O cenário todos já conhecem. Jardim do Éden, Eva passeia sozinha quando é abordada pela serpente, que lhe diz que ela devia comer o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, que lhe havia sido proibida por Deus. A questão é que sempre se pensou que essa fruta era a maçã.
Você sabia, porém, que muitos acreditam que essa fruta era, na verdade, o damasco?
Leia o restante do artigo e verá os motivos para essa crença.
Classificação
Prunus armeniaca. Essa é a espécie do damasqueiro, uma árvore da família das rosáceas que atinge entre três e dez metros de altura, dá um fruto carnoso, redondo e amarelo, que tem entre nove e doze centímetros de diâmetro e um odor que é considerado forte demais por muitos, mas que é um dos motivos pelos quais há tantos amantes da fruta.
Ela recebeu esse nome porque se acreditava que sua origem era a Armênia, um país na região do Cáucaso, entre a Ásia e a Europa.
A Armênia, que já foi a menor república da extinta União Soviética, foi também a primeira nação do mundo a adotar o Cristianismo como religião oficial do Estado. Aliás, foi por isso mesmo que os armênios foram vítimas de um genocídio praticado pelos muçulmanos turcos, no começo do século XX. Esse episódio ganhou destaque na mídia recentemente, depois que as famosas irmãs Kardashian, de origem armênia, estiveram no país durante um evento de pesar sobre esse genocídio.
Há indícios, porém, de que o damasco pode ter outra origem.
História Do Damasco E Origem Da Fruta
Há especulações de que o damasco, também conhecido como abricó, tem sua origem na China, na região do Himalaia. Outros estudiosos indicam como origem algumas regiões de clima temperado da Ásia.
A verdade é que há registros muito antigos da presença dessa fruta no Oriente Médio, na Suméria e Mesopotâmia, civilizações que antecedem os dias do Antigo Testamento. E é justamente por isso que alguns insistem que o damasco pode ter sido a fruta mencionada no texto bíblico e posteriormente identificada como a maçã, da qual não se tem registro naquela região na Antiguidade.
No Ocidente a história da fruta começa pela Espanha. Entre 711 d.C. e 726 d.C. o general muçulmano Tarik atravessou com suas tropas o Estreito de Gibraltar, invadindo a Península Ibérica e derrotando em batalho o último rei visigodo, Rodrigo, na Batalha de Guadalete.
Com essa invasão a presença muçulmana foi mantida por toda a Idade Média, sendo as últimas tropas muçulmanas expulsas em 1492, pelos reis católicos Fernando e Isabel. Um relato cinematográfico muito interessante está no clássico “El Cid”, filme de 1961, protagonizado por Charlton Heston e Sofia Loren, que relata a história do guerreiro espanhol Rodrigo Diaz de Bivár, que teve um papel notável nessa expulsão e ficou conhecido com “El Cid”. Trata-se de um filme épico realmente muito bom.
Os muçulmanos trouxeram consigo o damasco que, como já foi dito, era bastante comum no Oriente Médio desde a Antiguidade. O cultivo do damasqueiro expandiu-se nas regiões de clima temperado da Península Ibérica.
De lá o damasco chegou à Califórnia, possessão espanhola na América, que viria a tornar-se um importante produtor da fruta. Mas os maiores produtores mundiais são, sem dúvida, a Turquia, o Irã e o Uzbequistão. No Brasil o damasco é produzido principalmente na Região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, estado com a maior produção nacional.
A Fruta E a Castanha
O fruto do damasqueiro é consumido de várias formas. Uma das mais populares é desidratar o fruto, o que ajuda também a conservá-lo. Ao adquirir damascos secos assim, convém observar a coloração dos mesmos. Se for de cor laranja vívida textura macia, provavelmente foram tratados com dióxido de enxofre. Os frutos orgânicos, desidratados sem tratamento químico, apresentam uma coloração mais escura, marrom bem clara, e uma textura mais espessa. Damascos pequenos são desidratados inteiros. Os maiores normalmente são fatiados. Em geral os damascos secos não recebem adição de açúcar, mas isso pode acontecer em alguns casos. É bom prestar atenção se a pessoa tem alguma restrição ao consumo de açúcar, de qualquer forma.
É comum também que os damascos desidratados sejam usados como recheio em bombons de chocolate.
Além da parte carnosa da fruta, de aroma e sabor fortes, é também comum que se consuma a castanha, que pode ser extraída de dentro de sua semente.
No número 105 da Rua Charles de Gaulle, na cidade de Poissy, na França, há uma destilaria especializada em produzir um licor chamado de “Noyau de Poissy”. A palavra francesa noyau pode ser traduzida como núcleo, semente ou noz.
O “Noyau de Poissy” é uma bebida alcoólica doce, com teor alcoólico de 40º, produzida a partir de diversos tipos de nozes, mas cujo ingrediente principal é as castanha de damasco, que lhe confere um sabor amargo muito peculiar, que é bastante apreciado. O “Noyau de Poissy” possui muitos prêmios internacionais na categoria dos licores e é considerado um dos melhores do mundo.
Saúde
Damascos não são apenas matéria prima para doces e licores saborosos. Eles também são bons para a saúde.
Além de terem um percentual elevado de carotenoides (Vitamina A), os damascos são uma excelente fonte de potássio, mineral essencial para o corpo humano, possuindo ainda um elevado teor de ferro. São também ótima fonte de fibras, sendo recomendados em casos de constipação intestinal (prisão de ventre).
O óleo de damasco já foi utilizado, no século XVII, para tratar tumores, úlceras e inchaços.
Estudos recentes (2011) mostraram que o damasco é importante para os pacientes com câncer, porque contêm duas substâncias que cooperam no alívio dos sintomas de paciente dessa doença, o laetrile e a amigdalina.
Afrodisíaco
Embora o pêssego seja sempre usado em comparações romântica por estar associado à suavidade da pele feminina e o maracujá seja conhecido como o fruto da paixão (passion fruit, in Inglês), é o nosso damasco, dos três, que foi considerado afrodisíaco por mais tempo. A sociedade árabe da Idade Média, profundamente epicurista, usava o damasco para estimular a atividade sexual.