O Brasil é o grande vencedor da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China? De qualquer forma, ele segue o caminho do algodão sem contar a soja. A produção de algodão no Brasil bateu o recorde em 2018/19, cerca de 24% superior a 2017/18, com as exportações brasileiras de algodão registrando recordes mensais nos meses de novembro e dezembro de 2018, observa o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
E a China foi o principal destino dessas exportações. Além dos altos impostos alfandegários aplicados ao algodão americano pela China, o Brasil também se beneficiou de preços favoráveis. Além disso, observa um trader, o algodão brasileiro pode, ao contrário do algodão africano, ser um substituto completo do algodão americano.
Isso é confirmado pelo USDA ao observar que melhoria contínua da classificação do algodão brasileiro, principalmente através da introdução no ano passado da classificação do HIV, despertando grande interesse de compradores estrangeiros. O USDA conclui que “a demanda estagnada da indústria brasileira de fios e tecidos deve favorecer entregas futuras, apesar de uma oferta recorde. A expansão da terra arável e duas culturas por ano está ajudando a aumentar a competitividade das exportações brasileiras.
Como É Feita a Comercialização Do Algodão No Brasil?
O Brasil é um dos principais produtores de algodão do mundo e um importante concorrente de Estados Unidos nos mercados de algodão asiático e europeu. Esta situação surgiu como resultado da liberalização do comércio, transformação estrutural da economia brasileira, e o surgimento de novas regiões produtoras de algodão usando tecnologias e beneficiando-se do apoio governamental direcionado.
Acesso do Brasil a agricultura adicional terras e preços favoráveis recentes do algodão sugerem que a produção de algodão do país poderia aumentar ainda mais do que o esperado anteriormente. O Brasil é dotado de uma grande área arável, com diferenças regionais, clima, topografia, solo e vegetação natural. O momento do algodão, com seu plantio e colheita podem, portanto, diferir amplamente entre estados e regiões e se estende por grande parte do ano em âmbito nacional.
O plantio do algodão no centro-oeste do estado de Mato Grosso começa em dezembro e as colheitas começam em junho. No sudeste do estado de São Paulo, o plantio é em outubro e a colheita em março/maio. No Mato Grosso e na Bahia, o plantio de uma segunda safra (chamada safrinha) ocorre por volta de fevereiro/março, geralmente cultivada duas vezes com soja ou milho.
Em 1990, a maior parte da produção brasileira ocorreu no Sul e Sudeste. Desde então, a produção de algodão mudou para o interior do Brasil. Mato Grosso e Bahia agora representam cerca de 80% da produção brasileira. Mato Grosso e as principais áreas produtoras de algodão a Bahia fica dentro da vasta área dos Cerrados, que consiste principalmente em savanas e pastagens e ocupa 197 milhões de hectares, ou cerca de 23 por cento da terra do Brasil.
A região é caracterizada pelo solo, temperatura, e padrões de chuva que, com a tecnologia apropriada, são ideais pra produção de algodão de alto rendimento. As temperaturas em Mato Grosso têm mensais que permanecem em uma faixa estreita ao longo do ano, 23 a 28° C. O resultado é uma longa estação de crescimento (até 210 dias) que gira em torno do momento das chuvas monções.
De outubro a março, a precipitação média mensal varia de 4 a 8 polegadas, antes de diminuir praticamente zero em julho, o mês de pico da colheita. A combinação chuvas regulares durante a estação de crescimento e areias bem drenadas em seu solo significa rendimentos para algodão de sequeiro nos Cerrados, superando rendimentos irrigados em muitas partes do mundo.
Solos bem drenados significam que o trabalho de campo raramente é impedida pelas chuvas, e a virtual ausência de chuva durante a colheita minimiza os danos à colheita. Uma desvantagem do clima é a falta de um período frio para induzir a matança de inverno das pragas de colheita. Como resultado, os gastos com inseticidas por hectare estão entre os mais altos do mundo.
