A Nossa Dependência Pelos Seres Produtores
Para cada reino biológico que separa (e agrupa) os seres vivos, existem aqueles que só consomem e aqueles que produzem e consomem.
Por exemplo, se considerarmos os animais e os fungos, eles estarão no grupo daqueles que só consomem, já que os muitos representantes destes dois reinos biológicos não possuem alguma capacidade para produzir os seus alimentos, apenas consumir a energia (obtida da matéria) de algum outro ser alheio (seja vivo ou morto, conforme a interação ecológica).
Isso é bastante diferente se considerarmos que outros dois reinos biológicos, o das bactérias e o das plantas (ou vegetais) possuem representantes com a capacidade de sintetizar o próprio material orgânico que será consumido por eles mesmos: eis o mecanismo fisiológico que define os seres autótrofos, também chamados de produtores.
Eles são assim chamados pois possuem em suas células (mesmo que seja uma única célula procariótica apenas, como no caso de uma bactéria dentro de uma colônia) o pigmento colorido chamado clorofila, o responsável pelo processo bioquímico em transformar matéria inorgânica (íons, gás carbono) em substância orgânica (açucares e outras macromoléculas complexas), utilizando para isso a luz do Sol, também produzindo oxigênio gasoso como resultado do processo.
O processo, por utilizar a luz do Sol (já que existem outros que usam outras fontes de energia) foi chamado de fotossíntese, sendo ela a responsável por emanar o gás oxigênio na atmosfera de uma Terra jovem, na era em que era dominada por micro-organismos fotossíntetizadores.
Tal fenômeno global foi tão importante que deu condições para surgir um novo e melhor processo metabólico para obter maior quantidade de energia: a chamada respiração aeróbica (que não por coincidência, é a mesma fórmula da fotossíntese, só com o sentido contrário).
Não é porque os produtores fabricam a sua própria energia que não significa que eles também não as consomem também: tanto as plantas como as bactérias quebram – para benefício próprio – esses mesmos açucares produzidos pela fotossíntese: seja pela respiração aeróbica no caso das plantas, seja pela anaeróbica no caso das bactérias (já que estas últimas não possuem mitocôndrias em suas células, para fazer uso do oxigênio).
Esses grupos são chamados de produtores por terem a capacidade de produzir a própria matéria orgânica a partir da inorgânica, do contrário dos outros reinos biológicos que não conseguem sintetizar moléculas complexas, tendo assim que consumir de outros seres vivos.
Vegetais: Acumulando Açúcares e Outras Fontes de Energia
Os vegetais têm um importante papel na manutenção dos ciclos biogeoquímicos no planeta: apesar de eles não serem mais considerados o “pulmão do mundo” como por muito tempo foi caracterizado grandes biomas tropicais como a Amazônia – já que atualmente se sabe que são as bactérias fotossintetizadores presentes nas superfícies oceânicas (os fitoplanctos) que bombardeiam oxigênio para a nossa atmosfera – são os vegetais os responsável por alimentar praticamente todos os seres vivos macroscópicos, seja diretamente (consumidores primários: os que só comem vegetais) seja os secundários (os que comem outros consumidores: os secundários e terciários).
É a partir das reações fotossíntetizadoras que as arvores frutíferas, as leguminosas, os turbérculos e tantos outros vegetais produzem suas reservas de açucares, gorduras e proteínas, estas sendo a base alimentar para muitos animais, incluindo aí a nossa espécie.
Muito animais criados para o abate e mercado alimentício se alimentam de vegetais especificamente plantado para esse destino: sabe-se que mais de 80% da soja produzida é focada para ração animal (valor em toneladas esse que corresponde mais do que todos as outras monoculturas somadas!).
