Um dos principais estudos das ciências biológicas é a quantificação dos seres vivos no planeta, as suas respectivas caracterizações, e como estes se relacionam entre eles e o ambiente no qual estão inseridos.
Enquanto a biodiversidade estuda a quantificação e caracterização das espécies da biosfera, a ecologia estuda suas interações: seja entre indivíduos, populações e comunidades biológicas (conforme o nível organizacional), seja ainda como esses organismos modificam e são modificadas pelo ambiente.
Biodiversidade e Ecologia
Ou seja, a ecologia pode ser considerada uma grande área da biologia, já que alberga diferentes subáreas para estudar como os seres vivos se comportam em relação a outros seres vivos, e ao ambiente respectivo.
Por exemplo, considere uma espécie de peixe, que vive dentro de uma lagoa, em um determinado ecossistema simples não perturbado pelo ser humano: considera-se que a população dessa espécie de peixe está vivendo em equilíbrio com os outros seres (os que servem de alimento, assim como os que têm papeis de predadores), também com o seu habitat aquático.
Essa espécie de peixe foi selecionada para viver nesse habitat aquático específico, se alimentando de algumas espécies de peixes menores ou outros invertebrados, e servindo de alimento de espécies maiores de peixes, ou répteis ou aves locais.
Se as populações de peixes de tamanhos menores ou os crustáceos que servem de alimentos diminuírem, a espécie de peixe do nosso exemplo também correrá o risco de diminuir; se as populações de predadores também diminuírem, em um primeiro momento a nossa espécie de peixe poderá aumentar, mas depois devido a competição por recursos, ela irá diminuir.
Se qualquer propriedade físico-química da água for alterada devido ao aumento da população de alguma alga ou bactéria – seja o pH, oxigênio dissolvido, nitritos e nitratos, entre outras variáveis – a fisiologia da população de peixes do nosso exemplo será atingida, de alguma maneira.
Para isso que serve a biodiversidade e a ecologia: para classificar o grande número de espécies existentes, e entender como elas se relacionam, fazendo disso inclusive instrumentos para tecnologia, usada desde preservação do ambiente até as ciências agrárias e de saúde pública.
Diferentes Ambientes, Diferentes Animais
O exemplo dado foi em um ambiente aquático, mas os fenômenos ecológicos ocorrem em todos os ambientes do planeta que tenham a capacidade de compor vida, ou seja: os seres orgânicos que realizam processos fisiológicos, tendo ainda a capacidade de se replicarem para perpetuar a sua espécie.
Claro que quando queremos observar toda a biodiversidade que existe no planeta, temos que controlar a área geográfica, e seus respectivos nuances ambientais e ecológicos.
Por exemplo, não esperamos encontrar grande biodiversidade em um deserto, tal qual constantemente encontramos nas florestas tropicais, ou mesmo no cerrado (ou savana) que não foram destruídos.
A floresta tropical, por estar associada tanto a grandes malhas hidrográficas como em um ambiente com maior umidade em sua atmosfera, tendo assim menor amplitude térmica ao longo de seus períodos (ou seja: não possui uma alteração brusca de temperatura como se observa nos desertos), conseguiu desenvolver um número maior de diferentes espécies, seja plantas, animais (vertebrados e invertebrados), fungos e outros seres microscópicos.
O ambiente aquático é outro que tipo de ecossistema que se pode fazer comparações do tipo: os mares e oceanos albergam uma tremenda biodiversidade, de muitos tipos de seres vivos, mas com certeza não encontraremos repteis e anfíbios no meio do oceano Pacífico, tal qual encontramos em afluentes do Rio Amazonas ou no Rio Paraná.
Para se entender a biodiversidade e a ecologia faz-se necessário entender as características do ambiente, e como ele molda (e é moldado, lembrando o exemplo da proliferação das bactérias na lagoa) as espécies que albergadas.
