O reino dos fungos apresenta uma grande variedade de espécies, famílias e tipos de fungos, que se relacionam de muitas maneiras com o ambiente ao redor, podendo ser prejudiciais ou benéficos para os seres com os quais compartilham esse ambiente. O fungo responsável pela popular frieira nos pés, algo que acomete muitos atletas que passam longos períodos com calçados fechados e também é muito comum no meio militar, é totalmente diferente de um cogumelo, por exemplo, que, por mais que não pareça, também é um fungo. Assim, o universo relacionado aos fungos abrange uma grande possibilidade de funções, relações, cadeias e ciclos, sendo preciso analisar um a um para entender melhor cada situação.
Uma dessas distinções ocorre entre os fungos considerados decompositores e os fungos chamados mutualísticos. Por mais que ambos tenham a sua função específica no ciclo da natureza, ainda há pessoas que classificam a atuação de um ou de outro como boa ou ruim, definições muito simplórias para tratar de algo tão mais complexo. Logo, antes de entender as distinções entre cada fungo, é preciso mudar a forma como se enxerga a natureza, entendendo que cada componente possui papel particular ao longo do ciclo.
Portanto, partindo dessa premissa, veja abaixo as principais diferenças os fungos decompositores e os fungos mutualísticos.
Fungos Decompositores
Os fungos em geral são os grandes decompositores da natureza, transformando matéria morta e reciclando o carbono para ser novamente utilizado pelo ambiente. Dentro disso, os fungos decompositores são os exclusivamente responsáveis pelo trabalho citado. Esses fungos são organismos que não fazem fotossíntese, então têm a capacidade de crescer e se desenvolver praticamente em qualquer lugar, havendo ou não a incidência de luz. Essa é uma grande arma para se multiplicar por todos os lugares e aumentar a sua presença, o que faz dos fungos decompositores uma espécie extremamente comum no curso das nossas vidas, por mais que seja difícil notá-los a todo momento.
Ademais, além da possibilidade de estar em todos os lugares, os fungos decompositores crescem de maneira muito veloz, acelerando sua capacidade de multiplicação quase instantânea. Os nutrientes gerados após um trabalho de decomposição completo por um fungo são essenciais para a vida na terra, considerando que serão utilizados por toda a teia alimentar posteriormente, dos vegetais até os últimos representantes da cadeia alimentar. Portanto, sem os fungos decompositores seria impossível haver vida no planeta, pois, além do mau cheiro e do visual terrível que teríamos com as seguidas mortes de seres-humanos e animais, não seria possível reaproveitar os nutrientes deixados por esses corpos, limitando as condições para o prosseguimento da vida.
De forma mais específica, o processo de decomposição depende alguns fatores, tais como a comunidade ali presente, a qualidade dos recursos deixados pela matéria orgânica morta, o ambiente físico-químico em si, a temperatura, o PH do solo, a umidade e a quantidade de carbono presente. Para saber se o processo de decomposição realizado pelos fungos será mais ou menos veloz, é preciso reconhecer todos esses detalhes e levá-los em consideração.
Fungos Mutualísticos
Já os fungos mutualísticos, diferentemente dos fungos decompositores, agem sobre a matéria orgânica viva e não sobre a morta. Assim, a relação entre o fungo e o ser no qual ele habita recebe o nome de mutualismo, quando ambos os envolvidos são beneficiados pelo processo e ninguém acumula qualquer perda. A relação é diferente do parasitismo, por exemplo, quando determinado ser sofre com a ação do outro e perde nutrientes, podendo até mesmo morrer no longo prazo.
Também é distinta do comensalismo, no qual apenas um dos envolvidos recebe as vantagens, mas o outro ser não perde nada com a relação. Portanto, para que um fungo seja considerado mutualístico, é preciso que a relação estabelecida por ele crie também um cenário de vantagens para o outro ser.
Para exemplificar isso, uma boa opção é citar os fungos que vivem em associação com algas, formando os líquens, população vegetal que costuma se estabelecer de forma primária em um terreno. Como os fungos não realizam a fotossíntese, para consumir alimento e absorver nutrientes eles fazem uso da grande capacidade das algas em transformar a energia luminosa do sol em energia química.
Assim, os fungos conseguem alimento constante e sobrevivem. Já em relação aos benefícios das algas, elas usam a umidade e os nutrientes que os fungos são capazes de reter, além de serem protegidas pela camada de fungos que se estabelece ao seu redor. Esse é um caso típico de mutualismo, onde os dois envolvidos ganham e ninguém é prejudicado com a relação.
Principais Diferenças Entre Fungos Mutualísticos e Decompositores
A principal diferença entre os fungos mutualísticos e os fungos decompositores está realmente na função exercida por cada um dentro do ciclo natural da vida. Como já explicado, enquanto os mutualísticos ajudam o ser envolvido na relação e ao mesmo tempo são ajudados, os decompositores realizam o papel de reciclar a matéria orgânica do planeta, gerando carbono pronto para ser novamente utilizado a partir de materiais mortos.
A presença de ambos é muito importante para a sobrevivência de vida na terra, pois sem a decomposição de matéria orgânica não haveria a reciclagem do carbono e em pouco tempo toda a população estaria morta. Por sua vez, os fungos mutualísticos, entre outras responsabilidades, protegem as algas marinhas, principais responsáveis por gerar oxigênio para o processo respiratório dos seres-humanos.
Fungos Mutualísticos Podem Deixar de Depender de Outros Seres?
Os fungos mutualísticos são essenciais para a sobrevivência de muitos seres, fornecendo nutrientes únicos, a umidade necessária para algumas reações biológicas específicas, a temperatura adequada para a manutenção da vida ou mesmo o PH preciso para impedir a morte desses seres.
Porém, o contrário também acontece e esses fungos também dependem dos outros seres, seja para conseguir acesso aos nutrientes que só a fotossíntese pode oferecer e que em condições normais os fungos não teriam, ou seja para se camuflar e se proteger contra agentes externos agressivos.
O certo é que a interdependência acontece de maneira muito clara. Assim, seria possível que em algum momento os fungos mutualísticos deixassem de depender do ser com o qual se relacionam? A experiência já funcionou em laboratório, sob condições controladas, mas na natureza é muito mais raro ver algo assim, pois os fungos mutualísticos se relacionam por necessidade e não por simples opção.