Os marimbondos pertencem à ordem Hymenoptera, que também abriga as abelhas e as formigas, compondo, assim, uma comunidade com importante contribuição socioeconômico para o país, em especial pela sua atividade polinizadora e controladora de pragas.
Mas é possível que você os conheça como vespas (vespas sociais), uma das espécies mais detestadas da natureza, e que por isso mesmo costuma ter as suas colônias destruídas em massa, a despeito dos prejuízos que essa iniciativa pode ao equilíbrio de um determinado ecossistema.
O curioso é que, apesar da sua importância para o meio ambiente, pouco se sabe acerca dos aspectos e características genéticas e biológicas dessa espécie.
E tudo o que se sabe sobre os marimbondos com relação às suas características comportamentais, nomes científicos, entre outras singularidades que podemos observar nessas fotos, é que estamos falando do membro de uma comunidade com mais de 110.000 espécies, distribuídas em cerca de 100 famílias taxonômicas.
Com exemplares como o singular Marimbondo-caçador, que recebe esse nome por ser um implacável caçador de aranhas; o “Mamangava” (as “grandes abelhas”); e até mesmo as singelas e inofensivas espécies da família Manstispidae, também conhecidas pelo exotismo das suas cores e formas.
E curioso também é saber que essa aversão que as vespas despertam em muito pode ser atribuída ao quase total desconhecimento sobre a sua real importância.
Além dos verdadeiros riscos que causam à saúde humana, potencial neurotóxico, entre outras particularidades que fazem com que a criação de projetos de educação para o conhecimento dessa comunidade seja uma das tarefas mais importantes na luta pela preservação desses animais para as próximas gerações.
Principais Características dos Marimbondos
Os marimbondos podem ser encontrados em duas subordens: Symphyta e Apocrita. E entre as principais características das espécies dessa comunidade está o fato de elas atuarem como importantes agentes polinizadores no meio ambiente; alimentarem-se de larvas, parasitas e espécies vegetais; além de serem capazes de inocular uma perigosa toxina quando ameaçadas em seus habitats naturais.
Esses animais vivem em colônias, possuem hábitos solitários (durante a busca de pólen, néctar e outras fontes de sobrevivência) e constroem seus ninhos com os mais diversos tipos de materiais, como resinas folhas, ceras, celulose, terra, entre outros produtos que encontrem pelo caminho.
Características Físicas
Os marimbondos possuem dois pares de asas, um único ferrão (exclusivo das fêmeas), costumam ser voadores (salvo em algumas exceções), podem ser predadores (a maioria) ou parasitas; e chamam a atenção por produzirem um mel curiosamente fabricado a partir das larvas de alguns insetos – e que, diferentemente do das abelhas, não é comestível.
Os marimbondos podem ser sociais ou solitários, possuem uma coloração toda ela preta ou com frisos amarelos, medem entre 9 e 26 mm de comprimento, trabalham em um formidável esquema de solidariedade dentro e fora das colônias, e ainda constituem-se por um curioso sistema de castas.
E esse sistema é composto por machos, operárias e rainhas, mais ou menos como ocorre na comunidade das abelhas, na qual as operárias trabalham e os machos possuem a função exclusiva de fecundar as rainhas.
Enquanto estas, por sua vez, são responsáveis por iniciar a construção das colônias, depositar os primeiros ovos e alimentar as larvas que nascem deles. Para que, então, estas larvas transformem-se nas primeiras operárias que cuidarão dos próximos ovos, e assim sucessivamente, em um exemplo clássicos da harmonia que é possível encontrar no seio da natureza selvagem.
Tudo Sobre o Habitat e a Importância dos Marimbondos
Os marimbondos caracterizam-se pela facilidade de adaptarem-se a uma diversidade incrível de ambientes; desde as matas fechadas, passando pelos campos e cerrados, a até mesmo pastos, lavouras e áreas urbanas.
Eles possuem as características de animais diurnos e apreciadores de uma dieta que contenha uma abundância de formigas, cupins, aranhas, mariposas, mosquitos, louva-a-deus, lagartas, e até mesmo o temido e famigerado Aedes aegypti.
