A proprietária de um sítio do município de Nova Oriente, uma das cidades que formam o Vale do Aço, em Minas Gerais, admirou-se de encontrar em suas terras uma arvore, que produzia uma espécie de goiaba bem maior do que o normal. Curiosa solicitou o parecer de um técnico agrícola, e o resultado mostrou que a árvore encontrada era um araçazeiro, que em geral ocorre nas áreas menos arborizadas da Amazônia, como capoeiras, várzeas, banhados e matas semi devastadas. Não me perguntem como esta planta foi parar em Minas Gerais, dispersão de frutos e migração de aves, estes não são o nosso assunto, no momento.
Araçá-Pera: Pé
É uma árvore perenifólia nativa, de 3 a 7 metros de altura, de ramos alados e quadrangulares, comum na região amazônica. É uma árvore vistosa, de tronco liso e escamoso. Suas flores são axilares branquinhas e perfumadas que apresentam-se durante o ano todo, sendo mais escassas nos três primeiros meses do ano. Seus frutos são redondos igual a uma pera, de cores que vão do verde ao amarelo a medida que amadurecem, surgem em profusão no segundo semestre do ano, sendo mais produtivos a partir de outubro.
Mais se parece uma planta de jardim pois sua copa verde clara intensa é composta de folhas impressas, cartáceas, glabras e onduladas nas margens com cerca de 13 cm., proporcionam um aspecto majestoso à planta, manda muito bem em jardins públicos e em pequenos espaços. Sua presença ainda é rara em pomares domésticos.
Araçá-Pera: Importância Ecológica
Sistemas agroflorestais produzem o cultivo de árvores e produtos agrícolas no mesmo espaço podendo se basear na sucessão ecológica, análogos aos ecossistemas naturais, em que árvores exóticas ou nativas, como araçá-pera , são consorciadas com culturas agrícolas, trepadeiras, forrageiras, arbustivas, de acordo com um arranjo espacial e temporal pré estabelecido, com alta diversidade de espécies e interações entre elas.
À exceção da mosca-da-fruta pés de araçá-pera apresentam pouca susceptibilidade a pragas e doenças, sendo indicadas para a recomposição de áreas degradadas dentro de parques de preservação animal, ofertando um aditivo a mais, além do reflorestamento, seus frutos atraem e enriquecem a flora.
A madeira do seu tronco rijo e seco serve à serviços de carpintaria, marcenaria e artesanato. São úteis também para lenha e carvão.Ademais pés de araçá-pera embelezam a propriedade, promovem a diminuição da incidência de luz e calor no verão, trazendo conforto ambiental. Protegem as nascentes, abrigam e ofertam abundância de alimentos para a fauna.
Araçá-Pera: Cultivo
Adapta-se bem em todo tipo de solo, sendo mais indicados os arenosos ou turfosos. O beneficiamento de suas sementes requer que sejam lavadas e postas a secar ao sol, apresentando índices de germinação de 60%, após um ano de armazenamento.
Suas mudas devem ser fixadas em covas profundas e úmidas, com muita oferta de luz solar e aeração. A planta começa a produzir frutos após o terceiro ano, com boa adubação. Após este período a árvore diminui sua taxa de crescimento.
A adubação da planta favorecem as etapas de floração e frutificação, recomenda-se estabelecer um calendário biológico. As abelhas são o principais polinizadores desta espécie.
Araçá-Pera: Consumo
O araçá-pera apresenta uma coloração branca em sua polpa aromática, carnosa e ácida, apresenta frutos globosos e sementes grandes, que caem facilmente das árvores, propagando-se através das sementes.
A possibilidade de se comprar o fruto ‘in natura’ é, digamos inexistente, nos muitos mercados das principais cidades brasileiras, posto que em virtude de sua fragilidade e rápida degradação, a fruta deve ser consumida logo após sua retirada da árvore.
Seu consumo recomendado é sob forma de sucos, cremes e sorvetes, que remetem ao sabor da pera. Uma receita de “frozen yogurt” é feita com polpa do araçá-pera congelada batida com iogurte.
Araçá-Pera: Nome Científico
Araças e goiabas pertencem à família das Mirtáceas. As espécies e variedades pertencentes a esta família encontra-se distribuídas em todo o mundo, exceto nas regiões geladas. Na Flora Brasileira, com destaque para a Floresta Atlântica e de Restinga, onde é uma das mais comum dentre todas as famílias de vegetais encontradas. Esta abundância de parentes próximos, apresentando características muito semelhantes em sua morfologia e fisiologia, dificultam a identificação em nível específico. Incluem plantas lenhosas, arbustivas, arbóreas ou trepadeiras. Certa publicação sugere que existem tantas espécies de araçás, quanto nomes de praias no Brasil. Quanto ao araçá-pera:
Nome científico: Psidium acutangulum
Família: Myrtaceae.
Araçá-Pera: Benefícios
A medicina popular deriva bastante benefícios das estruturas do pé de araçá-pera:
As folhas, os brotos e os frutos do araçá-pera são indicadas para reduzir a oleosidade da pele, por possuírem propriedades adstringentes, indicadas no tratamento de acnes e espinhas. O chá, resultante do cozimento de suas raízes e cascas cozidas auxiliam no combate a diarreia. Nos processos hemorrágicos (hemoptises), as cascas do araçá-pera promovem alívio. Banhos com folhas de araçá-pera aliviam dores nas articulações.
Propriedades Químicas em 100 gr. de polpa comestível:
Energia – 62 kcal
Proteína – 1,50g
Lipídios – 0,60 g
Carboidratos – 14,30 g
Fibra – 5,20 g
Cálcio – 48,00 mg
Fósforo – 33,00 mg
Ferro – 6,30 mg
Retinol – 48,00 mcg
Vitamina B1 – 0,06 mg
Vitamina B2 – 0,04 mg
Niacina – 1,30 mg
Vitamina C – 326,00 mg.
Araçá-Pera: Importância Econômica
Além do araçá-pera a região norte possui uma grande variedade de frutas nativas, muitas completamente desconhecidas da população local e do resto do país, mas com imenso potencial para a exploração comercial.
A preservação de espécies nativas, a geração de emprego e rendas às pequenas comunidades, são objetivos perseguidos por tais projetos que pretendem alavancar o desenvolvimento através da valorização dos recursos naturais disponíveis, investindo na produção e beneficiamento do araçá-pera e outras frutas nativas.
Projetos que visam desenvolver e adaptar tecnologias agrícolas, que permitam o cultivo e produção, estão sendo implantado na região. São projetos que realizarão atividades que envolvem aplicações de técnicas de cultura de tecidos e convencionais na propagação das fruteiras nativas, além do manejo e avaliação agronômica das espécies em condições de cerrado e floresta de transição, bem como o desenvolvimento de produtos agroalimentares à base dessas frutas.
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By Ayamit@mi