Muitas plantas da nossa flora crescem em locais dos mais peculiares. É o exemplo do Conocarpus erectus (ou mangue de botão), que, como o próprio nome já diz, cresce no ambiente de mangues.
Vamos saber mais sobre essa planta?
Principais Características
O Conocarpus erectus é um arbusto nativo do Brasil, que cresce, especificamente, em dunas litorâneas, principalmente, em áreas de manguezais. Porém, além do Brasil, ele também pode ser encontrado em outros países, como é o caso dos EUA (Flórida), no Caribe, na costa Atlântica que vai do México ao Brasil, na costa do Pacífico que vai do México ao Equador, na África ocidental, e até mesmo na Polinésia. Ou seja, onde têm áreas tropicais, o Conocarpus erectus estará lá.
Trata-se de um arbusto grande, que pode crescer de 4 a 20 m, e cujo troco pode ter 20 cm de diâmetro. Interessante notar que existem dois tipos de plantas desse tipo: uma com folhas verdes e outra com folhas prateadas. Além da extração da madeira para fins comerciais, essa planta também é usada para fins ornamentais, e para recuperação de terras. Tanto as suas flores, quanto os seus frutos se apresentam em aglomerados bem densos.
Essa é uma espécie que consegue, mesmo estando, efetivamente, em áreas tropicais, ser tolerante a uma grande quantidade de habitats nos lugares onde é encontrada. A quantidade de espécimes, inclusive, vem diminuindo, especialmente, devido à degradação dos manguezais atualmente, mas, por enquanto, não é considerada como estando em risco de extinção.
Cultivo da Conocarpus Erectus
Se a intenção for cultivar o Conocarpus erectus, um dos aspectos mais importantes para se ter em mente é que se trata de uma planta tipicamente tropical, que aprecia bastante temperaturas diurnas que vão dos 20 aos 30°C, mais ou menos. Ainda assim, pode haver uma tolerância dela a temperaturas girando entre 10 e 38°C.
O ambiente ideal também é aquele onde as chuvas anuais ficam na casa dos 1500 a 2500 mm, tolerando, quantidades que pode ir dos 1000 aos 3000 mm, tranquilamente. Já a posição de plantio deve privilegiar o sol pleno (lembre-se: estamos falando de uma planta tropical), e que pode prosperar em solos que sejam secos e longe das margens de rios, por exemplo. Essa planta também tem a sua preferência por um pH no solo que gire entre 5 e 7.
Curioso notar que os frutos dessa planta flutuam na água, quando ela está em ambientes de manguezais. Isso acaba sendo uma grande vantagem para que as sementes possam se dispersar com mais facilidade. Ah, e se for para plantar, o melhor jeito é deixar que a semente fique bem madura, sendo planta em um local que seja bem ensolarado.
Só lembrando que o florescimento da planta ocorre, mais ou menos, entre agosto e novembro. Já, a frutificação ocorre entre setembro e dezembro.
Principais usos do Conocarpus Erectus
As utilizações práticas dessa planta podem ser várias, como, por exemplo, para a retenção de água em locais onde haja deslizamentos de terras, em especial, em encostas e morros. Isso sem contar que ela também pode ser usada para a recuperação de terras, principalmente, onde tenham solos arenosos e salinos. Por sinal, tornou-se uma planta muito popular nos Emirados Árabes, justamente por conta dessa propriedade dessalinizadora da planta, que possibilita deixar, até mesmo, certas áreas desérticas em locais férteis.
A madeira do arbusto também é muito resistente, conseguindo ser bastante durável mesmo em contato direto com o solo. Porém, é preciso ter cuidado, pois esse material pode ser alvo fácil de cupins de madeira seca. E se trata de uma madeira tão boa que é usada, frequentemente, para postes de cercas e para a construção de barcos. Obviamente, que também ela também tem o seu valor em trabalhos de carpintaria, por exemplo. E, sim, a madeira dessa planta é excelente como lenha e carvão.
É bom deixar claro também que a família Combretaceae, a qual o Conocarpus erectus faz parte, possui muitas espécies usadas na medicina popular, em especial, para combater infecções de ordem respiratória, conjuntivite e até diabetes. Claro, ainda não foi comprovado nada, cientificamente falando, mas, talvez estudos mais pra frente mostrem as utilidades medicinais dessa planta, e podemos utilizá-la de maneira devida.
Outras Espécies Lenhosas do Mangue
Além do mangue de botão, esse ecossistema possui uma boa diversidade de outras plantas, afinal, ele funciona como um ecossistema de “transição”, visto que ele não é, necessariamente, nem terrestre, e nem marinho. Em se tratando da vegetação do lugar, podemos citar três principais espécies encontradas em manguezais mundo afora: o mangue vermelho, o mangue preto, e o mangue branco.
O mangue vermelho também é conhecido pelo nome de sapateiro, e é uma das típicas espécies de arbustos que temos em um manguezal. O nome popular da planta vem justamente de sua casca, que, quando raspada, apresenta uma coloração avermelhada. Sua respiração se dá pelos rizóforos, que nada mais são do que caules que desenvolvem ramos que crescem em direção ao solo, e que ajudam igualmente na sustentação da planta.
Já o mangue preto, também conhecido como siriúba, é uma espécie espalhada em algumas partes do mundo. As suas estruturas de respiração são chamadas de pneumatóforos, raízes que crescem até saírem do solo. Também possui estruturas denominadas de “glândulas de sal”, que, como o próprio nome já indica, secretam sal, que, por ventura, tenha sido absorvido pelo mangue preto.
E, por fim, podemos citar mangue branco, uma árvore que pode chegar a 18 m de altura, cujo tronco é áspero e fissurado. Trata-se de uma planta tolerante a altas doses de salinidade, devido a estruturas que eliminam todo e qualquer sal que venha a ser absorvido pela árvore (“glândulas de sal”, também presentes no mangue preto, lembra?). Além do Brasil, é uma planta que ocorre na costa oeste africana, no Caribe, e na costa atlântica americana da Flórida. Na medicina popular, é bastante usada no combate à afta, à febre e à caspa.
Como se vê, os manguezais possuem uma diversidade incrível, sendo o mangue de botão apenas uma entre tantas espécies incríveis desse lugar, que precisa ser preservado.