O habitat desses animais são as colônias que constroem com restos de larvas e outros materiais como folhas, ervas, brotos, resinas, ceras, celulose, entre outros produtos; com ajuda dos quais eles erguem as suas casas com um formato semelhante ao de um favo de mel.
Essas casas possuem células hexagonais, onde os marimbondos depositam o pólen recolhido das flores; assim como também uma substância que vai sendo formada a partir desses resíduos de larvas e insetos que têm o azar de cruzar o caminho com essas vespas quando chega a hora de construir os seus ninhos.
Apesar de temidos, os marimbondos possuem, também, uma importância capital no controle dos mais diversos tipos de pragas urbanas que são o terror das lavouras e pastagens de todo o Brasil.
Exemplos
Em especial os gafanhotos, lagartas, besouros, insetos, artrópodes e um sem número de outras espécies, que são capazes de devastar plantações inteiras, mas que encontram nos marimbondos inimigos implacáveis, já que é com essas variedades que eles alimentam as larvas durante a fase de crescimento.
Mas a importância dos marimbondos na natureza não fica só nisso. Não mesmo! Saibam que eles, juntamente com as abelhas, morcegos, pássaros e outras espécies da fauna do planeta, configuram-se como alguns dos principais polinizadores do meio ambiente.
Calcula-se que cerca de 80% das espécies vegetais do planeta dependam desses animais para espalharem-se pela natureza – uma comunidade composta por espécies florais, plantas rústicas, árvores, arbustos, lianas, entre outras inúmeras variedades que não teriam a menor chance de sobrevivência sem a contribuição valiosíssima de comunidades como a dos marimbondos.
Para se ter uma ideia da importância desses animais para o meio ambiente, basta saber que eles também são contemplados pela Lei nº 5.197/67, que os classifica como espécies da fauna silvestre protegidas da caça, comercialização e posse ilegal em todo o território nacional.
Fotos
E ainda: os marimbondos, assim como toda a diversidade da fauna e da flora do planeta, são unidades ecológicas e evolutivas que atuam como um dos elos dessa corrente chamada “biosfera terrestre”, com uma contribuição importante para o bem estar do planeta e para o seu equilíbrio geral.
Por meio da sua interação com os outros seres (inclusive com os humanos), os marimbondos contribuem, por exemplo, para evitar a superpopulação de determinadas espécies.
E sem as suas contribuições o que teríamos é uma verdadeira catástrofe, com populações incontroláveis de gafanhotos, lagartos, louva-a-deus, besouros, entre outras espécies que, por mais inofensivas que possam parecer, quando em milhares ou milhões sobre uma comunidade acabam sendo responsáveis pela sua completa destruição.
Um Papel Ecológico Essencial
As características, nome científico, fotos, imagens e tudo o mais que possamos falar sobre os marimbondos deverá levar em consideração o fato de que aquilo que chamamos “importância” deve ser melhor definido como o “perigo da ausência”.
Isso porque esses chamados “papéis ecológicos” representado pelas espécies alteram-se e modificam-se ao longo da evolução; o que faz com que uma importante polinizadora no passado, por exemplo, acabe perdendo essa característica e assumindo outras, que, por sua vez, tornam-se da mesma forma necessárias (ou mesmo indispensáveis) para o equilíbrio do meio ambiente.
Nesse sentido, a importância de uma determinada comunidade, como a dos marimbondos, está mais ligada aos riscos da sua ausência em um ecossistema do que propriamente aos benefícios da sua introdução; o que configura-se como uma diferença essencial na hora de avaliar a importância das modificações artificiais que são levadas a cabo em um determinado bioma.
Portanto, configura-se como um crime, devidamente amparado por legislação específica, caçar, queimar colônias, comercializar, entre outras práticas relacionadas ao uso indevido das espécies da fauna silvestre como os marimbondos.
Cuja extinção, como pudemos perceber até aqui, pode ser determinante para o desencadeamento de uma série de consequências relativas ao desequilíbrio da biosfera terrestre.
Curiosidades
Mas como se não bastassem tantas singularidades, os marimbondos ainda podem gabar-se de servirem como fonte de inspiração para a arquitetura moderna.
Isso porque, de acordo com o arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa, o homem, ao longo de milênios, afastou-se da preocupação ecológica não hora de construir as suas moradias.