Os Crustáceos: Grande Maioria Aquática
Quando se estuda biodiversidade, um filo biológico daqueles pertencentes ao reino animal é sempre lembrado como o maior exemplo de grande magnitude de diversidade de seres perante os outros agrupamentos: sim, estamos falando dos artrópodes.
Os artrópodes são tão numerosos que se considerarmos todas as espécies de animais, vegetais e fungos já identificadas no mundo, mais da metade desse total será composto pelos representantes artrópodes, sendo a classe Insecta a que concentra maior quantidade de espécies, quando comparado com os outros grupos de invertebrados.
O que fez com que os artrópodes dominassem o mundo configuram nas características biológicas que os seus representantes apresentam, conforme as estratégias de adaptação adquiridas pela seleção natural: foram os primeiros animais a possuir uma engenhosa estrutura corporal (artro = articulação; podes = patas), o que permitiram uma grande agilidade no deslocamento geográfico, se compararmos com os outros invertebrados contemporâneos conforme respectiva escala evolutiva.
Além da locomoção (pense: a primeira vez que surgiu animais com asas no planeta foram com os insetos), outra conquista importante foi o exoesqueleto de quitina, que permitiu que os artrópodes dependessem menos de ambientes úmidos, quando comparado com os seres mais antigos, evitando assim perdas hídricas mesmo em biomas mais secos.
Entretanto, existe uma divisão de artrópodes que possuem os seus principais representantes vivendo nos habitats aquáticos ou próximos da água, como praias, estuários, manguezais, pântanos e até oásis no meio do deserto: os crustáceos.
O subfilo alberga um grande número de espécies, com atualmente mais de 60000 descritas, a maioria concentrada nos ambientes marinhos, também presentes em água doce, e até espécies que vivem exclusivamente no ambiente terrestre, apesar de serem uma pequena minoria.
Assim como os outros artrópodes, os crustáceos também possuem seus corpos divididos em seguimentos, apresentando apêndices articulados que se expandem de seu corpo, este podendo ser divido tanto em cefalotórax e abdome (semelhante a outro grupo dos artrópodes: os aracnídeos), ou com divisão composta por cabeça, tórax e abdome (esta semelhante ao dos insetos).
O Caranguejo e Suas Principais Características
O caranguejo é bastante lembrando como um exemplo de crustáceo nas aulas de biologia, muito devido a sua distribuição no nosso país, assim como suas diferenças entre o seu parente mais próximo: o siri.
Para começar, o segundo possuí uma sutil diferença do primeiro: as duas patas traseiras do siri são achatadas em forma de “remos”, para facilitar a sua locomoção na agua, estrutura essa que no caranguejo não se modifica, sendo semelhante aos outros pares de patas.
Como já dito no texto, o ambiente tem a capacidade de moldar as populações de seres vivos: o siri é um crustáceo típico das praias e mares, assim ele possui essa adaptação morfológica; o caranguejo, que vive mais em ambiente como mangues, não apresenta essa adaptação em suas estruturas locomotoras.
Caranguejos adotam dietas carnívoras, podendo se alimentar desde peixes pequenos até outros crustáceos e demais invertebrados (e até vertebrados, já que é muito comum verificar estes animais se alimentando de filhotes de repteis e aves, conforme a oportunidade ecológica proporciona).
Normalmente o peso de um caranguejo varia entre os 1-3 kg, com 10-40 cm de tamanho, entretanto existirem populações que conseguem apresentar tamanho e peso maiores (podendo chegar até 20 kg!).
Quanto a idade, constata-se que algumas espécies vivem entre 3-4 anos, tendo metade do seu tempo de vida para maturar-se sexualmente, e assim realizar suas funções reprodutivas e perpetuação da espécie.
Vale lembrar que caranguejos – assim como outros representantes dos crustáceos – incluem importantes espécies que compõem a dieta humana, como a lagosta, o camarão, o siri, etc, tendo assim uma importante função econômica e produtiva (os únicos dentro dos artrópodes a apresentarem essa importância gastronômica, todavia em muitos países do oriente se consome insetos e aracnídeos).