A Grande Pergunta: a Origem da Vida
É sabido que a vida surgiu a aproximadamente 3,5 bilhões de anos atrás, quando o nosso planeta era ainda um jovem astro espacial, com apenas 1 bilhão de ano.
Por assim, antes da vida existir, apenas os chamados elementos inorgânicos estavam presentes, estes normalmente formado por compostos químicos simples, não muito elaborado, como a água (em diferentes estados físicos), a amônia, o metano, entre outros formados pelo elemento carbono, hidrogênio, oxigênio, enxofre.
Os cientistas quando imaginam as paisagens da jovem Terra, antes do 1 bilhão de ano, normalmente as desenham como grandes continentes inertes, homogêneos, configurados por uma pequena porção de substrato terrestre e uma enorme porção de substrato aquático, com contínuas tempestades solares e de raios, ausência de oxigênio na atmosfera (consequentemente menor camada de proteção), por assim com temperaturas mais elevadas das que estamos acostumados a enfrentar (logicamente considerando os grandes ciclos climáticos, esse parâmetro apresenta maior variabilidade).
Algo do tipo pode ser visto no clássico filme do diretor Stanley Kubrick, “2001: Uma Odisseia no Espaço”, logo nos primeiros momentos da película, quando mostra um planeta Terra ainda não plenamente modificado pela presença da vida e a multiplicação dos seres vivos.Construindo Hipóteses da Origem da Vida
Estando o nosso planeta nessa situação, qual deve ter sido o gatilho (ou no mais provável, o plural: os gatilhos) que ocorreu lá na Terra primitiva para que assim essa matéria prima inorgânica se tornasse primeiramente uma matéria orgânica, e que depois ainda pudesse se multiplicar?
Por muito tempo essa pergunta persegue os seres humanos, envolvendo não apenas uma base científica nas ciências duras (como a biologia, a química e a física), mas também com as ciências sociais, filosofias, religião, metafísica, e demais abordagens e raciocínios do tipo.
A resposta da questão da origem da vida na Terra foi por muito tempo configurada sem uma hipótese científica razoável.Considerando que a pergunta da origem da vida assombra a nossa humanidade desde a época dos gregos, passando por outros povos ao longo da história humana, pode-se imaginar que existiu muita especulação, hipóteses não fundadas, e outras arbitrariedades (estas muito necessárias para nos trazer as respostas para grandes perguntas da nossa existência).
Uma boa marca para a história da explicação da origem da vida ocorreu na Inglaterra do século XIX, quando os naturalistas britânicos Charles Darwin e Alfred Wallace publicaram seus respectivos trabalhados constando que as espécies presentes aqui no planeta não eram fixas e imutáveis, como acreditava o grande establishment social, político e principalmente religioso à época.
A hipótese principal de Darwin-Wallace é baseada na seguinte suposição: como as espécies mudam, e por assim estabelecem ancestrais comuns para novas espécies, existe então algum fator ou molécula inerente na formação dos seres vivos (até então o desconhecido DNA) que faz com que os seres vivos mudem continuamente através dos tempos geológicos, sendo que esta mudança produz uma elevada diversidade orgânica, e essa diversidade será “triado” por pressões seletivas.
Dos Coacervados ao Cinco Reinos Biológicos
O darwinismo, apesar de ainda ter alguma relutância em meios mais fundamentalista, tornou-se uma importante lei natural para explicar a diversidade das espécies e a própria origem do ser humano, mas ainda não explicava a raiz da pergunta: qual a origem da vida?O século XX, apesar das maiores barbaridades que a nossa espécie praticou contra representantes da nossa própria espécie, marcou novos avanços científicos em diferentes áreas, incluindo assim a formulação das teorias mais aceitáveis para explicar como que a matéria inorgânica torna-se orgânica (claro, sem a presença da fotossíntese que só surgiria no planeta um bilhão de ano após o surgimento da vida).
A primeira hipótese viável vem da década de 1920 na União Soviética, com a teorização de um experimento que simulava a condições da Terra primitiva, para assim buscar as evidências sólidas a respeito da pergunta: o experimento de Oparin-Haldane, que a partir de vidraria química replicou-se as condições do planeta e verificou-se que elementos inorgânicos sob pesados choques e elevada temperatura podiam se transforam em moléculas mais complexas: os coacervados.
Com as portas abertas para os experimentos bioquímicos tentando identificar as principais condições do planeta primitivo, não demoraria muito para ser descrito a etapa fundamental da vida na Terra: como as matérias inorgânicas se tornaram orgânicas.
E essa resposta foi finalmente elaborada cientificamente na Inglaterra da década de 1920: partindo da hipótese de Oparin, os pesquisadores químicos Stanley Miller e Harold Urey construíram um aparato semelhante para simular as condições da Terra primitiva, entretanto mais elaborado que a dos cientistas soviéticos: foi colocado os principais gases atmosféricos presentes na Terra primitiva (hidrogênio, amônia, metano, vapor d’água), nesse sistema incidindo elevadas descargas elétricas e alterando ciclos de aquecimento para condensação de água.
O que Miller e Urey obtiveram foi muito além dos coacervados de Oparin: foi encontrado amino ácidos de diferentes tipos, essas sendo as composições químicas básicas da molécula de DNA.
A Formação das Comunidades Biológicas
Com uma das principais hipóteses a respeito da origem da vida comprovadamente testada, ficou mais lógico entendermos que reações químicas na Terra primitiva foram a base para a construção de moléculas orgânicas, essas podendo se arranjar em moléculas maiores, com mecanismos bioquímicos próprios como a replicação, a transcrição, a tradução, a geração de proteínas e outras macromoléculas, estas resultando em organismos unicelulares procariotos, e depois organismos unicelulares eucarióticos, chegando aos multicelulares e toda a diversidade que conhecemos atualmente após 3,5 bilhões de anos.
Os seres vivos (assim desconsiderando os vírus e os príons, entretanto alguns pesquisadores consideram estas entidades como seres vivos) se diversificaram em grandes escalas nestes últimos tempos, que para classifica-los é necessário dividi-los nos cinco grandes reinos biológicos: Monera (as bactérias); Protista (os protozoários); Fungi (os fungos); Plantae (os vegetais); Metazoários (os animais).
E reino é só a primeira escala da divisão, pois seguem subdivisões hierárquicas para classificação (as principais: filo, classe, ordem, família e gênero) até chegar nas espécies.
As comunidades biológicas são isso: um aglutinado de diferentes espécies coexistindo e interagindo não apenas entre elas (relações interespecíficas) mas também com os elementos abióticos do ambiente.
Claro que desde a sua origem, a vida tem se manifestado diferente conforme as condições e recursos de cada local: sabe-se que a Amazônia tem a maior biodiversidade do planeta, então as maiores comunidades de espécies biológicas estão nesta floresta tropical, composta desde microrganismo até grandes mamíferos.
Já no deserto do Saara a vida também se desenvolveu (apesar que lá nem sempre foi deserto, assim como a mata amazônica nem sempre foi mata), entretanto com uma biodiversidade muito menor quando comparada com uma floresta úmida: as condições do deserto limitaram as suas comunidades biológicas à animais resistentes a altas temperaturas de dia e baixas a noite, como repteis e artrópodes.