E nisso as vespas e as abelhas são campeãs! Pois além de (mesmo sem querer) darem verdadeiros exemplos de comunicação estética nas suas construções, ainda as planejam de forma a traduzir uma adaptação ecológica simplesmente formidável.
Eficiência energética, funcionalidade, economia de recursos, adaptação ecológica, vigor das estruturas…Esses são, de acordo com o professor, apenas alguns dos exemplos de como os marimbondos e as abelhas podem superar, e muito, os homens no segmento da arquitetura e construção.
Tratando mais especificamente dos marimbondos, já vimos como eles possuem o hábito de mastigar os restos vegetais, celulose, resina, entre outros materiais da própria colônia já construída, como forma de garantir a sua revitalização sem o desconforto de ter que sair à caça de novos materiais.
Eles, inclusive, são bem mais racionais na hora de construir, pois uma das suas características mais marcantes é justamente poupar e reservar restos de materiais próximos às colônias, para sempre que precisar tê-los ali, à mão, e a qualquer momento, não precisar de novas e arriscadas expedições.
Eles também ganham de nós de lavada quando o assunto é manter a temperatura em níveis bem mais agradáveis no interior das suas residências.
Uma colônia de marimbondo costuma ter diferenças de até 15 graus em relação ao ambiente externo; e se precisar de uma temperatura um pouco mais agradável nos dias frios, não tem problema, é só transportar os ovos para o núcleo da colônia.
Mas e se por acaso o tempo virar, e o que até então era frio transformar-se em um insuportável calor? Mais uma vez, eles têm a solução: é só transportar as larvas para as regiões mais próximas da saída, a fim de que elas possam aproveitar melhor um pouco da brisa que vem de fora.
Um Gênero e as Suas Peculiaridades
E tudo o mais que se sabe sobre esse potencial da arquitetura dos marimbondos nos diz que eles também podem decidir, se assim for necessário, construir alguns “puxadinhos” modulares, como forma de só desgastarem-se com uma construção quando for estritamente necessário, a fim que não haja qualquer risco de desperdício.
Essas e outras inovações em arquitetura de colônias de marimbondos, acreditem, já até são fontes de inspiração para institutos como o Biomimicry Institute dos Estados Unidos. Um grupo que utiliza os fundamentos da biomimética (que descreve soluções observadas na natureza) para criar novas propostas para a arquitetura do séc. XXI.
Os imóveis construídos com esse perfil possuem sistemas elétricos e hidráulicos embutidos em compartimentos não fixos, e que podem ser deslocados em bloco a depender da necessidade.
Essa é a tecnologia dos módulos, sem a menor cerimônia copiada das habitações dos marimbondos, e que consiste em construir um imóvel que possa tornar-se maior com o encaixe de novos cômodos, ou menor, com a retirada deles. E tudo isso com um baixíssimo custo, além de mão de obra das mais simples, fácil, rápida, barata e, antes de tudo, sustentável.
Dessa forma, as construções tornam-se quase como extensões da natureza, e não competidoras – algo que, não raro, contribui para a sua degradação ao longo dos séculos.
Por meio dessa tecnologia, já é possível fazer com que, por exemplo, um prédio comercial possa, de alguma forma, abrigar apartamentos residenciais, que serão adaptados para tal no final do expediente.
Enquanto no horário comercial o que teremos são “escritórios flexíveis”, capazes de contribuir para a revitalização de áreas centrais da cidade, já que podem abrigar famílias inteiras de profissionais que agora poderão “dormir” no trabalho e suprimir essa rotina de idas e vindas da casa até o local das suas atividades profissionais.
O Polistes Versicolor
Essa é a mais comum e “popular” entre as espécies de marimbondos conhecidas. Ele também pode ser definido como uma espécie de vespa subtropical, com características de um tipo social, membro do gênero Polistes, como o mais amplamente distribuído por toda a América do Sul.
Especialmente no sudeste brasileiro, ele configura-se como um dos representantes da fauna da região – também conhecido como a “vespa-de-papel-amarelo”, em função da sua coloração e da característica de construir colônias utilizando celulose.
Áreas urbanas parecem ser o habitat preferido dessa espécie e os locais onde grupos de fêmeas costumam iniciar a construção das sua colônias, muitas vezes em prédios abandonados, edifícios em construção, ruínas e onde quer que elas possam ser mantidas adequadamente.
