes para o gado.
E mais: por ser uma vigorosa fonte de água – da mesma forma como ocorre com a melancia tradicionalmente conhecida – , a melancia-caiana também possui todas as características de um revigorante natural, composto por carboidratos e sais minerais.
Dessa forma, fica fácil perceber como a melancia-caiana pode contribuir para a manutenção dos rebanhos, especialmente no período das secas, evitando a venda precipitada de animais, ou mesmo o seu transporte para outros locais onde haja disponibilidade de água, alimentos e demais recursos.
Calcula-se que em apenas 2 hectares seja possível produzir entre 50 e 60 toneladas do fruto, e ainda com a vantagem de ser pouco exigente com relação a cuidados relativos ao seu armazenamento.
E além dessas características, benefícios e curiosidades relativas ao seu nome científico, a melancia-caiana, como se não bastasse, ainda é uma daquelas frutas que “não estragam”; ela pode suportar bem até 1 ano armazenada (ou até mesmo no pé); sob o castigo do sol, chuvas (moderadas) e ventos, sem que sequer seja abalada a sua estrutura.
Benefícios Da Melancia Caiana
À parte os seus benefícios para a pecuária, a melancia caiana (Citrullus lanatus var. Citroide – seu nome científico), também possui as características de um verdadeiro energético. A fruta é quase toda ela composta por água, sais minerais, carboidratos e outras vitaminas – o que também a coloca na categoria dos isotônicos naturais.
Por não conter açúcar (ou contê-la em quantidades irrisórias), a melancia-caiana pode também ser indicada como ingrediente de receitas salgadas, principalmente pela facilidade com que absorve os mais diversos tipos de temperos e condimentos, indo bem em caldos, sopas, refogados, cozidos e onde quer que a sua imaginação o queira levar.
A melancia-caiana também é rica em cálcio e magnésio, e para o fortalecimento de ossos, unhas e dentes ainda não inventaram nada melhor!
E o que dizer do seu potencial antienvelhecimento? Isso é o resultado de doses fartas de antioxidantes, em especial os polifenóis, flavonoides, apigenina, arginina, entre outras importantes substâncias.
Estas, ingeridas diariamente – e desde a mais tenra idade de um indivíduo – , impedem a formação excessiva dos famigerados “radicais livres”, responsáveis diretos pela oxidação das células e pelo consequente processo de envelhecimento do organismo (muitas vezes precoce) de um indivíduo.
Mas o consumo diário de espécies como a melancia-caiana também pode ser um grande aliado do sistema imunológico. Nesse caso, são os seus altos níveis de vitamina C e zinco que atuam nesse sentido, e ainda contribuem para manter diversos tipos de micro-organismos patológicos bem distantes.
Caso queira, deixe as suas impressões sobre esse artigo. É por meio delas que conseguimos aprimorar, ainda mais, os nossos conteúdos.
Muito bom seu artigo!
Para incentivar o consumo poderia contatar entidades ligadas à agricultura familiar e faculdades de gastronomia para desenvolverem receitas de saladas, doces, sopas, etc.. que estimulem o uso da fruta para consumo humano!