Em se tratando de curiosidades do reino animal, algumas dúvidas podem fornecer informações bastante interessantes. Por exemplo: já parou pra pensar como os sapos conseguem respirar? Afinal, eles, como todo anfíbio que se preze, possuem uma “vida dupla”, ou seja, vivem em dois ambientes completamente distintos ao longo da vida: água e terra.
Então, como esses bichinhos respiram? Eles têm pulmões? E, como fazem quando estão na água?
A seguir, responderemos tudo isso pra você.
Dois Estágios de Vida
Para entendermos como funciona o sistema respiratório nos sapos, precisamos, primeiro, entender como é o desenvolvimento ao longo de sua vida. Quando esses anfíbios nascem, eles possuem uma forma larval chamada de girino, que se assemelha a um pequeno peixe.
Estes girinos vivem exclusivamente na água e possuem uma respiração totalmente branquial. As brânquias, que também são chamadas de guelras, ficam situadas em ambos os lados da cabeça desses animais, sendo, na verdade, dobras externas da superfície epitelial. E, é através dessas brânquias que os girinos conseguem fazer as trocas gasosas essenciais para a sua respiração.
Esse mecanismo funciona da seguinte maneira: a água entra pela boca dos girinos, passa pela faringe e banha as brânquias. Aqui, a água passa por pequenos cílios, que tiram as impurezas do líquido. É quando ocorre a troca gasosa entre a água (rica em oxigênio) e o sangue do animal (rico em gás carbônico).O oxigênio, enfim, entra na corrente sanguínea, enquanto que o gás carbônico passa para a água, que é expulsa do corpo desses pequenos seres.
Quando a Vida Adulta Chega
No entanto, nem sempre os sapos serão girinos. Uma hora, esses animais sofrerão uma grande metamorfose, e virarão adultos. Nessa transformação, os pequenos girinos perdem a cauda, e é quando nascem as patas dianteiras e traseiras do sapo tradicional que a gente conhece. Nesse momento, ele sai da água, e passa a ser um animal terrestre, o que não o impede de se locomover na água de vez em quando.
É nessa ocasião que o sistema respiratório muda também, que passa a ser duplo: pulmonar e cutâneo. Isso mesmo, pulmões. O desenvolvimento desses órgãos se dá na metamorfose para a fase adulta, porém, trata-se de um sistema que não é 100% eficiente. E, é justamente por isso que os sapos têm um importante complemento, que é a respiração cutânea.
Também chamada de tegumentar, a respiração cutânea é um processo de trocas gasosas que ocorre diretamente entre a pele (superfície corporal) e o ambiente externo. É um processo que acontece através da difusão, onde o oxigênio penetra na pele do animal, enquanto o gás carbônico (já presente no organismo deles) faz o caminho inverso, sendo expelido para o ambiente.
Existem dois tipos de respiração cutânea, a direta e a indireta. A primeira é encontrada em animais como as planárias, por exemplo. Já, a segunda está presente nos anfíbios, e, claro, em sapos. A respiração cutânea indireta tem participação do sistema circulatório. Isso porque, logo abaixo da superfície do epitélio de revestimento, estão localizados vasos sanguíneos, e são estes que transportam os gases para o corpo todo do animal.
A Evolução dos Anfíbios
Você já se perguntou por que, especificamente, sapos e anfíbios em geral possuem uma “vida dupla” em ambientes tão distintos como a água e a terra? Bem, a resposta para essa questão está na evolução das espécies, ocorrida lá atrás.Pra quem não sabe, os anfíbios foram os primeiros animais vertebrados a habitarem a terra firme, um fato que já começa a lançar luz a respeito dessa característica específica da respiração que eles possuem. A evolução dessa classe de animais se deu há, pelo menos, 300 milhões de anos atrás, e se formos classificá-los de uma maneira mais generalista, poderíamos dizer que, em termos evolutivos, os anfíbios estão localizados entre os peixes e os répteis.
Foi aí que aconteceu uma série de mudanças estruturais e fisiológicas no organismo dos anfíbios. Essas modificações permitiram a transição do meio aquático para o terrestre, e entre as “novidades” estava o desenvolvimento de pulmões e adaptações na pele, visto que a respiração desses animais por terra se dá em duas vias. Além disso, houve também o desenvolvimento da coluna vertebral e da musculatura, o que permitiu a sustentação dos anfíbios em terra firme.
Só que a conquista do meio terrestre não foi definitiva, e, por isso, dizemos que os anfíbios estão numa espécie de “meio termo”. Tanto que esses animais ainda dependem da água, por exemplo, para a sua reprodução. E, por um motivo bem simples: os ovos dos sapos não possuem casca protetora, nem anexos embrionários. Essas estruturas, inclusive, fazem parte da adaptação ao meio terrestre de outros animais. É por isso, então, que os ovos deles precisam se manter constantemente úmidos.
Não Maltrate os Sapos!
Pelo menos, antigamente era muito comum que crianças (por “brincadeira”) ou adultos (para espantar esses animais) jogassem sal na pele de sapos, rãs, e outros anfíbios em geral. Mas, principalmente, sapos. E, isso, só pra constar, é um verdadeiro mau trato a esse animal. Por que? A pele é um dos mecanismos que o sapo possui para poder respirar, sendo o meio responsável por mais da metade da absorção de oxigênio desse anfíbio.
A partir do momento em que se joga sal em sua pele, o mineral vai sugar a água (que mantém a pele do sapo úmida, o que é essencial para a troca de gases), impedindo que o animal respire. Em outras palavras: ele vai se sentir sufocado.
Isso sem contar que o sal causa dores muito fortes, porque a pele do sapo não possui um revestimento protetor, como a nossa tem, por exemplo. Portanto, é uma pele bem mais sensível. Sabe a sensação de jogar sal em uma ferida aberta? Pois, é justamente isso o que um sapo sente com essa substância em suas costas.
Portanto, nada de fazer uma maldade dessas com esses animais, até porque o sapo, como muitos outros anfíbios, ajuda a natureza de diversas formas, entre elas, controlar pragas de insetos, que, inclusive, são prejudiciais a nós, seres humanos.