O Polistes versicolor costuma manter os seus ninhos em ciclos de vida entre 3 e 10 meses, com uma rigorosa hierarquia de dominação, em que as demais fêmeas se veem às voltas com uma rainha das mais agressivas dentro dessa comunidade Hymenoptera, com direito a embates duríssimos, dos quais, obviamente, a rainha sempre sai vencedora.
Fotos
A alimentação básica dessa variedade de marimbondos consiste de insetos, os quais eles capturam para a alimentação das larvas nas colônias; mas esses animais não farão a menor cerimônia em adotar uma alimentação à base de pólen e néctar, a depender da sua maior ou menor disponibilidade em seus habitats naturais.
A Taxonomia do Polistes Versicolor
Guillaume-Antoine Olivier foi o biólogo e entomologista responsável pela descrição da “Vespa-de-papel-amarelo” lá pelo final do séc. XVII. E “versicolor” foi o termo utilizado pelo cientista em uma alusão à distribuição das suas cores, em um belíssimo contraste entre o castanho e o amarelado.
O Polistes versicolor é um membro da família Vespidae e da subfamília Polistinae; e é uma das quase 200 espécies dentro dessa comunidade, que espalha-se pelos quatro cantos do mundo, geralmente em áreas urbanas, rurais, matas, savanas e florestas arbustivas de países tropicais e subtropicais.
E tudo o mais que sabemos sobre a taxonomia dessa variedade de marimbondos é que ele hoje pertence ao gênero mais estudado dentro dessa comunidade, especialmente quanto à sua interação com os insetos e artrópodes que fazem as vezes da sua dieta favorita.
Sabe-se, também, que o P. versicolor guarda algumas semelhanças com o P. canadensis e o P. Fuscatus; o que nos leva a crer que ele também pode ser encontrado em regiões de clima temperado; como aliás não é nada incomum dentro do subgênero ao qual eles pertencem, o Aphanilopterus.
Fisicamente, o Polistes versicolor apresenta-se com o corpo entre o negro e o acastanhado, com frisos amarelos em todo o tórax e abdômen, asas que chamam a atenção pela transparência, além do tamanho da sua rainha, bem maior em relação à de outros gêneros.
Nidificação
As fêmeas, como se sabe, são responsáveis por reunir-se em uma quantidade suficiente para a construção das colônias dessa comunidade.
Na verdade metade das colônias do P. versicolor são o resultado dessa associação, enquanto o restante fica por conta da iniciativa fundamental das operárias – as grandes responsáveis pela manutenção dos ninhos de marimbondos.
Mas essa construção não se dá assim, de forma tão açodada e apressada. Nada disso! Antes da construção a rainha será a responsável por reconhecer o local da implantação da sua nova morada em companhia de algumas poucas bravas guerreiras.
Elas analisarão todo o local: proximidade de possíveis predadores, constituição das árvores ou das demais estruturas onde elas serão assentadas.
Observará se há uma abundância de espécies florais nas quais elas possam beber o saboroso néctar; assim como também retirar resinas, brotos, ervas, cera, celulose, entre outros materiais que serão devidamente mastigados para a utilização na construção de cada compartimento das suas casas.
Curiosidades
E uma curiosidade acerca da nidificação nessa comunidade de marimbondos, à parte as origens do seu nome científico, características físicas, entre outras peculiaridades que essas fotos e imagens infelizmente não nos podem mostrar, é que um material bastante utilizado para servir de base de assentamento das colônias de marimbondos é o gesso.
É importante notar essa singularidade da biologia do P. versicolor, pois ela nos mostra um exemplo clássico de comensalismo, com características sinantrópicas, em que os marimbondos acabam beneficiando-se de toda uma estrutura montada pelos seres humanos, em uma formidável capacidade de adaptação às mais diversas e inusitadas condições ambientais.
A estrutura dessas colônias produzidas pelo P. versicolor é capaz de abrigar mais de 170 indivíduos, em mais de 240 células, contendo de 6 a 8 rainhas e alguns machos que desempenham cada qual o seu papel dentro da colônia.
Ainda sobre a sua construção, cabe aqui destacar a forma, digamos, sui generis de construção dessa morada, com a ajuda de restos vegetais que são mastigados e misturados com saliva até que se produza um material aderente dos mais eficientes para esse tipo de missão.
