Com certeza, você já ouviu falar do termo “ecossistema”, e é certo também que sempre que se fala sobre o tema, muitas pessoas o associam a um ambiente natural, um habitat selvagem, digamos assim. Porém, você sabia que existem ecossistemas artificiais?
Talvez, o termo seja um tanto novo pra você, mas é muito provável que já tenha visto, na prática, algo similar por aí, principalmente em tempos onde a degradação da natureza está a passos largos, e o ser humano está tentando, de alguma forma, conter o prejuízo causado por ele mesmo.
Então, vamos nos aprofundar mais a respeito do assunto a seguir.
Ecossistema Natural
Antes de qualquer coisa, precisamos ter em mente, exatamente, o que é um ecossistema natural, por mais óbvio que o termo possa parecer. Pra iniciar, um ecossistema natural é aquele onde a própria natureza é responsável pela criação do ambiente, bem como ela também é responsável pela evolução da comunidade dos seres que nele habitam.
Para esse ecossistema existir, alguns fatores são essenciais. São eles: os bióticos (relacionados aos efeitos causados pelos seres do local ) e os abióticos (que dependem de fatores externos, como luz, radiação, solar, temperatura, etc). Ainda influenciam na criação de um ecossistema natural a interação entre os organismos (algo que pode se dar de diversas formas, como o mutualismo, o predatismo, etc), bem como o fluxo do sistema no qual todos aqueles seres estão inseridos.
Dado importante a ser considerado aqui: um ecossistema natural NÃO sofre a intervenção direta do homem para existir, ou simplesmente, para se manter. Digamos que seja a natureza “intocada” pela ação do homem (principalmente, a ação de cunho predatório).
Ecossistema Artificial
Aqui, por sua vez, já estamos falando de um ecossistema que, de alguma forma, sofreu intervenção humana para que ele se assemelhe a um “ecossistema original”, digamos assim. Exemplos? Áreas reflorestadas, e locais específicos de preservação da fauna e da flora são boas maneiras de você visualizar esse conceito.
Nessa tentativa do homem de imitar o ambiente natural de algum lugar, é ele quem determina que tipo de vegetação terá naquela localidade, bem como quais espécies de animais conviverão ali (lembra do filme “Parque dos Dinossauros”? Pois bem, em linhas gerais, é exatamente por aí que funciona um ecossistema artificial).
Mas, afinal, de onde surgiu a ideia de criar ambientes que imitassem o ecossistema de um determinado lugar?
Histórico
Os ecossistemas artificiais (que também podem ser chamados de biosferas artificiais) já possuem um histórico um pouco antigo. Os primeiros que se têm notícia foram feitos em miniatura, numa escala muito pequena mesmo, no século passado, com dois objetivos bem específicos: para recreação, e também para fins científicos.
Esse tipo de projeto foi fundamental porque mostrou que poderia haver a recriação de um ecossistema em pequena escala (por exemplo: em termos, mais ou menos gerais, o que existe na Floresta Amazônica pode ser recriado com algumas quadras de tamanho). Daí, cientistas começam a ficar mais audaciosos, surgindo grandes complexos, ou simplesmente ecossistemas em grande escala.
O primeiro ecossistema artificial em grande escala foi o complexo BIOS-1 (sigla que, do inglês, significa Sistema Biológico Fechado de Suporte de Vida – 1). Esse ecossistema foi criado em 1965 como sendo um complexo subterrâneo de 12 m³, na cidade de Krasnoyarsk, Rússia, pelo atual Instituto de Biofísica da Academia Russa de Ciências. O lugar é capaz de reciclar até 85% do material necessário para uma pessoa sobreviver (ar, água e alimento), e, até hoje, três missões tripuladas já foram mandadas pra lá, com sucesso.
Em 1987, a empresa Space Biospheres Ventures criou uma área de 1,27 ha (12.700 m²) na cidade de Oracle, Arizona, EUA, chamado de Biosfera 2. Esse complexo abriga cinco diferentes ecossistemas (oceano com corais, manguezal, floresta tropical, savana e deserto), e é considerado o maior ecossistema artificial do mundo, sendo usado, atualmente, para pesquisas científicas, apenas.
Desenvolvimento Sustentável
Dentro desse panorama dos ecossistemas artificiais, pode citar um conceito muito importante que é o de desenvolvimento sustentável. Através dessa proposta de desenvolvimento, diversos líderes mundiais têm se reunido constantemente nesses últimos anos para debater como não afetar significativamente os ecossistemas devido aos investimentos econômicos, às pesquisas tecnológicas e à exploração de matéria-prima.
Ou seja, a grande questão está em explorar o meio ambiente sem destruir, sem fazer com que a vida nesses lugares seja drasticamente mudada (ou até mesmo eliminada) em decorrência do desenvolvimento humano em outras áreas, e é aí que pode entrar, significativamente, o conceito de ecossistema artificial para ajudar nesse problema.
Qual a Importância de um Ecossistema Artificial?
Às vezes, imita-se um ecossistema dito natural apenas como forma de decoração ou paisagismo, como é o caso dos jardins e aquários, que tentam imitar o habitat natural de muitas espécies de seres, sejam plantas ou animais.
Em outros casos (esses, mais ambiciosos) fazem dos ecossistemas artificiais, uma ótima maneira de testar como o ser humano reagiria fora da Terra, e, em algumas situações, fora do Sistema Solar. E, é justamente devido a isso que muitos projetos de biosferas artificiais, pelo menos, até o momento, mostraram fracasso, já que a meta é sustentar a vida em ambientes diferenciados por bastante tempo.
No entanto, um ecossistema artificial também pode ser usado para fins mais nobres ou mais práticos aqui na Terra, como, por exemplo, salvar uma espécie em vias de extinção. A partir do momento em que pega-se alguns poucos exemplares de um ser vivo, e estes são colocados num ambiente que lhes é familiar, a tendência é que se multipliquem para, futuramente, voltarem à natureza, e repovoarem uma determinada região.
É o que acontece muito com animais em cativeiro, como, por exemplo, o panda gigante da China, que estava quase extinto, mas, a mobilização do homem fez com que a espécie fosse salva, e, hoje, existem muitos exemplares espalhados pelo país.
Porém, seja para fins recreativos, científicos ou até mesmo para salvar espécies ameaçadas de desaparecerem, os ecossistemas artificiais são tremendamente fascinantes, e, com certeza, com o avanço da tecnologia, muita coisa ainda pode ser feita na construção desses pequenos espaços para a sustentação de toda e qualquer vida.