A Ordem das Zingiberales acolhe várias famílias, entre elas, a Costaceae, a Lowiaceae, a Musaceae e as Heliconaceae. Por exclusão, fica fácil determinar o gênero Heliconia – inclusive as brasileiras- como pertencente à imensa família Heliconaceae.
No passado, as Heliconias já foram confundidas, erroneamente, com espécies pertencentes à família Musaceae, o que ajudou a lhes conceder o apelido de bananeiras do brejo e bananeiras do mato, entre outras denominações semelhantes, que em nada dizem de exato sobre as suas características e peculiaridades.
Felizmente, a partir do início dos anos 40, exaustivas pesquisas acerca dessa espécie conseguiram afastar, definitivamente, qualquer possibilidade de parentesco com as bananeiras que conhecemos, e ainda separá-las em subgêneros, com suas diferenças genéticas e morfológicas caracterizadas corretamente.
Atualmente são descritas cerca de 250 espécies de Heliconias, com cerca de 98% delas originárias da América Central e do Sul – com um destaque especial para as ilhas caribenhas, Colômbia e Brasil (Floresta Amazônica), que detêm pelo menos metade de todas as espécies registradas no mundo.
E por falar nisso, elas praticamente dominam algumas das mais belas paisagens da Colômbia – como a região dos Andes, especialmente em sua encosta ocidental -, onde representam mais de 1/3 de todas as espécies vegetais do lugar.
Mas também das regiões próximas aos rios Magdalena e Atrato, onde representam cerca de ¼ de todas as espécies.
Algumas variedades de Heliconias são consideradas o que há de melhor dentro desse gênero.
E entre elas estão as originais H.Wagneriana, H.stricta, H.bihai, H.rostrata (considerada uma Heliconia brasileira), e outras, como a H.caribea (bastante comum nas Ihas), H. Latispatha, H.psittacorum, entre outras variedades – assim como estas – consideradas comerciais.
Características das Heliconias
As Heliconias, incluindo as brasileiras, são plantas essencialmente tropicais, apreciadoras de ambientes úmidos (com temperaturas entre 20 e 30° C), e que caracterizam-se por crescerem a partir de rizomas subterrâneos – espécies de “caules falsos” que desenvolvem-se no subsolo, e com uma capacidade impressionante de absorver água e nutrientes.
As Heliconias desenvolvem-se na forma de pseudocaules, de onde pendem folhagens fixadas por pecíolos com um tamanho bastante considerável.
Estas, com as suas tonalidades entre o vermelho, violeta e amarelo, possuem uma beleza semelhante à das próprias flores, o que ajuda a confirmar, ainda mais, o seu caráter exótico e bastante singular.
E por falar em singularidade, é de encher os olhos a forma como as várias espécies de beija-flores beneficiam-se do seu néctar, em uma das cenas mais exuberantes da natureza selvagem, e que ainda de quebra ajudam a espalhar a espécie por toda a América Latina, por meio de uma ação polinizadora de efeitos incomparáveis.
Da mesma forma que ocorre com as outras variedades, o fruto das Heliconias brasileiras também apresentam-se na forma de bagas, com um tom amarelado (quando ainda estão em desenvolvimento ) e azuis (já na maturidade), com um volume entre 9 e 14 cm.
E, da mesma forma, podem ser utilizadas as suas sementes para a reprodução das Heliconias, assim como as mudas separadas para esse fim, ou mesmo exemplares dos seus rizomas subterrâneos, que também podem ser cultivados de forma semelhante a qualquer outra variedade de planta ornamental.
Habitat Natural das Heliconias Brasileiras
Como uma boa representante das espécies apreciadoras de um clima tropical e subtropical (de regiões úmidas e sub-úmidas), a Heliconia brasileira pode ser encontrada, em abundância, em extensos trechos da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica do Nordeste e Sudeste Brasileiro.