Mais Informações
E assim esses marimbondos seguem, com a construção da primeira célula na singular forma de um círculo; e que será vistoriada minuciosa e incansavelmente pela rainha, que a tocará com as suas antenas, a fim de identificar se já possuem as características necessárias e ideais.
Mas essas células ainda serão acrescidas de outras, e outras, e mais outras, até que a colônia vá adquirindo esse conhecido formato hexagonal da sua estrutura; enquanto, lá dentro, uma comunidade de algumas centenas de larvas de marimbondo vão se desenvolvendo.
Só que para esse desenvolvimento elas exigem quantidades cada vez maiores de larvas e insetos mortos; além de exigirem, também, o reforço da estrutura da colônia, que deverá receber novas sobreposições de restos vegetais mastigados pela rainha.
Tudo Sobre a Distribuição dos Marimbondos P. Versicolor na Natureza
É aceito que essa comunidade Polistes é originária da América do Sul, e que desde a Costa Rica até a Argentina pode ser encontrada em áreas abertas, campos, matagais, cerrados e áreas urbanas de praticamente todos os países.
Essa espécie também distribui-se por migrações sazonais, muito por causa de períodos muito secos (que eles não apreciam); e por isso mesmo até algumas regiões montanhosas da Colômbia, Venezuela, Bolívia, entre outros países próximos, podem abrigar o P. versicolor em grandes altitudes.
Nessas regiões, as suas colônias são assentadas em substratos tais como: galhos, rochas, fendas, folhas mortas, outras colônias abandonadas, e, como já nos referimos, prédios e construções desabitados; os quais esses marimbondos-de-papel-amarelo apreciam sobremaneira.
E como também já nos referimos, chama bastante a atenção a preferência dessa espécie por nidificar em ambientes modificados pelo homem – mas sem a sua presença.
Como no caso dos prédios abandonados, onde eles correm a procurar, não se sabe exatamente por quê, as estruturas de gesso, que ao que parece funcionam como o substrato ideal para servir de alicerce para a construção das colônias do Polistes versicolor.
O Ciclo das Colônias do Marimbondo-de-Papel-Amarelo
É variável o ciclo das colônias do Marimbondo-de-papel-amarelo (o Polistes versicolor, seu nome científico). Mas, apesar de não podermos perceber nessas fotos e imagens, elas também podem assumir as características de colônias anuais, capazes de durar entre 90 e 180 dias, ou até 10 meses – nesse último caso, como colônias de ciclos longos.
Também, ao que tudo indica, essa construção de colônias do P. versicolor não depende, necessariamente, desta ou daquela estação do ano.
Essa produção até pode ser influenciada pelo excesso de chuvas, frio intenso, longas estiagens, temperaturas muito altas; mas tais condições apenas aceleram ou retardam o início da empreitada, sem determinar uma época do ano para a construção.
É possível notar, por exemplo, uma intensa formação de colônias durante os meses do período outono/inverno, e uma sensível redução dessa intensidade durante o período primavera/verão.
Mas isso não quer dizer, em hipótese alguma, a suspensão da incansável atividade dessa espécie para a garantia do abrigo das suas larvas nas melhores condições possíveis.
E é assim que elas vão desenvolvendo-se, até que os seus ovos eclodam por volta de 6 a 15 dias, para um estágio na forma larvar que pode estender-se por um período entre 13 e 45 dias, para uma expectativa de vida que dificilmente ultrapassa os 18 dias.
E essa organização do P. versicolor para a construção das suas colônias ainda é cheia de singularidades! Basta saber, por exemplo, que lá os machos não são nada bem vindos. A sua utilidade só pode ser observada mesmo é na hora da fecundação das rainhas.
Uma função que eles executam com todo o gosto e sem reclamar, mas que encerra-se com as suas devidas expulsões da colmeia, a fim de que fique a cargo das rainhas e operárias a manutenção do ninho.
Ou então distribuam-se em grupos para a construção de outros; e assim fazer com que esse ciclo de colonização permaneça ativo por praticamente todos os meses do ano, como uma das inúmeras singularidades que podem ser observadas no seio dessa família Polistinae.
