Se existe uma coisa de significativamente interessante nessa família de plantas brassicaceae (cruciferae) é o fato de apresentar uma diversidade de espécies funcionais, ou seja, úteis pra alguma coisa. Podemos usufruí-las como hortaliças, óleos, forragens, ervas medicinais e também plantas ornamentais. E isso citando apenas algumas das descobertas de seu valor porque, se contabilizarmos de quantas espécies estamos falando, pode se imaginar que ainda há muito o que se descobrir…
A Grande Famíla Brassicaceae
Esta família inclui culturas agrícolas importantes, entre os quais muitos vegetais como repolho, brócolis, couve-flor, couve, couve de bruxelas, savoy, couve-rábano e gai lan (sendo estes citados da família brassica oleracea), nabo, couve chinesa, bomdong, bok choy e rapini (sendo estes citados da família brassica rapa), rúcula (eruca sativa), agrião de jardim (lepidium ativum), agrião (nasturtium officinale) e rabanete (raphanus) e algumas especiarias como rábano (armoracia rusticana), wasabi (eutrema japonicum), mostarda branca, indiana e preta (sinapis alba , brassica juncea e brassica nigra, respectivamente).
O óleo vegetal é produzido a partir das sementes de várias espécies, como brassica napus (óleo de colza), talvez fornecendo o maior volume de óleos vegetais de qualquer espécie. O woad (isatis tinctoria) foi usado no passado para produzir um corante têxtil azul.
O brassicaceae também inclui plantas ornamentais, como espécies de aethionema, alyssum, arabis, aubrieta, aurinia, cheiranthus, erysimum, hesperis, iberis, lobularia, lunaria, malcolmia e matthiola. A lunaria annua é cultivada pelo valor decorativo dos restos translúcidos dos frutos após a secagem. No entanto, pode ser uma espécie de praga em áreas onde não é nativa.
Brassicaceae pode ser encontrada quase em toda a superfície terrestre do planeta, mas está ausente da Antártida e em algumas áreas dos trópicos, ou seja, no nordeste do Brasil, na bacia do Congo, no Sudeste Asiático e na Australásia tropical. A área de origem da família é possivelmente a região iraniano-turaniana, onde aproximadamente 900 espécies ocorrem em 150 gêneros diferentes.
Cerca de 530 deles são endêmicos, ou seja, estado ecológico de uma espécie que é única para uma localização geográfica definida, como uma ilha, nação, país ou outra zona definida, ou tipo de habitat. Em seguida vem em abundância a região do Mediterrâneo, com cerca de 630 espécies (290 das quais são endêmicas) em 113 gêneros.
A família é menos proeminente na região Saharo-Arabian, sendo 65 géneros, 180 espécies, incluindo 62 endêmicas. E também na America do Norte, sendo 99 gêneros, 780 espécies, dos quais 600 são endêmicos. A América do Sul possui 40 gêneros contendo 340 espécies nativas. A África do Sul 15 gêneros com mais de 100 espécies. A Austrália e a Nova Zelândia, 19 gêneros com 114 espécies entre eles.
Espécies Brassicaceae no Brasil
Aqui existem catalogadas 10 gêneros e mais de 20 espécies não endêmicas registradas. Veja a seguir algumas informações sobre algumas dessas:
A mostarda castanha, brassica juncea, uma planta bienal da família brassicaceae, cujas sementes são usadas na preparação de condimentos. Uma planta cuja origem vem da Ásia Central e Oriental. Aqui no Brasil pode ser encontrada em Mato Grosso e no Distrito Federal (região centro oeste), em São Paulo (região sudeste), no Paraná (região sul) e no cerrado da Mata Atlântica.
Brassica rapa, uma planta que consiste em várias subespécies amplamente cultivadas, uma oleaginosa que tem muitos nomes comuns, incluindo nabo,mostarda,colza ekeblock. Aqui nos referimos a variação campestre, uma subespécie de planta com flor originada de Portugal. Sua distribuição geográfica no Brasil envolve os estados do Piauí (região nordeste), no Distrito Federal (região centro oeste), nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de janeiro (região sudeste), nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (região sul), na caatinga e no cerrado da Mata Atlântica.
