Quando se fala em placas tectônicas, muitas vezes, as pessoas pensam ser algo distante de nós, brasileiros. Afinal, só ouvimos falar delas nos noticiários quando ocorre algum terremoto de grande intensidade em países distantes, como no Japão, por exemplo.
Mas, sim, o Brasil está debaixo de uma placa tectônica, e sujeito à sua movimentação, apesar de aqui, felizmente, não corrermos riscos de grandes catástrofes naturais, como terremotos e maremotos.
A seguir, vamos falar mais a respeito desse assunto.
O Que São as Placas Tectônicas?
Primeiro precisamos ter ciência onde, literalmente, estamos pisando. Ou seja, estamos falando da crosta terrestre, a camada que fica na parte superior da Terra, formada por rochas em estado sólido. Só que essa crosta não se apresenta de maneira contínua ao longo de toda a sua extensão, muito pelo contrário. Ela possui algumas fraturas, o que faz com que seja dividia em “pedaços”. São esses “pedaços” que chamamos de placas tectônicas.
Essa teoria da existência das placas tectônicas foi desenvolvida ao longo de todo o século XX, principalmente através das evidências encontradas na Dorsal Mesoceânica, no Pacífico, onde foi detectado o afastamento de áreas continentais. Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, fomos descobrindo cada vez mais informações a respeito dessas placas.
Por exemplo: hoje em dia, sabemos que a litosfera (a porção sólida superior da Terra) é muito mais fina em relação ao interior do planeta, o que fez com que ela fosse rompida com o passar do tempo, já que há muita pressão interna envolvendo o magma. Por sinal, o movimento das placas é resultado direto dessas rupturas. É como se essas placas estivesse “boiando” em um imenso caldeirão de sopa.
Essa movimentação das placas é constante, e algumas vezes, elas “esbarram” umas nas outras. Foram desses encontros, inclusive, que surgiram as cadeias montanhosas e os relevos continental e oceânico, algo que foi se formando com o passar de milhões e milhões de anos. Só que fora essa questão, a movimentação das placas acarreta em outros fenômenos, como terremotos, maremotos, e manifestação de vulcões.
Inclusive, o principal registro dessas ocorrências se dá em áreas milítrofes, que ficam entre uma placa e outra. Um dos exemplos mais conhecidos dessas áreas é o Círculo de Fogo do Pacífico, uma extensão que vai do oeste da América do Sul ao leste da Ásia, englobando algumas partes da Oceania. Terremotos e tsunamis nesse lugar são frequentes e muito fortes.
Se formos contabilizar, existem várias placas tectônicas, e, inclusive, subdivisões fazem o número delas ser ainda maior. No entanto, existem aquelas que são as maiores e principais: Placa do Pacífico, Placa Norte-Americana, Placa de Nazca, Placa do Caribe, Placa dos Cocos, Placa Sul-Americana, Placa Africana, Placa Antártida, Placa Euro-asiática, Placa da Arábia, Placa do Irã, Placa das Filipinas e Placa Indo-australiana.
E, o Brasil, Onde Fica Nisso?
Já o Brasil está localizado na Placa Sul-Americana, que também compreende todos os países da América do Sul. A placa tem a impressionante dimensão de 32 milhões de quilômetros quadrados, e se estende a leste da Dorsal Mesoatlântica. Por estar localizado exatamente no meio dessa placa, o nosso país não é muito afetado por terremotos e vulcões.
Terremotos no Brasil não chegam a ultrapassar 3.0 graus de magnitude, com raríssimas exceções. São tão “insignificantes”, que, muitas vezes, nem são registrados. Contudo, quando esses terremotos acontecem em áreas povoadas, eles podem causar alguns danos consideráveis, em especial, nas partes mais pobres das cidades.
Mas, não se preocupe tanto. Só foi registrada uma única morte por terremoto no Brasil até hoje, e se deu em 9 de dezembro de 2007, na cidade de Caraíbas, em Minas Gerais. Na ocasião, um terremoto de 4.9 graus de magnitude atingiu o lugar, vitimando uma criança, e provocando o desabamento de 76 casas.
Já, o terremoto mais intenso registrado no país ocorreu em Porto dos Gaúchos, no norte de Mato Grosso, em 31 de janeiro de 1955. Nesse dia, os sismógrafos registraram impressionantes 6.2 graus de magnitude, algo que nunca mais ocorreu.
Abalos sísmicos também já foram registrados em São Paulo, como, por exemplo, em 1922, quando abalo de 5.2 graus foi registrado na cidade de Mogi-Guaçu, e em 22 de abril de 2008, quando outro tremor de 5.2 graus ocorreu no litoral paulista, e foi sentido em diversas cidades do Estado.
No entanto, podemos dizer que todos esses são casos isolados, e que, na maior parte do tempo, os abalos que acontecem, sequer, conseguem ser registrados, de tão pequenos.
Mais Um Pouco a Respeito da Placa Sul-Americana
Além de ter milhões de quilômetros quadrados, a placa onde o Brasil fica também tem outros números impressionantes. Em seu centro, ela mede cerca de 200 quilômetros de espessura, ao passo que na sua borda, em fronteira com a África, a placa não chega a 15 quilômetros de espessura. A sua fronteira no leste faz limite com a Placa Africana, e, no sul, com a Placa Antártida. No oeste, a fronteira é com a Placa de Nazca, enquanto que norte, o limite é com a Placa do Caribe.
A movimentação da Placa Sul-Americana se dá para o oeste, longe da Dorsal Mesoatlântica. Ela se move em direção às placas de Nazca e do Pacífico a uma taxa de 77 mm por ano, e é através dessa coalizão que a Cordilheira dos Andes foi criada, além de ter formado vários vulcões ao longo dela.
Dificuldades no Brasil
Mesmo que sejam pequenos, é importante tentar antecipar quando terremotos podem acontecer no Brasil, pois, como não temos esse tipo de problema com frequência, não estamos devidamente preparados para suportar tremores. Pelo contrário. Sem contar que as áreas mais pobres são as mais atingidas.
Pra se ter uma ideia, somente em décadas recentes é que o Brasil passou a empregar sismógrafos para registrar tremores de terra, enquanto outros países já estavam fazendo isso há muito mais tempo. Num passado não muito distante, esses abalos só eram registrados porque eram identificados pelas pessoas.
Como o nosso país é imenso, e tem uma população irregularmente distribuída, é importante que o poder público atente pra isso, até para termos um estudo adequado da frequência de terremotos no Brasil, e evitar que coisas piores venham a acontecer.