A Dieta do P. Versicolor
Tudo o que podemos dizer sobre os hábitos alimentares do Polistes versicolor é que eles atendem ao que é típico dessa comunidade considerada a mais popular e mais facilmente encontrada entre as comunidades de marimbondos habitantes das matas, cerrados, florestas e áreas urbana do Brasil.
E essa alimentação começa pelas frágeis e delicadas larvas, que terão que satisfazer-se com a secreção produzida pelas operárias, que constitui-se na forma de uma geleia – uma geleia real – , que é capaz de oferecer tudo de que esses projetos de Marimbondos-de-papéis-amarelos precisam para desenvolverem-se a contento.
E sobre essa geleia real das operárias, chama a atenção o fato de que somente elas parecem ser capazes de produzi-la. Isso porque a partir de um determinado período da construção dos ninhos esses marimbondos começam a alimentar-se exclusivamente de pólen.
E é esse pólen, devidamente processado pelos seus aparelhos digestivos, que acaba transformando-se na deliciosa, altamente proteica e nutritiva geleia real; um produto infelizmente não comestível, muito por conta do seu terrível sabor amargo e desagradável.
Após uma determinada fase da construção da colônia, quase como um fenômeno dos mais curiosos, essas operárias simplesmente param de alimentar-se exclusivamente de pólen, passando a introduzir néctar às suas dietas.
Fotos
Mas isso enquanto seguem, aqui e ali, em busca de insetos que deverão ser levados para a colônia, como a alimentação agora necessária para um estágio larvar mais desenvolvido.
E com relação a esses insetos tão apreciados pelo Polistes versicolor, destacamos as variedades Coleoptera e Lepidoptera, que constituem-se como 1% e 95% do total da sua alimentação (respectivamente), e por meio das quais eles conseguem garantir, não só as suas sobrevivências como a sobrevivência da colônia inteira.
Dentre os principais membros dessa comunidade, podemos destacar os besouros, escaravelhos e joaninhas (Coleoptera); e as mariposas e borboletas (Lepidoptera); que são as comunidades que têm nos Marimbondos-de-papéis-amarelos alguns dos seus principais pesadelos nessa magnífica e cada vez mais controversa natureza selvagem.
Um Eficiente Controlador de Pragas Naturais
Os marimbondos juntam-se às abelhas, mariposas, bem-te-vis, borboletas, entre outras incontáveis espécies da fauna do planeta, para compor a comunidade dos principais polinizadores do meio ambiente.
Mas no que muitos destes não conseguem competir com o P. versicolor é quando se trata do extermínio das mais diversas comunidades conhecidas como “pragas naturais”, inclusive dessas espécies citada acima – pois, nesse caso, elas são mais inimigas que parceiras desses marimbondos.
Calcula-se que uma única colônia seja capaz de fazer uma verdadeira varredura de mais de 4.000 dessas variedades de insetos e artrópodes ao longo do ano; e é por isso mesmo que elas costumam ser utilizadas como excelentes colônias para abrigos artificiais.
Essa é uma estratégia levada a cabo por agricultores de praticamente todos os segmentos na dura luta contra uma comunidade de lagartas, gafanhotos, besouros, joaninhas, entre outras espécies que são como um enorme pesadelo nas rotinas de produtores rurais de todo o mundo.
À parte as características físicas, biológicas e genéticas dessa espécie, além das origens do seu nome científico e outras particularidades que podemos observar nessas fotos, cabe também aqui insistirmos nesse potencial polinizador do P. versicolor.
E insistimos ao chamarmos a atenção para o importante trabalho de dispersão de pólen que eles realizam na natureza, em especial das espécies da família Asteraceae, que encontra-se na posição de uma das maiores famílias dentro dessa não menos abundante comunidade das Angiospermas.
Não há variedade de orquídeas, hortênsias, gerânios, rosas, brassicaceaes, entre outras espécies símbolos da flora brasileira, que não contem com o auxílio fundamental da P. versicolor, principalmente nos períodos de maior intensificação da construção das suas colônias – justamente no período entre março e agosto.
A Picada do Polistes Versicolor
Essa é, sem dúvida, uma das razões para que os marimbondos estejam, seguramente, entre as espécies vegetais mais detestadas da natureza.
