Entre os principais benefícios proporcionados pelo consumo da deliciosa banana Pacovan, também conhecida como banana Comprida, Chifre de Boi ou Banana da Terra, está o seu alto poder natural de ser uma banana de verdade.
Banana Pacovan pode ser Transgênica?
No entanto, para que seus benefícios sejam realmente comprovados é preciso ter certeza de que não estamos diante de uma variedade criada em laboratório, como a Pacovan Ken. Penso que deram o nome de propósito. O nome Ken desgraça a Pacovan natural, tipo… como se ela fosse a Barbie, entende? Se você entende de Barbie e Ken com certeza entende de bananas, ou não. De qualquer forma o importante é saber qual das duas você está comendo. E isso não tem absolutamente nada de engraçado.
Banana Pacovan é uma espécie em extinção, assim como todas as bananas que você comeu quando era criança (galera com mais de 20 anos). Você sabia que banana não é mais banana? “I é u quê então?” A maioria das que circulam nos supermercados é uma “disgrama” inventada em laboratório como melhoramento genético.
Banana Pacovan e a Sigatoka Negra
A Pacovan Ken é um híbrido lançado pela Embrapa para resistir ao mal da Sigatoka-Negra, uma doença que “surgiu” para aniquilar a fruta dos economicamente menos favorecidos. Como assim, a banana estava naturalmente ao alcance de todos e tiveram a audácia de elitizar a fruta? Exatamente!
Acabaram com as variedades tradicionais para que a banana, a fruta mais barata e acessível do Brasil (rica em fósforo, potássio, cálcio, vitamina C, B1, B2, B3, B5, B6, B9, B12, entre outros micronutrientes) se tornasse o que ela é hoje, um “desbanana”, que vem a ser tudo o que não é uma banana natural e que ainda por cima custa o olho da cara nos supermercados.
Não vou entrar em detalhes pois o editor ocasional disse que esse texto deve ter no mínimo 1000 palavras. Quando eles dizem isso significa que é bom escrever pelo menos 2000. Se fosse para explicar o “paranauê” todo que a BASF (leia-se IGB-Farben) fez desde o fim da segunda guerra mundial até os dias de hoje para conquistar a hegemonia comercial na Europa central e manter o grosso do continente americano como um gigante exportador de commodities ao mesmo tempo em que se configura como um colosso importador de tecnologia e insumos agrícolas sobre os quais não detém patentes, deixando, de quebra, a alimentação do povo mais cara, transgênica e carregada de resíduos agrotóxicos (não pode citar a palavra agrotóxico, senão pode haver processo. O certo é escrever “defensivo”). Se eu tivesse que explicar tudo isso à modo de não parecer uma teoria de conspiração precisaria de pelo menos 10 mil palavras incluindo citações, fontes e artigos científicos que tornariam o texto denso, chato e menos fantástico. Não vai rolar. Vou resumir a coisa toda assim:
Em 1998 surgiu a tal de sigatoka-Negra no estado do Amazonas. Em menos de 6 meses já havia se espalhado por todo o Brasil. O resultado é que a banana desapareceu dos CEASAS e de todos os supermercados brasileiros e ninguém sabia o que estava acontecendo, produtores nem consumidores. “Derrepentemente” vem a EMBRAPA com a solução: variedades de banana resistentes à Sigatoka-Negra. Ótimo! Era tudo o que os produtores e o povo precisavam: bananas geneticamente modificadas para salvar a produção brasileira de uma doença inventada pelo capiroto.
