O universo da ciência é feito, basicamente, de tentativas e erros. Muitas vezes, um erro em uma tentativa inicial é extremamente necessário para que se chegue a um acerto mais tarde.
Assim, nem sempre é um problema elaborar ideias e teorias erradas em alguns aspectos, pois essas teorias podem levar a estudos mais aprofundados que, com o tempo, confrontarão a teoria inicial e mostrarão como realmente funciona o objeto estudado.
A Teoria na Ciência
Isso é, sem dúvidas, um ponto conhecido por todas as pessoas que se propõem a estudar qualquer coisa de forma mais aprofunda que a média das outras pessoas.
Contudo, quem não está muito acostumado com o mundo dos estudos pode achar que há grandes problemas em cometer erros ao elaborar teorias ou contextualizar ideias. Como exemplo de que essa visão comum está totalmente incorreta, existem alguns pensadores históricos que ficaram marcados para sempre, mesmo cometendo erros.
Um dos mais icônicos pesquisadores e teóricos da biologia, por exemplo, elaborou uma teoria que se mostraria incorreta futuramente e, ainda assim, foi o motor inicial para que muitas perguntas sobre toda a humanidade fossem respondidas de forma satisfatória. Trata-se de Jean-Baptiste Lamarck, o pai da teoria lamarquista.
Dessa forma, Lamarck foi o responsável por desenvolver a ideia de que o ambiente moldava os seres, causando alterações posteriores na parte física desses seres. Assim, Lamarck acreditava fielmente que o ambiente e a necessidade dos indivíduos era o que protagonizava a evolução física histórica desses seres.
Com o passar dos anos e mais estudos, ficou comprovado de forma bastante satisfatória que as coisas não aconteciam exatamente assim no planeta Terra ao longo dos milhões de anos. Logo, atualmente a teoria mais aceita sobre o assunto é de Chales Darwin, que contradiz Lamarck de maneira bastante direta.
Para entender melhor a teoria de Lamarck, porém, é preciso entender as duas leis principais que moldam a sua teoria, com exemplos práticos de como isso acontece na natureza.
As Duas Leis da Teoria de Lamarck
Toda teoria apresenta leis específicas, que são responsáveis por mostrar de forma clara e objetiva como se dá aquilo que quem pensou na teoria quis dizer. Logo, toda teoria possui as suas leis. A teoria de Lamarck, de forma mais específica, possuía duas leis.
A primeira leia da teoria de Lamarck era a do “uso e desuso” e dizia que órgãos usados com frequência tendem a se desenvolver nos seres. Em contraponto, órgãos poucos usados tendem a atrofiar. A lei ainda afirma que a necessidade dos seres de se adaptar a cada local faz com que um ou outro órgão seja mais usado, desenvolvendo-o. É aí que entra o exemplo clássico da girafa, que teria o pescoço alongado pela necessidade de buscar alimentos no alto das árvores.
Já a segunda lei de Lamarck diz que os caracteres adquiridos ao longo da vida são transmitidos aos descendentes. Assim, se a citada girafa usasse muito o seu pescoço e ele fosse ficando mais alongado e fino ao longo da sua vida, o filhote dessa girafa já nasceria com o pescoço alongado e fino.
Por mais que as leis tenham sido elaboradas de forma bastante convincente, elas estão equivocadas, pois hoje se sabe que características adquiridas ao longo da vida jamais serão transmitidas aos descendentes.
Assim, se uma pessoa ficou cega ao longo da sua vida em um acidente de trânsito, por exemplo, é completamente impossível que o seu filho nasça também cego por esse motivo. Logo, as características adquiridas ao longo da vida dos seres não são transmitidas aos descendentes.
Apenas as características genéticas, aquelas que estão presentes nos genes de cada um, é que podem ser passadas adiante para os filhos. Contudo, quando Lamarck elaborou a sua teoria da evolução, os conhecimentos sobre genética sequer existiam e havia uma dúvida de como os filhos herdavam as características dos pais.
Como Lamarck Elaborou Sua Teoria da Evolução
Quando Lamarck fez a sua teoria da evolução, foi um espanto para toda a sociedade mundial que alguém tentasse explicar cientificamente algo que, até então, pertencia praticamente apenas às diretrizes da igreja. Assim, Lamarck usou os exemplos que tinha ao seu redor e sequer pôde fazer uso da ciência da genética, que ainda não havia sido descoberta pela humanidade até então.
A teoria de Lamarck viria a ser refutada de forma considerável apenas anos mais tarde, a partir do também teórico Charles Darwin, que elaborou a teoria da evolução baseada na seleção natural e mostrou que o uso e desuso não está associado diretamente aos aspectos evolutivos dos seres.
Logo que Darwin apresentou as suas ideias e mostrou a sua teoria completa, havia bastante discussão entre essas duas alas e também entre a ala que acreditava na evolução como aspecto religioso. Porém, com o tempo o aspecto religioso e a teoria de Lamarck foram dando espaço ás ideias de Darwin, que são tidas como satisfatórias para a sociedade até então.
Importância da Teoria de Lamarck
Ainda que houvesse aspectos errados na teoria de Lamarck, foi a partir do seu pensamento que a humanidade pôde sair da sua zona de conforto para estudar mais e ser capaz de confrontar essas tais ideias.
Dessa forma, com a busca de informações para confrontação, foi possível ter acesso a informações e detalhes que, não fosse por Lamarck, talvez ainda estivessem distantes das pessoas até hoje.
Ademais, Lamarck foi fundamental para criar alguma forma alternativa de corrente de pensamento, já que até aquele momento o pensamento da evolução como ordem absoluta de Deus dominava a sociedade. Apenas a partir das teorias de Lamarck, portanto, foi possível entender que poderia existir outras teorias e que talvez aquela não fosse a única forma de pensar o mundo.
Dois acertos muito importantes de Lamarck foram: acreditar que os fósseis eram um sinal de evolução das espécies e, ademais, acreditar que as espécies necessitavam de adaptação a diferentes locais e contextos naturais para sobreviver.
Esses dois detalhes foram e são muito estudados até atualmente, o que mostra bem como Lamarck foi fundamental para a evolução do pensamento científico.