O conceito de Ecofisiologia Vegetal é o de uma espécie de ramo da biologia que dedica-se, basicamente, a investigar o modo como a fisiologia dos vegetais reage aos estímulos do ambiente onde eles vivem.
Ela anda de mãos dadas com a Fisiologia Evolutiva e a Comparada, na busca por soluções para o problema das respostas dadas pelas espécies a todos os fatores intrínsecos e extrínsecos à sua constituição.
Também entram em ação alguns ramos da ciência, como a genética, fitopatologia, botânica, entomologia, anatomia, biologia molecular, entre outras áreas do conhecimento.
Todas elas interessadas em saber qual a verdadeira influência de fatores externos como: a água no solo, os nutrientes, temperatura, luminosidade, ventos, pragas, alterações climáticas, uso de agrotóxicos, entre outros fatores, sobre os vegetais.
Mas também os internos, como: herança e mutações genéticas, fotossíntese, desenvolvimento, respiração, substâncias químicas, entre outros fatores.
Sempre com o intuito de buscar soluções para deficiências, evitar alterações das suas estruturas moleculares, potencializar a produtividade, aumentar a sua resistência, garantir a sobrevivência das plantas, entre outros objetivos.
Nesse caldeirão de fatores entra também a interação entre as espécies vegetais e animais. Como se dá o processo de dispersão de sementes, por exemplo, e qual a sua participação na fisiologia dos vegetais?
Além das relações e consequências que envolvem os hábitos alimentares de algumas espécies de animais que dependem, exclusivamente, de espécies vegetais para sobreviver.
O Conceito de Ecofisiologia Vegetal
O conceito de Ecofisiologia Vegetal trata, basicamente, da relação de dependência de cada planta específica do meio onde elas vivem, e não exatamente de uma comunidade de plantas, ou mesmo de uma determinada espécie.
Essa relação é a que se chama de “planta-ambiente”, onde um determinado exemplar pode reagir de forma totalmente diferente de outro da mesma espécie.
Tal relação depende de determinados conceitos, como por exemplo, o de plasticidade fenotípica. Apesar das inúmeras controvérsias sobre a possibilidade de se utilizar tal conceito, a plasticidade fenotípica funciona como um farol a iluminar essa inter-relação entre o meio e o vegetal.
A plasticidade fenotípica é a capacidade desenvolvida por determinada planta de, digamos, adaptar-se ao meio – na medida em que modifica a sua fisiologia para que possa conviver melhor com determinadas condições climáticas, por exemplo.
Exposta a uma determinada condição, a planta simplesmente desenvolve novos caracteres, a fim de tornar-se quase um produto daquele meio.
Em suma, nesse conceito de Ecofisiologia Vegetal, o meio pode fazer com que surjam alterações na transpiração, fotossíntese, respiração e absorção de água por parte da planta. Mas também pode fazer com que ela desenvolva novos caracteres, inclusive os relacionados com modificações em seu DNA.
A Resistência da Planta ao Meio em Que Vive
O conceito de Ecofisiologia Vegetal não define apenas as transformações ou possibilidades de transformações que uma planta sofre em decorrência do meio em que vive. Ele trata, também, da necessidade de o vegetal resistir a certas imposições, a fim de que possa manter as suas características particulares.
A organização celular de um planta, por exemplo, também depende da sua resistência ao meio, sem a qual, perde-se, e muito, da sua padronização genética – que é o que lhe confere características como: sabor, textura, riqueza nutritiva, tamanho, forma, entre outras singularidades.
Aqui entra em ação um conceito conhecido como Homeostase que, em poucas palavras, significa a capacidade de um vegetal de manter as suas características internas mesmo diante da força de determinadas condições ambientais.
Agora temos, aqui, um vegetal que é constrangido a ceder a determinadas condições externas ou internas, enquanto o mecanismo da Homeostase impede, por exemplo (e de forma alegórica), que a planta transforme-se em outra coisa, ou em “outra espécie”, movida por um bombardeio de influências.
Enfim, em uma associação com os mecanismos de plasticidade fenotípica (que avaliam o grau de transformação fisio e morfológica de uma planta frente ao meio) e de Homeostasia (que avaliam a sua capacidade de não alterar-se por completo diante desses mesmos bombardeios externos e internos), a Ecofisiologia do Vegetal define o seu conceito e campo de atuação.
Um campo de atuação diante de bombardeios que podem configurar-se como uma verdadeira ameaça à sobrevivência de uma planta, por resultarem em uma resposta na forma de estresse, que são as diversas reações e fenômenos que costumam ser observados em um vegetal submetido a qualquer tipo de perturbação em um grau mais intenso.
O Conceito de Estresse para a Ecofisiologia Vegetal
Sim, as plantas também podem reagir por meio de sintomas semelhantes aos de estresse, a depender do grau de intensidade dos fatores externos e internos a incidirem sobre elas! Esses fatores podem, simplesmente, inviabilizar a vida do vegetal, ou apenas mantê-lo sob um estado de tensão que pode ser contornado totalmente ou em parte.
Assim como os indivíduos reagem por meio do estresse às pressões sociais, os organismos vegetais, de acordo com alguns estudiosos, também reagem às pressões ambientais – essa é, aliás, uma definição dada por estudiosos como Selye, Schopfer, Nielse, entre outros especialistas.
Todos eles são categóricos ao elencar os inúmeros efeitos estressantes como reação a certas condições do meio onde vivem determinados vegetais (da mesma forma como elencam os inúmeros fatores estressantes que levam a eles).
Entre os principais, estão: aumento da energia “queimada” pelo vegetal (ou diminuição da sua energia vital); acúmulo anormal de açúcares, carboidratos e aminas alifáticas; sensível deficiência de crescimento; controle das taxas de sais na estrutura celular; envelhecimento das plantas; perda de folhas; entre outras respostas às condições do ambiente.
Enfim, é da correta observação dos efeitos do meio ambiente sobre as espécies vegetais que depende a garantia do seu pleno desenvolvimento.
Além disso, tal observação ajuda a impedir alterações (até mesmo de ordem genética) que comprometam a produção de uma lavoura e a sua consequente distribuição.
Nesse sentido, o papel da Ecofisiologia Vegetal é o de, não só identificar tais efeitos como trabalhar em prol de minimizá-los, por meio do uso da biotecnologia, da correta adubação do solo e da introdução equilibrada de espécies animais em meio a uma cultura.
Assim como pelo uso da engenharia genética (por mais controversa que ela possa parecer) – entre outras iniciativas capazes de contribuir para a manutenção de espécies fortes, resistentes e com alta capacidade de produção.
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