Capsella bursa pastoris, vulgarmente conhecida como bolsa de pastor. Uma planta anual que pode ser usada tanto no consumo tradicional como na medicina. Originou-se espontaneamente em toda a Europa e Ásia. No Brasil pode ser encontrada no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais (região sudeste), no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (região sul) e em toda a Mata Atlântica.
Cardamine bonariensis, vulgarmente conhecida como agriãozinho entre outros nomes. Considerada uma erva daninha nativa da Europa. No Brasil se prolifera no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (região sul), em São Paulo e Rio de Janeiro (região sudeste), no Ceará, Paraíba e Bahia (região nordeste) e na caatinga da Mata Atlântica.
Coronopus didymus, vulgarmente conhecido como mastruço do brasil, uma planta anual ou bienal cuja origem incerta é atribuída a toda América do Sul. É considerada uma erva medicinal. No Brasil cresce na Bahia (região nordeste), no Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (região sudeste), no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (região sul) e no cerrado da Mata Atlântica.
Lepidium L. Esse gênero botânico da família brassicaceae é extenso e seu habitat natural, em sua maioria, extende-se por toda Europa e Ásia. São catalogadas mais de 40 espécies do gênero lepidium na flora mundial. Ao que parece, o mais conhecido do gênero aqui no Brasil é chamado de mastruço bravo maior (lepidium ruderale). Porém mais cinco espécies do gênero também podem ser encontradas no Brasil. São eles: lepidium aletes, lepidium bonariense, lepidium pseudo didymun, lepidium subulatum e lepidium virginicum.
O lepidium ruderale é o único desses que se espalhou por todas as regiões do país, podendo ser encontrado no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Distrito Federal, Goiás, Pernambuco, Bahia, Paraíba, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, no cerrado e na caatinga da mata Atlântica.
Raphanus L Aqui no Brasil pode ser encontrada duas espécies desse gênero: o nabo (raphanus sativus) e a nabiça (raphanus raphanistrum). Úteis como alimentos e também úteis como composto orgânico de adubo. No Brasil, a nabiça é cultivada no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e na mata Atlântica. Já o nabo do forrageiro é cultivado nas mesmas regiões a excessão de São Paulo.
Rapistrum rugosum, uma planta considerada erva daninha comum vindo da Europa, especialmente de Portugal e Ilha da Madeira. No Brasil pode ser vista em todo o Centro Oeste, em São Paulo (região sudeste), no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina (região sul) e no cerrado da Mata Atlântica.
Rorippa palustris, também uma erva daninha comum nativa de muitas regiões da África, Ásia, Europa, América do Norte e América do Sul. Aqui no Brasil é conhecida vulgarmente como agrião do mato ou agrião do pântano e pode ser encontrada no Acre, no Paraná e na Amazônia.
Sinapis arvensis, uma espécie de planta com flor nativo da bacia do Mediterrâneo, de regiões temperadas do norte da África, Europa e partes da Ásia. Também se naturalizou em grande parte da América do Norte, América do Sul, Austrália, Japão e África do Sul. No Brasil é conhecida como mostarda do campo e pode ser encontrada no Distrito Federal, no cerrado da Mata Atlântica, em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Thlaspi arvense. Também uma espécie de planta com flor nativo de regiões temperadas da Eurásia, mas é uma espécie introduzida naturalizada em toda a América do Norte . No Brasil pode ser vista em São paulo e na Mata Atlântica.
A Rica Flora Mundial
Falamos agora de uma pequena parcela dessa riqueza que é a nossa flora. No mundo há mais de 250 mil espécies catalogadas e o Brasil é responsável por mais de 20% dessa vasta maravilha.
A ciência botânica mantém-se incansavelmente nas vigorosas pesquisas do que pode ser encontrado de novo, mesmo nas espécies já catalogadas. Nunca se sabe! Pois o que é considerado erva daninha hoje, pode de repente salvar vidas amanhã… São os mistérios da natureza!