Eles possuem uma verdadeira abundância em toxinas, em especial a hidroxitriptamina (5-HT), que distribui-se inclusive nos seus ferrões, com doses que aproximam-se de 0,87 μg de 5-HT em cada uma destas vespas.
E, para piorar, o fator 5-TH desencadeia uma reação extremamente dolorosa; enquanto, por outro lado, facilita o envio da toxina injetada em regiões vitais do organismo do intruso; o que pode provocar, desde uma paralisia muscular simples, a até mesmo um quadro de hipertensão e complicações cardíacas.
A toxina do P. versicolor ainda possui doses elevadíssimas de histaminas, acetilcolina, cinina, entre outras substâncias cuja principal função é a de causar uma reação das mais dolorosas, assim como também uma sensação de formigamento, anestesia e dormência a partir de determinado momento após a picada.
O Que Fazer em Caso de Picada Por P. Versicolor
Uma recomendação infalível contra a picada de espécies como essa é, certamente, manter-se o mais afastado possível dos seus habitats naturais. E nem pensar em tentar danificar uma colônia repleta de marimbondos; o máximo que você conseguirá é uma grandíssima dor de cabeça – isso se conseguir escapar de uma internação às pressas.
Mas, caso isso não seja realmente possível, o recomendado é garantir a posse de algum exemplar do marimbondo responsável pelo ataque. Isso é importante pois somente com o conhecimento da espécie em questão é possível ao especialista prescrever a medicação correta, de acordo com cada tipo de toxina.
Outra coisa importante a saber, nesses casos, é que, durante a picada de um marimbondo, você não poderá, de forma alguma, esmagá-lo ou comprimi-lo contra o corpo, pois isso só fará com que quantidades ainda maiores de veneno sejam inoculadas – o que, entre outras consequências, acelera o surgimento dos sintomas.
Os próximos passos serão a aplicação de uma compressa de água fria nas regiões atacadas, a limpeza de possíveis ferimentos ou bolhas que possam ter surgido com água e sabão neutro, e talvez uma aplicação de cremes à base de corticoides, que ajudam a combater uma possível infecção – além da dor local.
Outras Estratégias
Como uma outra estratégia você poderá lançar mão de anti-histamínicos via oral, que bloqueiam a ação da histamina, um dos responsáveis pela liberação na corrente sanguínea de proteínas inflamatórias.
Sabe-se, também, que, a depender do tamanho do ferrão do marimbondo responsável pelo ataque, os sintomas podem ser ainda mais intensos. E os principais são: dor local (que pode ser insuportável), vermelhidão, inchaço e dormência.
E como uma curiosidade acerca do ataque do P. versicolor, chama a atenção o fato de ele, diferentemente do que ocorre com as abelhas, não deixar o seu ferrão na pele da vítima inoculando a cada momento mais e mais veneno.
Por isso mesmo as suas consequências costumam ser bem menos graves do que as provocadas pelas abelhas; o que talvez seja um motivo a mais para que esse verdadeiro horror que eles causem seja arrefecido entre a população.
O Passo a Passo dos Cuidados Após Picada do P. Versicolor
Uma das principais razões para o agravamento de uma picada por marimbondos é a contaminação do local. Por isso, o mais rapidamente possível faça uma limpeza local com água e sabão, a fim de impedir a proliferação de micro-organismos patológicos na região atacada.
- Logo após, realize uma aplicação por cerca de 8 minutos de uma compressa com água fria ou gelada a fim de contribuir para o desinchaço e alívio da dor.
- Cremes ou pomadas à base de anti-histamínicos e corticoides devem ser aplicados o mais rapidamente possível; isso é importante para impedir que as proteínas inflamatórias continuem espalhando-se e promovendo danos ainda maiores nos demais órgãos do corpo.
- Não esquecendo que a aplicação desses cremes deve limitar-se a não mais do que 4 vezes ao dia. Enquanto as compressas podem ser aplicadas em abundância, como forma de garantir a suspensão da dor enquanto busca um auxílio em um posto de saúde mais próximo.
- Estas costumam ser medidas suficientes para o tratamento de uma picada de marimbondo; e, como dissemos, eles são mais assustadores do que propriamente um perigo para a saúde humana.