Essa “mágica” bioquímica que é a fotossíntese foi que permitiu que os primeiros homens neolíticos que iniciavam a revolução agrícola – a domesticação de vegetais e animais selvagens – manejassem e selecionasse espécies de plantas com maior valor nutritivo, estas com frutos, tubérculos e grãos com tamanhos maiores, promovendo assim uma maior abundância alimentar e maior chances de sobrevivência para a nossa espécie (sendo a base do nosso atual estágio de dominação sobre o planeta).
Se hoje em dia temos uma grande diversidade de frutos e frutas, de todas as cores e sabores, isso ocorre graças a poderosa fotossíntese: em especial no nosso país que possui grande extensão territorial inserida dentro dos trópicos, o que permite luz do Sol em abundância, e assim plenas condições para o surgimento (e posterior desenvolvimento) de diferentes espécies de arvores frutíferas.
As Árvores Frutíferas das Américas
Quando pensamos no continente Americano, como um todo (e não separado por divisões políticas ou culturais), podemos imaginar uma grande massa vertical que se estende em ambos os hemisférios (Sul e Norte), bem afastado de supercontinente Eurasiano (junção da Europa com a Ásia), assim como a África.
É devido essa separação e isolamento geográfico que muitas espécies de animais e vegetais são endêmicos apenas no continente Americano, o que não ocorre com outros seres que possuem “corredores ecológicos” entre a costa ocidental da Europa até o extremo oriental da China.
Essa separação e isolamento continental pode ser verificada em algumas espécies de árvores frutíferas que são nativas aqui das Américas (antes exclusivas, entretanto atualmente muitas dessas já estarem espalhadas por todo o planeta): a goiabeira é uma arvore com origem no Brasil, com diferentes espécies e variantes; cacauzeiro, tão famoso na fabricação do chocolate; o cajuzeiro, também é uma arvore frutífera de origem tupiniquim; e a sempre lembrada jabuticabeira, que produz a doce e preta jabuticaba.
Considerando só a região Amazônica e o seu maior bioma do planeta, a lista de árvores frutíferas é imensa (considerando ainda muitas que não foram descritas por cientistas e pesquisadores do ramo), sendo as mais lembradas: o açaí, o cupuaçu e o guaraná, o bacuri, o caçari, o cajá e o tucumã.
E falando de árvores frutíferas, existe uma espécie originada das Américas que possui um fruto de aparência bastante peculiar, ao mesmo tempo que produz um suco de sabor bastante apreciado.
Graviola: No Seu Jardim ou Na Sua Sacada
A graviola (nome científico: Annona muricata) também tem origem no continente Americano, mais especificamente no arquipélago presente na América Central: as Antilhas, as ilhas distribuídas entre o Mar do Caribe e o Golfo do México.
A forma selvagem da graviola foi depois levada para o continente, alcançando variantes até na floresta Amazônica, devido a boa adaptação da espécie em ambientes com alto grau de umidade, assim como elevadas temperaturas.
Com estas variantes encontradas em países como Bolívia, Peru, Brasil, Venezuela (e até em outros países do continente Africano e Asiático), a graviola tem bastante procura devido suas famosas propriedades medicinais (segundo a sabedoria popular), sendo usado para desde problemas pulmonares, passando por diabetes e infecções parasitárias.
Devido ao seu porte não muito extenso, as sementes e mudas de graviolas são bastantes requisitadas para paisagismos e jardinagem, já que elas podem ser plantadas tanto diretamente na terra como em vaso e outro recipiente que suporte suas raízes.
Já pensou ter um pé de graviola na sua casa, tendo assim fácil acesso a um suco de excelente sabor e com boas propriedades nutricionais?
Isso já é uma realidade: muitos assim o fazem, usando apenas sementes, um vaso de dimensão satisfatória, terra fértil e algum adubo para turbinar o material inorgânico do substrato (dando assim os nutrientes necessários para que a planta realize fotossíntese, acumulando açucares em seus frutos).
Se você vive em apartamento, não é mais desculpa para não plantar um pé de graviola: ela caberia bem em sua sacada ou varanda (ou o melhor lugar da sua casa que recebe luz do Sol).