Custos de Produção e Marketing
Os custos de produção do algodão, principalmente o preço dos fertilizantes, aumentaram significativamente nos últimos anos. Os rendimentos no Mato Grosso são altos, compensando os altos custos de produção. Comparando custos com os Estados Unidos, o maior concorrente de exportação do Brasil, são melhor executados usando tabulações do Comitê Consultivo Internacional do Algodão.
Além dos altos custos de controle de insetos, outra desvantagem da agricultura de Cerrados é a enorme distância dos portos e das regiões industriais do Brasil. A distância média aos portos é superior a 1.000 quilômetros e os custos portuários são mais alto do que em outros países devido à infra-estrutura portuária deficiente e custos geralmente mais altos de se fazer negócios no Brasil.
O desenvolvimento da infraestrutura ficou bastante atrasado expansão da produção agrícola. Transporte de Mato Grosso e Bahia é quase inteiramente de caminhão, e apenas 10% das estradas do Brasil são pavimentadas. Um estudo recente descobriu que os produtores de soja no oeste do Brasil gastaram quatro vezes tanto quanto os produtores dos EUA a exportar e os produtores de algodão brasileiro estão em desvantagem semelhante.
Os produtores brasileiros também são prejudicados pela falta de um efetivo mercado futuro de ‘hedge’. Embora um contrato doméstico de futuros de algodão fosse lançado na Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo (Bolsa de Mercadorias & Futuros- BM & F), seu uso é limitado. O interesse especulativo no contrato foi limitado, possivelmente por sua semelhança com o Contrato da Intercontinental Exchange negociado em Nova York. Então os ‘hedgers’ acham o mercado fraco e relutam em se expor ao risco.
O Algodão No Brasil E Seu Futuro Comercial
Os mercados mundiais de commodities tornaram-se extraordinariamente dinâmicos e os preços agrícolas subiram acentuadamente nos últimos anos. A extensão remanescente do Brasil de terras aráveis inexploradas nos Cerrados e sua relativa abertura ao comércio internacional e aos fluxos de investimento agrícola, significa que ela é adequada para responder a choques globais de preços.
O algodão está longe de ser a única cultura cultivada no Centro-Oeste e o futuro papel do Brasil nos mercados mundiais de algodão serão influenciados pelos preços de outros produtos, como a soja e também o algodão. Os preços do algodão recuperaram terreno em relação às culturas concorrentes nos últimos dez anos, e a previsão é manter essa posição durante algum tempo.
O USDA e a FAPRI indicam uma crescente papel para o Brasil nos mercados mundiais de algodão. O USDA e o FAPRI também preveem que a participação brasileira no mercado mundial de soja crescerá mais rapidamente do que o comércio de algodão. No entanto, se a recente mudança de preço em favor do algodão persistir, o Brasil estará bem posicionado para desempenhar um papel maior nos mercados mundiais de algodão.
Índia, a maior exportadora depois dos Estados Unidos, instituiu uma série de proibições de exportação e acordos de licenciamento para exportação de algodão. O Uzbequistão, o segundo maior exportador, tradicionalmente não responde a mudanças de preços mundiais, e a Austrália pode estar respondendo a anos de secas crônicas deslocando a água de alocações de usuários rurais para urbanos.
Essa análise sugere que o Brasil lançou as bases para um algodão forte no setor, que pode responder a mudanças vantajosas nos mercados mundiais. Basta uma política macroeconômica ampla que incentiva o comércio e o investimento em algodão, e suas políticas agrícolas fornecendo uma rede de segurança durante períodos de preços baixos. Programas de apoio à renda como o PEPRO ajudam a compensar os baixos preços de mercado, sustentar a indústria.
Com os altos preços praticados pelo algodão, as transferências através de tais programas deverão diminuir significativamente. No entanto, com a forte base de recursos nos Cerrados e a capacidade das fazendas em grande escala explorando melhorias tecnológicas como o algodão OGM e atraindo investimentos, o Brasil poderá ver uma parcela maior do comércio mundial de algodão.