Queridinha das feiras livres, a banana é considerada um dos alimentos mais importantes do mundo. Disputa o ranking com outros alimentos universalmente consumidos como o arroz, o trigo e o milho.
Você sabia disso?
Pois bem, apesar de ser originária do sudeste da Ásia, atualmente a fruta é símbolo de países tropicais. A banana tem uma grande facilidade de adaptação a variados tipos de solo e clima. O que permite a sua disseminação maciça ao redor do mundo.
Acredite ou não, mas a fruta já foi cultivada em mais de 100 países.
No Brasil, a fruta é consumida in natura, ou adicionada a vitaminas. Porém alguns países latinos vizinhos, países da América Central e países da África também têm o hábito de consumi-la frita ou cozida.
Características da Fruta
A banana é considerada uma fruta partenocárpica, isto é, que não possui semente. Apesar da generalização, algumas poucas espécies apresentam semente, a exemplo de uma espécie comercializada na Ásia, chamada de Musa balbisiana.
Uma curiosidade é que nós consideramos a banana como fruta convencionalmente, porém, pela botânica, ela não é fruta.
É isso mesmo, caro leitor. A banana é um tubo floral, associado com o ovário da planta que se desenvolveram demais. Logo, é considerado um pseudofruto.
Cenário do Plantio de Bananas no Brasil
O cultivo de bananas no Brasil apresenta um cenário extremamente diversificado. Variando desde pequenos produtores (atuando por meio da agricultura familiar), até agricultores que utilizam alta tecnologia no processo de manejo.
A multiplicação da bananeira ocorre, em geral, pela emissão de novos rebentos. Quando uma bananeira adulta emite algum rebento, esse processo é conhecido , agronomicamente, por gestação.
O ciclo de vida da bananeira é bem definido. Após a gestação, há o aparecimento do broto ao nível do solo. Logo após, a bananeira se desenvolve, produzindo um cacho, cujas frutas amadurecem e caem. Em seguida, acontece a secagem das folhas, momento no qual a planta é considerada morta.
Em razão deste processo, no local do plantio, é frequente a presença de bananeiras em vários estágios de desenvolvimento. Algumas delas originadas a partir de rebentos de uma única planta. A esse conjunto de bananeiras em estágios diversificados, atribui-se o nome touceira.
Variabilidade de Espécies
Há espécies de banana cultiváveis e outras selvagens. Após o melhoramento genético, acredita-se que, atualmente, ao redor do mundo, haja mais de 1000 espécies.
Todas as espécies apresentam no nome científico a inicial Musa.
As primeiras bananeiras que produziram frutos comestíveis equivalem às espécies Musa cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisíaca e Musa corniculata.
A maior espécie já conhecida atinge a incrível marca de 50 cm de comprimento e quase 1 quilo. É a Musa ingens, banana presente nas florestas da Nova Guiné.
No Brasil, há 5 espécies consideradas as mais conhecidas e consumidas. São elas a banana-nanica, banana-da-terra, banana-prata, banana-maçã e a banana-ouro.
A banana-ouro é encontrada do litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo, e é a menor da lista. Por sua vez, a banana-da-terra é a maior, podendo chegar até 26 cm de comprimento e meio quilo. É muita polpa, não concordam?
Fora do Brasil, e a nível mundial, o tipo de banana conhecida como Cavendish é considerada um dos tipos mais consumidos. Esse tipo é o principal produto de exportação de países como a Costa Rica e o Equador.
O que é Melhoramento Genético?
O processo de melhoramento genético recentemente vem sendo muito utilizado no cultivo de bananas (ou seja, na bananicultura)
E o que seria esse processo?
Trata-se do ato de selecionar ou modificar o material genético de um ser vivo. Ele é intencional e visa desenvolver características positivas nos alimentos. Um exemplo disso seria a criação de espécies de melancia sem caroço.
Muitas vezes, o melhoramento genético pode ser realizado por meio do cruzamento entre espécies.
No contexto deste artigo, convém salientar que a finalidade em realizar ações de cruzamento de bananas inclue possibilidade de resistência às pragas, e às principais doenças que acometem a bananeira.
Com o melhoramento genético, tornou-se possível obter variadas espécies de banana, a partir de duas únicas espécies ancestrais férteis consideradas diploides (ou seja, com pares de cromossomos iguais entre si).
A partir da obtenção de várias cultivares (espécies melhoradas), as plantas com melhores características agronômicas são selecionadas e reproduzidas em maior escala.
A bananeira pode ser alvo frequente de vários fungos, bactérias, insetos e nematoides. No entanto, mesmo com todos os esforços da biotecnologia, apenas poucas cultivares obtém de fato tolerância a pragas e doenças; apresentando conjuntamente os frutos em boas condições para comercialização.
Essas pragas são bem mais frequentes dentro dos sistemas de agricultura familiar, aumentando o prejuízo e reduzindo o poder econômico do pequeno produtor. A mais frequente delas é a chamada “broca da bananeira” (Cosmopolites sordidus), inseto que pode comprometer até 80 % da produção, além de facilitar a entrada de outros insetos e microrganismos.
Outras infestações incluem uma doença conhecida como Mal-do-Panamá, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense, que pode gerar necrose no sistema vascular da planta. Além da Sigatoka-amarela e Sigatoka-negra, ambas também causadas por fungos.
Desafios do Melhoramento Genético
A planta bananeira possui determinadas características que dificultam o processo de melhoramento genético. Essas características incluem a existência de apenas dois genomas básicos, e a esterilidade natural da maioria das espécies resultantes.
Realizar o melhoramento da bananeira pode demandar um longo período, uma vez que a espécie tem um ciclo longo. Algumas ferramentas da biotecnologia visam facilitar o processo durante a seleção assistida. Elas incluem o uso de marcadores moleculares e a transgenia (transferência de características entre as espécies).
O cenário nacional de melhoramento genético é conduzido pela Embrapa, desde o ano de 1976. A nível mundial, é conduzido por outras organizações. Em Honduras pelo FHIA; na França pelo CIRAD; na África pelo IITA; e na Índia pelo NBRC.
Contudo, ainda há muitos desafios, e os pesquisadores estão trabalhando intensamente em cada um deles.
É importante encarar o processo de melhoramento genético como uma contribuição científica à sociedade. Um mecanismo humano para promover sustentabilidade e adaptação às mudanças ambientais.
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REFERÊNCIAS
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DEVES, H. CIB- Conselho de Informações sobre Biotecnologia. O que é melhoramento genético? Disponível em: < https://cib.org.br/faq/o-que-e-melhoramento-genetico/;
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