A alface é o vegetal folhoso mais consumido no Brasil. Só em São Paulo, estima-se que entre 120 mil e 130 mil toneladas sejam produzidas anualmente, e distribuídas por praticamente todas as regiões do país.
Entre as variedades mais consumidas está a alface lisa, cuja principal característica é a de possuir uma textura macia e o formato liso das suas folhas.
Ela compete de forma aguerrida pela preferência dos brasileiros com a alface crespa, muito por conta das suas folhas de aspecto agradável, distribuídas de forma solta em sua estrutura semelhante a de um repolho, uma cor verde-clara e um sabor não tão amargo quanto o de outras variedades.
Em seu interior, ela apresenta como que uma substância meio amanteigada – o que lhe confere, em algumas regiões, o apelido de “alface-manteiga”, devido à sua característica de dissolver-se na boca.
No estado de São Paulo (e praticamente em toda a região sudeste) ela é praticamente imbatível. E na Europa (especialmente nos países do Mediterrâneo) ela é a preferida.
Entre os praticantes de dietas rigorosas, as características da alface lisa de ser um vegetal com alto teor de clorofila (um potente desintoxicante), possuir cerca de 14Kcal por 100g e de apresentar um poderoso efeito diurético, laxante e mineralizante, fazem dela uma verdadeira celebridade entre essa população.
Enfim, uma variedade considerada um verdadeiro sinônimo de saladas, provavelmente resultante de mutações genéticas a partir da variedade Lactuca serriola, tradicionalíssima entre os países do Mediterrâneo (e na dieta do Mediterrâneo), e que a cada dia mostra uma faceta praticamente desconhecida sobre a sua curiosa personalidade.
Vejamos uma comparação nutricional da alface lisa com outras variedades:
Alface americana | Alface lisa | Alface roxa | |
Energia | 9 kcal | 14 kcal | 12 kcal |
Proteína | 0,7 g | 1,6 g | 1,8 g |
Gordura | 0,1 g | 0,1 g | 0,2 g |
Carboidrato | 1,8 g | 2,3 g | 2,4 g |
Fibra | 1,0 g | 2,2 g | 2,1 g |
Fósforo | 18 mg | 25 mg | 50 mg |
Vitamina C | 10 mg | 21,3 mg | 13,4 mg |
Uma Trajetória das Mais Singulares
Tudo indica que as propriedades e as características das alfaces lisa, romana, americana e frisada, já eram conhecidas desde tempos imemoriais. Na verdade, suspeita-se de que egípcios, gregos, romanos, persas, mesopotâmios, sumérios, cretenses, cartaginenses, entre outros povos da antiguidades, eram grandes apreciadores desse vegetal.
Alguns países do Mediterrâneo, como: Grécia, Chipre, Turquia, Egito, entre outros países, foram apresentados às excelentes propriedades da alface por volta de 400 a.C.
Inicialmente, eles apreciavam as suas qualidades como excelente fonte de alimentação para os seus rebanhos de caprinos, suínos e ovinos. Mas não demorou para que as suas qualidades ornamentais – e logo após, alimentícias – fossem reconhecidas.
A alface logo passou a fazer parte do dia a dia de indivíduos de todas as classes, como um poderoso digestivo e desintoxicante natural; até ser, finalmente, trazida para as Américas, supostamente por meio das Grandes Navegações.
Das mãos dos grandes navegadores as formidáveis características e propriedades da alface lisa e americana foram apresentadas à população das ilhas do Caribe e das Bahamas (inicialmente), até espalhar-se por todo o continente, e cair, definitivamente, no gosto popular.
Agora problemas digestivos, tosses, congestão nasal, insônia, ansiedade, distúrbios hepáticos e renais, poderiam contar com uma nova arma, de onde se extrairia um poderoso óleo essencial, além de asparagina, lactucina, albumina, entre outras substâncias, capazes de contribuir, decisivamente, para a regularização do metabolismo do organismo.
A Alface Nos Dias Atuais
A alface lisa possui as características de um excelente digestivo e desintoxicante. Mas não é só isso!
As suas quantidades generosas de vitaminas A, complexo B, C e E, associadas a substâncias como a lactucina, o betacaroteno, óleos essenciais, além de fibras, ferro, potássio, cálcio, entre outras substâncias, agora fazem dela um dos vegetais mais consumidos por praticantes de dietas e de atividades físicas.
Para os rins e o fígado, ela é incomparável! A sua capacidade de estimular a produção de bílis, a micção e de desintoxicar esses órgãos, é reconhecida cientificamente.
Nesse último caso, essa sua capacidade deve-se, em boa medida, às suas altas concentrações de clorofila, que não incumbe-se apenas de dar a cor verde característica das suas folhas, mas também de realizar uma verdadeira faxina no organismo.
Quando descobrimos, por exemplo, a sua capacidade de equilibrar a acidez no sangue, reduzir os riscos de câncer, e ainda ajudar a combater casos leves de depressão, aí é que as suas qualidades saltam aos olhos!
O seu poderoso sumo poderá ser extraído na forma de sucos. As infusões também fazem com que as suas propriedades sejam melhor aproveitadas. Mas, para muitos, é crua, e como ingrediente de saladas, que ela mostra todo o seu potencial digestivo, ao tornar equilibrada uma dieta excessivamente calórica.
Mas se não bastarem tantas qualidades e características únicas, a alface lisa também pode ser utilizada como um coadjuvante no tratamento da casos leves de insônia e ansiedade.
Isso porque uma substância conhecida como “lactucina” – que pode ser extraída por meio da infusão das suas folhas – possui propriedades sedativas, calmantes e relaxantes comprovadas cientificamente.
Como Escolher esse Vegetal Corretamente?
Como ocorre com todo o vegetal que se queira introduzir a uma dieta, a escolha dos melhores exemplares pode fazer toda a diferença para o aproveitamento das suas características, substâncias, vitaminas e propriedades terapêuticas.
Hoje já existem espécies mais resistentes às variações de temperatura (um dos grandes inimigos desse tipo de cultura). No entanto, a alface lisa continua apresentando a característica de pouca resistência aos transtornos resultantes do seu armazenamento e distribuição.
Portanto, o recomendado (para que se possa garantir as quantidades ideais de nutrientes desse vegetal) é a escolha de exemplares com uma aparência vistosa, textura firme, com a sua cor verde característica, sem manchas amarelas ou bordas quebradiças.
Elas também não podem estar murchas, devem ser consumidas o mais rapidamente possível, não podem ser misturadas a outras variedades de vegetais – cuidados que evitam a proliferação de fungos, parasitas e demais micro-organismos patológicos que, certamente, comprometerão a capacidade nutritiva desse vegetal.
E, por fim, para os adeptos do seu consumo in natura (em saladas, basicamente), o recomendado é a sua correta higienização.
Para isso, você terá que mergulhar as folhas de alface em pelo menos 1 litro de água contendo 10 ml de hipoclorito de sódio (água sanitária). E, após 10 minutos de imersão, terá a garantia de que irá consumir um vegetal livre de qualquer tipo de micro-organismo prejudicial à saúde.
Fique à vontade para deixar o seu comentário sobre esse artigo. E aproveite para compartilhar com os amigos e familiares os nossos conteúdos.