A alface frisada também é conhecida como “alface crespa”. Ela é uma variedade da Lactuca sativa, o vegetal folhoso mais consumido no Brasil e nº1 na região Sudeste – especialmente em São Paulo: o maior produtor brasileiro, com cerca de 130 mil toneladas produzidas anualmente.
Ela apresenta praticamente as mesmas propriedades das demais variedades, com algumas diferenças básicas: É um pouco mais amarga, possui inconfundíveis ondulações nas suas extremidades, é mais rica em cálcio e fosfato, além de também ser encontrada com uma coloração roxa (apesar de bastante incomum).
Essa variedade pode ser cultivada durante os 360 dias do ano, especialmente entre maio e novembro, quando é possível evitar as temperaturas extremamente elevadas e, com isso, garantir exemplares com os seus teores ideais de cálcio, ferro, fósforo, niacina, vitaminas A e C, além de fibras! Muitas fibras! Sem dúvida, uma das suas principais características.
A alface frisada ainda possui um nível energético baixíssimo. Calcula-se que 100g do vegetal não contenham mais do que 11kcal – o que faz dela uma das “celebridades” entre os ingredientes dos famosos “sucos detox” e de inúmeras dietas baseadas na restrição de calorias.
Mas a escolha das variedades a serem consumidas também pode fazer toda a diferença para quem deseja garantir a ingestão de tais nutrientes.
É necessário, por exemplo, que os exemplares apresentem um aspecto firme, vistosos, com a sua cor verde característica, sem manchas escuras, extremidades amareladas, entre outros detalhes, que certamente indicam um estado de decomposição ou a presença de fungos e demais micro-organismos patológicos.
Como o seu consumo mais tradicional é in natura (como ingrediente de saladas), o recomendado é que ela seja higienizada previamente.
E, para tal, basta mergulhar as folhas em um recipiente contendo 1 litro de água e 10ml de hipoclorito de sódio durante 10 min. Dessa forma, irá garantir a ingestão de um vegetal rico, saudável e livre de germes, fungos, entre outros micro-organismos.
O Curioso Trajeto da Alface Frisada
Alface frisada possui uma trajetória das mais singulares entre os vegetais conhecidos. Estima-se que essa variedade já compunha os jardins de reis e rainhas da antiga Pérsia, além dos suntuosos banquetes dos senhores durante o Império Romano.
Mas ela teria sido popularizada mesmo foi por volta de 400 a.C., em algumas regiões do Mediterrâneo, em especial na Grécia, Turquia, Chipre, Egito, entre outros países desse trecho da Europa.
Acredita-se que essa variedade é uma das várias mutações genéticas sofridas, provavelmente, pela sua ancestral, a Lactuca serriola.
Essa era uma espécie bastante popular como material para alimentação de rebanhos de ovino, caprinos e suínos em regiões do Egito, Pérsia, Mesopotâmia, Grécia, Suméria, entre outras regiões da Ásia e, principalmente, do Mediterrâneo.
E foi exatamente devido a essas, digamos, mutações e seleções naturais, que foi possível apresentá-la, inicialmente, a boa parte dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo – especialmente a Grécia.
Até que, de lá, fosse absorvida pelos romanos e, posteriormente, por toda a Europa – já com as suas inúmeras variedades: Lisa, americana, frisada, romana, entre outras.
Diferentes Tipos Para Diferentes Gostos
As variedades de alface se diferenciam, não tanto pelos seus caracteres biológicos e nutricionais como pelo seus formatos, quantidades de frisos, estrutura da cabeça, volumes, modo como as suas folhas estão sobrepostas, etc.
Não se sabe bem o porquê, mais a alface frisada (ou crespa) conquistou o status de “a variedade mais popular do Brasil”; sendo que, em São Paulo, por exemplo, ela é praticamente imbatível – ao contrário do que ocorre em boa parte da Europa, onde predominam as variedades romana, lisa e americana.
Já nos Estados Unidos, não se sabe se por questões óbvias, a variedade frisada não consegue competir de forma alguma com a americana, que praticamente comanda a produção em quase todos os estados.
Aliás, uma curiosidade a respeito da produção de alfaces na Europa, Estados Unidos e Brasil, é que os primeiros orgulham-se do uso de altas tecnologias – inclusive de logística – capazes de fazer com que a produção dos rincões mais afastados seja oferecida em todo o país.
Ao contrário do que ocorre no Brasil, que ainda depende dos chamados “Cinturões Verdes” – espécies de trechos com poucos hectares, geralmente próximos aos grandes centros urbanos, e especializados em uma agricultura familiar voltada para a produção de vegetais e leguminosas.
Novas Cultivares de Alfaces Frisadas
Recentemente a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) lançou duas novas variedades de alfaces crespas: a BRS Mediterrânea e a BRS Leila. Duas espécies que têm, como principal característica, uma maior resistência às intempéries e alterações climáticas.
Baixas temperaturas e o aumento repentino de calor agora não deverão mais prejudicar o florescimento dessa espécie – uma vantagem bastante significativa, segundo os produtores, especialmente em tempos como esses de sensíveis alterações no clima das principais regiões produtoras da alface no país.
Um dos efeitos resultantes dessas alterações climáticas, é que o calor excessivo, por exemplo, faz com que o vegetal floresça muito rapidamente, o que provoca a consequente produção da substância que lhe confere o sabor amargo.
Essas novas variedades de alfaces frisadas resistem bem mais ao calor, e não se desenvolvem tão rapidamente. E a consequência disso, é que os vegetais florescem no período certo e sem que adquiram esse amargor tão indesejável.
Estima-se que uma cultivar BRS Leila, por exemplo – quando comparada às variedades convencionais -, consiga retardar entre 8 e 10 dias o seu florescimento, mesmo quando são expostas a um calor intenso.
A BRS Leila chama a atenção também pela sua resistência às alterações climáticas, enquanto a variedade BRS Mediterrânea impressiona pela rapidez com que se desenvolvem, sem que haja perda da sua qualidade comercial e nutricional.
Na verdade, oito dias antes da colheita das espécies tradicionais, já é possível colher a BRS Mediterrânea, mesmo sob uma temperatura considerada mortal para outras variedades.
Como se sabe, a alface é um vegetal típico do mediterrâneo, com o seu característico clima temperado. Dessa forma, a adaptação do alface ao clima tropical brasileiro não ocorreu sem alguns inconvenientes, como a sua fragilidade com relação a fungos e demais micro-organismos patológicos, por exemplo.
Com as variedades de alfaces frisadas BRS esse problema é resolvido, já que também são mais resistentes aos tipos mais comuns e temidos de fungos que costumam atacar as lavouras brasileiras.
Sem contar a fácil adaptação a todos os tipos de cultivos, inclusive o hidropônico, que é conhecido por expor as espécies a temperaturas bem mais elevadas.
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