As Comunidades Biológicas e Suas Classificações
Vivemos em um planeta que, abençoado por alguma reação química, apresenta uma enorme diversidade de animais, plantas e outros seres, os assim chamados “seres vivos”.
Apesar de alguns poréns ainda existirem na conceitualização e classificação do que é ou não vida (como por exemplo, os vírus e os príons), é definido que os seres vivos são compostos por matéria orgânica primordial (a agregação química CHON, macromoléculas formadas pelos elementos carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio), necessitando ainda de reações químicas para controlarem a homeostase de seus sistemas, seja algo simples como as de bactérias que apresentam apenas uma proto-célula (procarioto) para albergar o seu DNA, e assim se multiplicar; seja ainda um mamífero, com toda a complexidade de seus sistemas imunológicos, hormonal, neurológico, etc.
A grande diversidade da vida pode ser dividida em diferentes agrupamentos que se ramificam (se encerram) em espécies únicas, considerando as diretrizes para a classificação e agrupamento conforme respectivas características biológicas (estas observadas por metodologias clássicas e modernas).
Esta classificação dos seres vivos é datada desde os grego antigos, quando Aristóteles iniciou suas anotações reportando as características morfológicas de diferentes animais e plantas, agrupando-os quando apresentavam alguma analogia (grupos análogos); passou pela Suécia com Linneus no século XVIII, com o primeiro sistema de classificação a partir de estruturas corporais e suas respectivas funções, estabelecendo os reinos biológicos; chegou à Alemanha com Haeckel no século XIX, inserindo microrganismos ao grande quebra cabeça (com o advento do microscópio); finalmente se configurando de uma maneira moderna no século XX, com o atual sistema proposto por Whittaken e Woese.
Whitaken foi um norte americano que, além de identificar os fungos (distinguindo-os dos vegetais), também construiu até então o mais complexo método de classificação, que levava em conta todos os possíveis marcadores biológicos para a caracterização: estrutural, celular, molecular, funcional, fisiológico, comportamental e ecológico; fundamentando os seres vivos em 5 reinos: Monera (bactérias), Protistas (protozoários), Fungi (fungos), Plantae (plantas) e Metazoa (animais).
Woese, com forte arcabouço nos estudos de Whitaken e Linneus, traz um nível de classificação acima dos reinos, os domínios: composto por três, é basicamente formado por bactérias antigas primitivas (Archae), as bactérias atuais (Bacteria) e todos os restantes dos seres vivos (Eukaria).
As Interações Entre os Seres Vivos
Quando se identifica toda a diversidade, e como ela ainda pode ser classificada, vem um segundo ponto: como todas essas diferentes espécies de seres vivos se relacionam com os outros seres?
O parágrafo acima representa o salto da disciplina da taxonomia para a disciplina da ecologia, que estuda as relações entre espécies de uma mesma população (intraespecífica), e ainda as relações entre espécies de populações diferentes (interespecífica), formando assim as comunidades biológica (comunidade em Biologia nada mais é que o conjunto das diferentes espécies presentes em um determinado ecossistema).
Precisamos antes entender que as interações entre os seres vivos variam, isso dependendo desde o tamanho corporal, assim como todas as outras características biológicas que estes apresentam.
As Fontes de Alimentos e Procriação
As interações entre os seres vivos podem ser, de uma maneira bem resumida, definidas basicamente por busca de alimentação e de procriação, duas funções básicas que qualquer ser que pretenda sobreviver neste planeta tem de as cumprir muito bem.
As plantas e algumas bactérias fotossintetizadoras conseguiram resolver o primeiro problema, já que são seres autótrofos, ou seja, produzem a sua própria fonte alimentar (matéria orgânica) para ser consumida, para isso utilizando energia solar e elementos inorgânicos, em especial o gás carbono.
Já os animais, com destaque aos vertebrados mamíferos, podem ter resolvido bem o segundo problema, já que conseguem fazer a fecundação interna, onde o embrião se desenvolverá com mais segurança do que em ovos de casca dura ou mole, soltos no ambiente.
Essa diferença faz com que alguns seres consigam se desenvolver em um melhor espaço de tempo do que outros, sendo selecionados conforme as pressões ambientais, como publicou Charles Darwin e Alfred Wallace no século XIX.
Porém há uma dependência entre todos esses seres vivos, considerando que muitos não conseguem produzir o seu próprio alimento, e assim necessitam de fontes alimentares de terceiros.
Interação Positiva e Negativa
Para identificar qual o tipo de interação entre seres vivos, é necessário perguntar: esta interação está trazendo benefício para quem? E prejuízo, para quem?
Por exemplo, uma rêmora presa nas mandíbulas de um tubarão não traz prejuízo para o grande animal, já que ela só se alimenta com restos que ele não ingeriu.
Mas um verme parasita que estiver no intestino desse mesmo tubarão estará não apenas roubando os nutrientes que passam pelo trato intestinal, mas também podendo causar alguma infecção, inflamação e demais prejuízos à saúde do hospedeiro.
E claro que ambos dependem do tubarão, e de todos os outros peixes e organismos do mar que serão devorados por este grande predador dos mares.
Por assim temos uma simples teia alimentar que pode ser resumida em: tubarão se alimenta de peixes menores (predação) -> as rêmoras se alimenta dos restos do alimento não ingerido do tubarão (comensalismo) -> os vermes intestinais se alimentam dos nutrientes do tubarão (parasitismo).
Se quisermos atrelar algum produtor nessa cadeia, ou seja, organismos que produziram seus próprios alimentos a partir da fotossíntese, é simples: colônias de bactérias presentes na superfície do mar, que são predadas por pequenos invertebrados, estes que serão devorados por peixes pequenos, os alimentos do tubarão.
Simples né? O importante é estabelecer um referencial: no nosso exemplo, foi o tubarão.
As Teias Alimentares e a Diversidade da Vida
Logicamente que exemplos didáticos para entendermos os fenômenos são na maioria das vezes simples, e não conseguem abordar solidamente toda a realidade biológica, e a complexidade das muitas espécies presentes em um ambiente (até mesmo outros tubarões da mesma espécie do nosso exemplo, que irão competir com ele pelos peixes menores).
Mas a base para construir uma teia alimentar parte desse princípio, o de estabelecer a interação de um animal de referência, e compor quem são os produtores, os consumidores primários (que se alimentam dos produtores), os consumidores secundários (que se alimentam dos primários), os parasitas, os comensais, e os degradadores e decompositores.
Tem-se que saber qual os seres que serão usados na construção da teia, seus tamanhos e dimensão espacial (micro-organismos ou macro organismos), suas funções biológicas (autótrofos ou heterótrofos), seus comportamentos, e rearranjá-los em um cenário ambiental que mais se assemelhe ao que ocorre nos ambientes naturais.