E é sob temperaturas que variam entre os 20 e 30°C, que elas desenvolvem-se nas suas melhores condições, pois um ambiente ensolarado é a garantia de variedades exuberantes e com as suas cores e formas características preservadas.
Ao contrário, por exemplo, do que ocorre em temperaturas abaixo de 10°C ou que ultrapassem os 35°C, que geralmente resultam em variedades doentes ou atrofiadas – quando não apresentam grave comprometimento das suas folhas, flores e frutos.
Chuvas regulares também podem fazer toda a diferença no desenvolvimento das Heliconias brasileiras, pois elas necessitam de precipitações entre 1800 e 2000m anuais, mas que podem ser compensadas por um bom projeto de irrigação por gotejamento e aspersão baixa.
Não é por outro motivo que as Heliconias desenvolvem-se com tanto vigor na Floresta Amazônica, pois é lá que elas encontram a umidade ideal (em torno de 80%) para que se desenvolvam adequadamente, além de ventos que não ultrapassam os 14km/h – um verdadeiro empecilho para o seu desenvolvimento de forma saudável.
Principais Espécies de Heliconias brasileiras
As principais espécies de Heliconias brasileiras são geralmente distribuídas pelos subgêneros Stenochlamys Baker, Heliconia Griggs e Griggsia L. Anderss. E entre algumas das principais, estão:
1.Episcopales (Griggs)
A Episcopales são espécies capazes de atingir entre 1,6 e 3,5 m de altura. Elas possuem entre 10 e 30 brácteas e 2 ou 3 flores por cada bráctea, com uma coloração entre o alaranjado e o amarelado, com alguns frisos esverdeados e brancos.
São bastante comuns em estados como Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (na região Sudeste), Amazonas, Acre e Roraima (Norte), e na Bahia; especialmente em trechos à beira de rios, clareira de matas, vegetações secundárias, charcos, brejos, entre outras regiões semelhantes.
2.Heliconia L. Anderss
Aqui temos uma típica representante da flora dos estados do norte do país, especialmente do Amazonas, Amapá, Pará e Roraima, onde se desenvolve na beira dos rios, áreas de brejo, charcos, pântanos, florestas úmidas, clareiras de florestas, entre outras regiões semelhantes.
Essa Heliconia brasileira apresenta um porte considerável, podendo atingir até 5m de altura. E as suas flores desenvolvem-se de forma ereta, entre 25 e 60cm de comprimento, com uma tonalidade avermelhada e detalhes em amarelo e verde.
3.Lanea L. Andress
A “pacouvavu”, como é conhecida por determinadas tribos indígenas da região Sudeste do Brasil, é uma representante do gênero Stenochlamys.
Ela possui um comprimento entre 1,2 e 4m, flores entre 25 e 50cm (com detalhes entre o amarelo e o alaranjado), além de 5 a 12 brácteas com cores que podem variar entre o vermelho, o alaranjado e o violeta.
Elas atingem o seu melhor desenvolvimento em altitudes entre 300 e 1200m, especialmente em regiões dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, onde encontram vegetações secundárias, margens de rios, brejos, trechos de Mata Atlântica, bordas de matas, entre outras vegetações.
4.H. Pendula Wawra
Finalmente, essa outra variedade das Heliconias brasileiras, com a suas folhagens que podem atingir entre 2 e 4m de altura, brácteas pendentes entre 45 e 90 cm, de forma espiralada, com uma coloração que pode variar entre o vermelho e o alaranjado, com detalhes em branco e verde.
A Heliconia pendula pode ser facilmente encontrada em regiões com altitudes entre 150 e 500m, geralmente nos estados do Sudeste e também na Bahia.
É nessas regiões que ela encontra beira de rios, florestas úmidas, brejos, pântanos, clareiras de florestas, entre outras regiões semelhantes, onde podem desenvolver adequadamente as suas belas formas, exóticas e rústicas, como um perfeito exemplar da vegetação tropical brasileira.
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