Assim como o milho e o arroz, o trigo é um cereal, muito consumido em todo o mundo. Ingrediente básico nas mesas das famílias de vários países, o alimento é bem popular, inclusive aqui no Brasil. Ele está presente nas massas, nos pães e até é utilizado para fabricação de bebidas, como por exemplo, a cerveja.
Sua produção é muito importante, tanto no Brasil como no mundo. Mas será que o trigo possui mais de um tipo? E como ele é classificado? Confira a seguir.
História E Origem
O trigo tem suas origens num passado bem distante, cerca de 10 mil anos atrás. Segundo arqueólogos, seu cultivo inicial aconteceu no médio oriente, em países como a Síria, Turquia, Jordânia e Iraque, onde os homens produziam-no, trituravam entre pedras para aproveitar sua farinha.
Há registros de grãos de trigo nas catacumbas das múmias do Egito, em ruinas de alguns lugares da Suíça e também nos tijolos de uma pirâmide de Dashur, que foi construída a mais de 3 mil anos a.C. Além disso, sua origem se mistura com diversas lendas e crenças de várias religiões:
- Para os egípcios, a origem do trigo é atribuída a Deusa Ísis
- Para os cristãos, à Deus
- Para os hindus, à Brama
- Para os árabes, à São Miguel
- Os fenícios, à Dagon
O uso do trigo para fabricação do pão, através da massa fermentada é atribuída aos egípcios que viveram cerca de 20 a 30 séculos a.C. Com o tempo, a fabricação foi sendo aprimorada, melhorando os pães.
Trigo no Brasil
O trigo chegou ao Brasil no período do Brasil Colônia, em 1534, trazido pelos portugueses, com a iniciativa de Martim Afonso de Souza, que queria cultivar o grão aqui. Entretanto, no início, o clima dificultou o cultivo e sua expansão.
No século XVIII os açorianos chegaram ao país, e passaram a cultivar o trigo no sul do Brasil. Lá, o clima, o solo e o ambiente eram mais propícios para o cultivo, e assim eles conseguiram produzir o trigo, se tornando importantes disseminadores da produção de trigo no Brasil. Entretanto, no início do século XIX, vieram as ferrugens que acabaram com as plantações. Também devido as guerras, os portos brasileiros foram abertos aos países amigos do Brasil, o que fez com que o trigo quase desaparecesse das terras.
Em 1824, após a independência e com a chegada dos alemães, houve uma melhora da produção nas colônias do Rio Grande do Sul. E em 1875, os italianos chegaram, dando mais um impulso no plantio do trigo. Ambos, passaram por momentos de êxitos e fracassos durante o cultivo do grão na época.
A estabilização da plantação de trigo no Brasil aconteceu por volta de 1960, através da implantação de uma política de amparo a triticultura bem como a moagem do trigo. Em 1974, foi implantada no Rio Grande do Sul a Embrapa Trigo, que foi essencial para o desenvolvimento das lavouras da região, através da criação de variedades de sementes adaptadas ao sul do Brasil.
Assim, na década de 1980, o Brasil produzia aproximadamente 6 milhões de toneladas de trigo. Entretanto, esse valor caiu e, atualmente está na faixa de 5 milhões de toneladas. O que justifica essa diminuição são os problemas enfrentados na hora de comercializar o grão, apesar de o país ter condições para ser autossuficiente quanto a produção.
Classificação, Tipos E Características Do Trigo
O trigo é um grão, pertence à família Poaceae, e possui 21 espécies. Seu nome científico é Triticum ssp e, dentre os cereais, é o que possui a segunda maior produção mundial. De maneira básica, o trigo é colhido para ser transformado em farinha, a qual é utilizada na fabricação de pães, biscoitos, bolos e outros diversos alimentos.
O cereal é bastante nutritivo, sendo muito importante seu consumo para a saúde. Ele é uma boa fonte de energia, pois trata-se de um carboidrato, rico em magnésio, fósforo, potássio e vitaminas do complexo B, que são essenciais para as pessoas. Além disso, ele possui grande quantidade de fibras alimentares, que ajudam no funcionamento do intestino, no controle do volume de gorduras no sangue e da glicemia além de ajudar no controle do apetite, pois aumenta a saciedade.
O Ministério da Agricultura possui um regulamento de classificação e tipificação do trigo, a fim de estabelecer um padrão com requisitos a serem cumpridos, tais como umidade, qualidade e se são limpos. Essa classificação é feita por processo de amostragem. Assim, o trigo é classificado em dois grupos: I e II.
No grupo I estão os grãos destinados diretamente à alimentação humana. Já no grupo II estão os grãos destinados a moagem e algumas outras finalidades.
Quanto aos tipos de trigo, pelo regulamento existem três tipos, 1, 2 e 3. Estes são classificados conforme seu peso, quantidade de impurezas e defeitos.
Os grãos destinados a moagem, depois de passarem por esse processo e serem classificados quanto ao tipo, são destinados, geralmente, para o preparo de alimentos. Desse modo, os grãos do grupo II possuem classes, conforme detalhamos a seguir:
- Pão: pães de forma e francês, biscoito tipo cracker, massa seca, mistura com outros trigos com menos glúten e uso doméstico.
- Melhorador: usado para pão industrial, massa seca, biscoito tipo cracker, mistura com outros trigos com menos glúten.
- Doméstico: usado para confeitaria, preparo de massas instantâneas, pizza, waffer e produtos caseiros como pão, bolo e bolacha.
- Básico: usado para biscoito, bolacha, pizza, confeitaria, uso doméstico, massas caseiras e misturado com trigos com maior quantidade de glúten.
- Outros usos: ração animal, alimentos infantis, grãos integrais em saladas, uso industrial, como preparo de amido e gérmen de trigo, cerveja e cola.