- Nesse quesito as abelhas (e algumas espécies ainda mais) são insuperáveis quando comparadas aos marimbondos em potencial de letalidade.
- E, de um modo geral, eles só atacam quando sentem-se ameaçados; dessa forma, ninhos de marimbondos que estejam fora do seu alcance dificilmente causam algum tipo de transtorno.
- Mas não descuide! No campo, na fazenda, ou em qualquer investida no território de matas, campos, cerrados, matagais, entre outros ecossistemas semelhantes, as botas, roupas reforçadas e luvas podem fazer toda a diferença para a preservação da sua integridade física no habitat natural das espécies dessa comunidade.
Como Afastar Marimbondos com Segurança
Os marimbondos estão entre aquelas espécies que, mesmo sendo selvagens, fazem parte da rotina natural de todo habitante de pequenas ou grandes cidades.
Isso porque eles adaptaram-se muito bem aos ambientes antrópicos (modificados pelo homem), ao ponto de só nidificarem (alguns deles) em construções abandonadas, edifícios em construção, prédios em ruínas e em forros de gesso – uma curiosa preferência ainda não suficientemente explicada.
E, para piorar, muitos não sabem, mas os marimbondos são protegidos por lei, pela Lei nº 5197/67, que diz em seu Art. 1º que “Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”.
E diz mais:
“A utilização, perseguição, caça ou apanha de espécies da fauna silvestre em terras de domínio privado, mesmo quando permitidas na forma do parágrafo anterior, poderão ser igualmente proibidas pelos respectivos proprietários, assumindo estes a responsabilidade de fiscalização de seus domínios. Nestas áreas, para a prática do ato de caça é necessário o consentimento expresso ou tácito dos proprietários, nos termos dos arts. 594, 595, 596, 597, 598 do Código Civil”.
E ainda:
“Constitui crime punível com pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a violação do disposto nos arts. 2º, 3º, 17 e 18 desta lei” (Art. 27).
Portanto, para remover uma colônia de marimbondos será necessário utilizar os serviços profissionais de uma empresa especializada na manipulação desse tipo de espécie, ou mesmo o serviço da prefeitura de cada bairro, que também é responsável por esse tipo de ação.
Procedimentos
E após resolvido o transtorno, recomenda-se observar os seguintes procedimentos:
- Faça aplicações no local da antiga morada desses marimbondos de uma mistura à base de óleo de hortelã-pimenta e água, na forma de alguns borrifos no local, a fim de impedir que os resíduos que ficaram sirvam como um atrativo para futuras instalações de novas colônias.
- Amoníaco, água com vinagre, cal, entre outros repelentes mentolados, também costumam ser eficazes. Mas, além disso, será necessário atentar para o início da formação dessas colônias, que geralmente são instaladas em lugares mais isolados e protegidos, que são algumas das estratégias utilizadas pelos marimbondos para garantir o sossego durante o desenvolvimento das suas larvas.
- Por fim, cuidado com lixo acumulado! Os seus resíduos adocicados são um convite para as vespas e abelhas; assim como também árvores floridas e cujos frutos já estejam maduros, já que ali eles também encontram néctar e pólen suficiente para alimentarem-se e construírem as suas moradas.
- E sempre tendo em mente que estamos falando de uma das espécies da fauna silvestre do planeta, com o seu importante papel no equilíbrio dos ecossistemas onde vivem, e cuja ausência ou extinção pode configurar-se como um terrível fator de perturbação para uma biosfera terrestre já tão ameaçada pela pressão do homem e pelas atuais alterações climáticas.
Fontes:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/106591/pietrobon_tao_dr_rcla.pdf?sequence=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vespa
http://www.dedetizacao-consulte.com.br/marimbondo-marimbondos.asp
http://conexaoplaneta.com.br/blog/arquitetura-racional-e-com-os-marimbondos/
https://www.tuasaude.com/picada-de-marimbondo/
https://uniprag.com.br/pragas-urbanas/abelhas-vespas-e-marimbondos/
http://verdejandonoradio.blogspot.com/2015/04/marimbondos-importantes-tambem-para-os.html
Em algumas fotos a legenda diz: ” (inseto) SOB folha, quando deve ser SOBRE, ou seja, em cima.
Exscelente trabalho de pesquisa. Muito esclarecedor.
Parabéns