Você já fez um exame FAN? O nome dele é uma sigla para fator antinuclear, e se trata de um teste feito, geralmente, por pacientes que tenham suspeita de estarem com alguma doença autoimune. No resultado desse exame, às vezes, pode dar a seguinte indicação “Aparelho Mitótico: reagente”. O que significa isso? Vamos descobrir a seguir.
O Que É O Sistema Imunológico?
Antes de adentrarmos nessa questão mais específica de, precisamos entender certos conceitos, como sistema imunológico, por exemplo. Esse sistema nada mais é do que um mecanismo de defesa que o nosso corpo possui contra agentes externos, como bactérias, fungos e vírus. Ou seja, o que é não-natural ao nosso organismo, um “corpo estranho”.
Toda vez que esse sistema encontra um corpo estranho, e que ele interpreta como sendo danoso ao nosso organismo, ele produz células de defesa e anti-corpos, que vão combater o invasor. Inclusive, desde a nossa formação no útero que o nosso sistema imunológico é desenvolvido. Afina, ao nascermos, somos imediatamente bombardeados com corpos estranhos em um ambiente diferente, e é preciso que estejamos preparados.
Só que nem sempre o sistema imunológico funciona à perfeição, e é aí que entram as chamadas doenças auto-imunes.
O Que São Doenças Autoimunes?
O chamado exame FAN é geralmente pedido por médicos para aqueles pacientes que estejam com suspeita de estarem com alguma doença autoimune. Esta, por sua vez, é uma enfermidade onde o sistema imunológico simplesmente eixa de identificar estruturas normais do nosso organismo, e passa a “tratá-las” como corpos estranhos, ou invasores nocivos à nossa saúde.
Quando acontece essa verdadeira confusão em nosso organismo, o que temos é uma produção desproporcional e desnecessária de anti-corpos, que acabarão se voltando contra nós mesmos. O problema é que esses anti-corpos não combatem organismo nocivos, como bactérias e vírus, e sim, as nossas próprias células.
Trata-se de um tipo de doença, portanto, que pode afetar gravemente células importantíssimas, como as do sangue ou dos pulmões. Alguns exemplos bem comuns de doenças auto-imunes são: lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, psoríase e hipotireoidismo (ou Tireoidite de Hashimoto).
Importância do Exame FAN
O chamado FAN (ou simplesmente Fator Antinuclear) é como se chamou um grupo de auto-anticorpos (anticorpos que ataquem o próprio organismo) que foram descobertos na década de 40 em pacientes que apresentavam quadro de lúpus eritematoso sistêmico. Destaque-se que o FAN não é necessariamente um único anticorpo, e sim, vários, existindo, portanto, vários tipos de FAN, cada um associado a uma enfermidade distinta.
Já o exame FAN é um procedimento realizado a partir de amostras de sangue do paciente em questão que esteja com suspeita de doença autoimune. É no laboratório que se detecta quais anticorpos estão presentes na corrente sanguínea da pessoa.
Esse tipo de exame é feito com uma espécie de corante fluorescente, que irá identificar os anticorpos que, porventura, estejam atacando as células do corpo que são sudáveis. Caso não hajam auto-anticorpos na corrente sanguínea, nenhuma parte das células saudáveis ficará fluorescente, o que indica um FAN não-reativo.
Várias diluições do sangue são feitas até que a fluorescência desapareça. Suponhamos que isso só aconteça após 40 diluições (resultado 1:40), por exemplo. Isso significa que em um FAN reagente 1:40, um auto-anticorpo conseguiu ser identificado mesmo após o sangue ser diluído 40 vezes.
Normalmente, as diluições são feitas em uma ordem, que é a seguinte: 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1280. Se o exame FAN der valores iguais ou maiores do que 1:320, isso indica que a pessoa tem quase 100% de chance de ter uma doença autoimune. Ou seja, em pessoas saudáveis, dizemos, normalmente que o exame FAN é negativo ou simplesmente não-reagente.
O Que É, E O Que Tem a Ver O Aparelho Mitótico Com Tudo Isso?
As células do nosso corpo não não uma massa compacta e uniforme. Ao contrário: mesmo microscópicas, elas possuem inúmeras estruturas, cada uma com uma função distinta. É o caso do aparelho mitótico, por exemplo. É ele o responsável pela distribuição correta dos cromossomos entre as “células-filhas” durante uma divisão celular.
E é aí que ele também mostra importância no chamado exame FAN, já que os padrões de fluorescência dele estão divididos nos seguintes tópicos: Nucleares, Nucleolares, Citoplasmáticos, Aparelho Mitótico e Tipo Misto. São os componentes celulares que dão o parâmetro de interpretação para o resultado desse exame.
Nesse contexto, o aparelho mitótico é classificado em: Aparelho Mitótico Tipo Centríolo, Aparelho Mitótico Tipo Ponte Intercelular e Aparelho Mitótico Tipo Fuso Mitótico. Todas essas classificações só são relevantes no exame se o próprio FAN apresentar uma taxa alta (1:320 pra cima).
Ao mesmo tempo, é na associação desses tipos de aparelho mitótico com outros tópicos que dá pra identificar qual possível doença autoimune o paciente tenha. Por exemplo: um Tipo Misto pontilhado com fluorescência do aparelho mitótico, geralmente, está associado com doenças autoimunes, como a Síndrome de Sjögren.
Conclusão
Ou seja, se o aparelho mitótico estiver reagente no exame FAN, significa a possível presença de uma doença autoimune. Caso um FAN dê positivo, é necessário solicitar uma pesquisa mais específica de auto-anticorpos , pois, somente assim, dá pra saber qual exatamente a enfermidade a pessoa tem.
Em suma, o FAN (tendo como fatores auxiliares o aparelho mitótico, por exemplo) sugere a presença de uma doença auto-imune, mas, não identifica qual seja. E salientando mais ainda que esse é apenas um exame complementar, sem avaliação clínica, pois o diagnóstico mesmo só é dado na interpretação do histórico do paciente, mais exames físicos e análises laboratoriais.
Já o tratamento de grande parte dessas enfermidades consiste em “inibir” o sistema imunológico por meio de drogas imunossupressoras, como é o caso dos corticoides. O problema, nesse caso, é que não se consegue fazer um ataque específico aos anti-corpos realmente indesejados, o que acaba criando um ambiente hostil também para os anti-corpos necessários à nossa saúde.
E, geralmente, cada tipo de doença autoimune possui o seu próprio tratamento É o caso, por exemplo, da diabetes tipo 1 e da Tireoidite de Hashimoto, que nem sequer ão tratada com drogas imunossupressoras. Portanto, vai de cada caso, e o melhor é sempre fazer exames periódicos para saber como anda a saúde.
Afinal, prevenir é sempre melhor.