O mais estranho nisso tudo, pelo menos para mim que acompanhei à miúde, é que entre o desabastecimento e o reabastecimento do mercado interno houve um período muito curto, ou seja, a Sigatoka acabou com os bananais do país em 6 meses e 6 meses depois o mercado já havia sido reabastecido? Como assim? Pelo que consta quando uma epidemia surge nessas proporções são necessários anos de estudo para formular uma solução eficiente. A escolhida foi muda geneticamente “melhorada”. Levaram 6 dias para fazer isso e descansaram no sábado. Depois mandaram milhões de híbridas para os 4 cantos do Brasil (porque todo produtor de banana estava desesperado para não perder 100% de suas plantações). As mudas cresceram e frutificaram rapidamente à base de super adubos e o milagre aconteceu: um ciclo que antes demorava de 12 a 24 meses para se completar (tempo entre o desenvolvimento da planta e o cacho de vez no pé) diminuiu para 6 meses, porque foi exatamente esse o tempo que durou a crise da banana no Brasil entre o “surgimento da praga” no Amazonas, a veiculação da notícia na grande mídia brasileira (inclusive na Globo), a falta do produto em praticamente todos os estados brasileiros, o desenvolvimento das novas mudas, a logística de distribuição da variedade híbrida para os produtores de norte a sul, o ciclo de crescimento e produção, colheita e envio para os Ceasas, o reabastecimento e a nova banana disponível nos supermercados tupiniquins.
Particularmente acho que se a coisa toda não fosse um engodo, a crise demoraria cerca de 3 anos até ser resolvida num país tão tecnologicamente atrasado como o nosso. E o que é mais interessante, quase ninguém notou os detalhes da nova banana: A geometria não é mais a mesma, ela tem ângulos, 5 lados, ponta obtusa, super esquisita. Os cachos amadurecem fora do tempo e de maneira desproporcional, verde no meio, madura na ponta, madura no meio, verde na ponta, uma loucura. Tem gosto, textura, tamanho e sabores diferentes da banana crioula (crioula, em agricultura natural, significa tudo o que não foi modificado em laboratório). E para finalizar são mal nutridas – deficientes em vitaminas – ao mesmo tempo carregadas com altas doses de fungicidas patenteados pelas conceituadas empresas estrangeiras desenvolvidas na Alemanha pós-guerra.
Banana Pacovan e Agrofloresta
Para o produtor sobrou o custo do controle químico-mecânico (maquinário, implemento, defensivo, corretivo, adubação primária, secundária e micro nutrientes) e 100 anos de solidão insistindo na monocultura extensiva quando a agrofloresta sintrópica já está disponível e ao alcance de todos com 80% menos custo e 20% mais eficiência produtiva.
Conversei com um produtor outro dia. Disse-me que 50% do lucro da produção vai para o pagamento de adubo e veneno. Dos outros 50% ele paga mão-de-obra. Quando sobra lucro é pouco. Em sua família ele será o último a ser agricultor, “Se Deus quiser”, como disse com a boca cheia.
Minha mãe adora banana. Tem dias que não compro de raiva. Custava R$ 1,00 o kilo. Hoje chega a custar mais de R$ 5,00. Preço médio durante o ano R$ 3,00. Está competindo com o tomate e a maçã, passou a laranja e o limão e se tudo continuar como está vai chegar ao status de fruta de rico em menos de 10 anos porque os produtores não vão aguentar o tal do agribusiness por muito mais tempo.
Agrofloresta sintrópica, agroecologia, agricultura familiar, agricultura orgânica. O Brasil tem tecnologia própria para ser produtor-consumidor e exportador de alimentos de excelente qualidade com alto valor agregado. No entanto continua a ser reconfigurado como eterno dependente de um codex alimentarius compreensível apenas para quem domina o latim. Ainda somos a república das bananas, de caras bananas, ou dos caras bananas, como preferir.
Banana Pacovan Emagrece ou Engorda?
A boa notícia é que se você tiver um amigo produtor agroecológico poderá conhecer essa raridade chamada banana crioula. Conheço alguns e, vez em quando, tenho a sorte de comer Banana da Terra na farofa do almoço de domingo.
Mas afinal, banana Pacovan emagrece? Banana Pacovan engorda?
A pergunta que você deve fazer é a seguinte: A crise de obesidade que se espalhou pelo mundo tem a ver com o envenenamento lento e progressivo dos consumidores pelas altas doses de agrotóxicos aplicados nas plantações de alimentos híbridos e geneticamente modificados?
“Veneno quando não mata engorda” (velho adágio popular).
by Marcos Paulo Carlito