Analisando dados até 2013, o Brasil estava amplamente competitivo na economia mundial. Com 1.780 bilhões de dólares em produto interno bruto (PIB), encontrava-se como a 6ª maior economia do mundo, atrás da França e à frente da Grã-Bretanha, Canadá e Itália.
Representando 5% do PIB, a agricultura estava em um dos principais setores da economia brasileira. Todo o complexo agrícola e agroalimentar representando cerca de 22% do PIB (dados de 2011 – Cepea-Usp) e 39% do total das exportações brasileiras em 2012.
Qual a Importância Do Agronegócio Para O Brasil?
Com uma balança comercial de US$ 79 bilhões em 2012 para US$ 96 bilhões em exportações, a agricultura também contribuiu substancialmente para a recuperação econômica do Brasil desde o final da década de 1990. Ao empregar 19% da força de trabalho, a agricultura contribuiu significativamente para a redução da pobreza.
Ajudada pelo crescimento econômico, ela caiu pela metade nas últimas duas décadas até então, mas as diferenças de riqueza continuam muito grandes. O PIB per capita de 10 mil dólares escondia disparidades significativas. Estas são traduzidas em áreas rurais pela dupla agricultura e pela existência de dois ministérios da agricultura.
A agricultura familiar correspondia até então a 85% das fazendas, fornecendo 70% dos alimentos consumidos, mas representando apenas 20% do valor agregado. O tamanho médio de uma fazenda familiar é de 18 ha, comparado a mais de 300 ha em média para fazendas voltadas para o mercado. Mas 39.000 fazendas de mais de 2.000 ha, explorando 42,5% das terras do país, coabitam com 4,3 milhões de pequenos produtores familiares.
E entre estes, há três milhões de agricultores com menos de 25 ha cada (totalizando 5,1% da área agrícola do Brasil) dos mais pobres (1,5 milhão) que se beneficiam de programas sociais para combater a pobreza. A agricultura de pequena escala vem lutando para entrar nos mercados e gerar receita.
Empregando mais de três quartos da força de trabalho agrícola brasileira, ela é voltada para a produção de alimentos (feijão, mandioca, arroz), menos exigente em capital. A sucessão de planos anuais visa explorar o potencial agrícola do Brasil e garantir seu crescimento mais equitativo.
Até então, o governo contava com os 90 milhões de hectares disponíveis para a agricultura (principalmente pastagens degradadas, sem afetar a floresta amazônica) e as perspectivas de crescimento da demanda global por produtos agrícolas nos anos seguintes. Mas quase toda a terra destinada a pessoas sem terra é terra pública e não terra “confiscada”.
Era o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável pela agricultura de “exportação”, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) responsável pela reforma e apoio agrário e agricultura familiar. Tendo em conta os fundos privados associados, a distribuição vinha desequilibrada.
O Brasil, com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, é o quinto maior país do mundo e o primeiro da América Latina. Neste imenso território herdado do império colonial português, a agricultura e o agronegócio sempre foram pilares da economia. O país continua a depender fortemente desse setor para fortalecer seu desenvolvimento e conquistar cada vez mais mercados internacionais. Chamada de “fazenda mundial”, ela tem muitas vantagens para se manter como um dos líderes mundiais.
O Impulso Brasileiro No Comércio Agrícola Global Do Ponto De Vista Geopolítico
Sem agricultura, não pode haver poder brasileiro. Com exceção do trigo e dos laticínios (embora para esses grandes investimentos andaram sendo realizados), o balanço agrícola brasileiro é superavitário e permite que o país fique entre os 5 maiores exportadores mundiais. Com vendas anuais variando de 70 a 80 bilhões de dólares na década de 2010, o país pode se orgulhar de mais de 350 produtos nos mercados internacionais.
Pequim é o maior comprador no Brasil, com quase 30% de suas exportações assumindo a liderança da gigante chinesa. A União Européia polariza, em média, 20 a 22% das exportações brasileiras, seguida pelos Estados Unidos. Desde o início do século, o valor total das exportações agrícolas e agro-alimentares aumentou.
Além do mercados asiático, europeu e norte-americano, o Brasil tornou-se um importante fornecedor para o norte da África e o Oriente Médio. Na África, suas posições estão avançando, não apenas no nível do agronegócio, mas também na cooperação técnica e no assessoramento de políticas públicas. Os êxitos dos programas sociais brasileiros na luta contra a fome e a pobreza (o programa “Fome Zero”) são fontes de inspiração para muitos estados africanos.
Os Desafios Que a Indústria Brasileira Enfrenta
A grande dualidade da agricultura brasileira persiste. Por um lado, pequenas fazendas que fornecem alimento local ou nacional, em esquemas de desenvolvimento familiar e territorial frequentemente difíceis. São mais de 4 milhões, empregam cerca de 15 milhões de brasileiros e são objeto de apoio específico, criado pelo ex-presidente Lula e que são reformados ocasionalmente para melhorar sua segmentação.
Do outro lado está o agronegócio, cerca de dois terços da área agrícola útil (o que equivale a mais de 300 milhões de hectares), embora fazendas de mais de 500 hectares representem apenas 3 % de todas as fazendas brasileiras. São esses que garantem a transformação dos produtos e a agro-exportação do país, e que forneceu grande apoio a Jair Bolsonaro durante sua campanha eleitoral. Alguns também falaram do apoio do “3B” (Bíblia, Carne e Bolas)[?] para ilustrar o apoio aos candidatos conservadores, agronegócios e militares.
Essa bipolarização agrícola no Brasil é assumida: os atores parecem complementar seus modelos mais do que gastar seu tempo se opondo a eles. No entanto, a questão problemática dos camponeses sem terra não foi resolvida, nem as condições muito imperfeitas em que os trabalhadores estão trabalhando nas mega-fazendas do Brasil. A terra continua sendo um fator de superaquecimento social no país.
A FAO estima que dois terços das terras agrícolas brasileiras ainda não são exploradas, o que também dá uma medida do futuro potencial do país, mesmo que a extensão da agricultura em terra ainda disponível represente inegável questões sociais e ecológicas. A promessa do novo presidente de sair dos acordos climáticos da COP 21 assinados em Paris parece mostrar que ele não coloca esse tipo de problema no centro de sua política.
No entanto, o impacto sobre o meio ambiente e a biodiversidade do desenvolvimento agrícola é objeto de controvérsia. O desmatamento da floresta amazônica, o impacto sobre os recursos das práticas agrícolas e pecuárias e, portanto, as emissões de gases de efeito estufa, mas também o uso, desde 2005, de organismos geneticamente modificados (OGMs) (autorizados para a soja, milho e algodão) regularmente estimulam os debates nacionais e internacionais.
O Brasil deve se esforçar para melhorar suas políticas climáticas, não sem razão, porque a geografia de suas produções agrícolas e suas performances poderiam, como em todo o mundo, ser perturbadas pelo aquecimento global.