Quando falamos de um conjunto de variáveis ambientais, como por exemplo: poder de adaptação aos fatores impostos, habitat e a função no ecossistema, temos a definição de nicho ecológico. No mundo existem muitas espécies e cada uma delas tem uma parcela deste termo, mas dentre tantos animais, existe um que é muito conhecido mas que ocupa um estreito nicho ecológico, este é o urso polar.
Animal de características muito específicas, o urso polar ou urso-branco, é adaptado para viver em baixas temperaturas e locomover-se em ambientes como gelo e a água, visto que sua dieta está diretamente ligada a animais desse habitat.
Características Gerais
O urso polar é um animal de grande porte, sendo forte e encorpado. Ele ocupa a posição de maior carnívoro terrestre, embora menos robusto que o urso-de-kodiak que é, por muito pouco, menor. Possuidor de uma poderosa arcada molar e de dentes caninos maiores do que qualquer outro urso, o urso-branco ainda sim tem a cabeça achatada e relativamente pequena.
A diferença de peso existente entre os machos e fêmeas é acentuada, sendo que os machos variam entre 300Kg e 800Kg enquanto que as fêmeas ficam na casa dos 300Kg. Esta diferença reduz quando falamos de comprimento, os machos ficam na média dos 225 cm e as fêmeas na casa dos 190 cm.
A classificação deste gigante é a seguinte:
- Reino: Animalia
- Filo: Chordata
- Classe: Mammalia
- Ordem: Carnívora
- Família: Ursidae
- Gênero: Ursus
- Espécie: Ursus marítimus
Urso Polar: Recorde Histórico
O aeroporto de Anchorage tem em exposição, o maior urso polar já registrado. No ano de 1960, em Kotzebue Sound (noroeste do Alasca), foi morto um macho que 1,002 Kg. Considerando que o peso máximo “normal” é de 800Kg, esse animal foi de fato uma grande exceção.
Urso Polar: Habitat
O urso polar é encontrado, basicamente, no círculo polar ártico e também em algumas áreas próximas. A extensão territorial é distribuída em cinco regiões, sendo eles: Groenlândia(Dinamarca), Svalbard(Noruega), Alasca (Estados Unidos), Rússia e Canadá.
Urso Polar: Comportamento
Assim como muitas outras espécies que encontramos, o urso polar é um animal de hábitos solitários e isso só muda em épocas de reprodução, onde os machos tendem a ser mais sociáveis. Primavera e início do verão são os períodos onde essa atividade acontece.
Ao observarmos o urso polar caminhando de maneira desengonçada, podemos pensar que este animal não é um grande predador, mas sua especialidade está em outro ambiente, o aquático. Exímio nadador, o urso polar chega a alcançar distâncias na casa dos 320 Km da costa. Essa habilidade tem o auxílio, em parte, de sua gordura corporal que fornece ao animal certa flutuabilidade. Os membros dianteiros dão a propulsão que permite alcançar a casa dos 9 Km/h.
Urso Polar: Dieta
Considerando que o urso polar tem como especialidade a natação, é implícito pensarmos que sua dieta é mais focada em animais desse ambiente. No topo de sua dieta encontramos as focas, principalmente as aneladas e, em menor frequência, as focas-barbudas. Ainda podemos citar, aves, peixes, pequenos mamíferos e até mesmo vegetação, mas isso ocorre apenas quando há falta das fontes principais.
O urso polar ataca nas áreas que são formadas entre água e gelo pois esse é o tipo de situação onde as focas se tornam mais vulneráveis. Elas vem para estas regiões com a intenção de descansar, neste momento o urso utiliza o método chamado de “caça de espera”, ele fareja a respiração da presa nos orifícios e espera agachado em silêncio, quando a foca aparece o urso a arrasta para fora do buraco e, utilizando a força de sua mandíbula e presas poderosas, ele morde sua cabeça até esmaga-la. Outro ataque muito comum deste gigante, é a visita aos ninhos das focas fêmeas apropriando-se da fragilidade dos filhotes ou da certeza de encontro com a mãe.
Urso Polar: Reprodução
O acasalamento desta espécie é do tipo poligâmico, machos e fêmeas ficam juntos por pouco tempo, após este período eles seguem adiante sem manter nenhum vínculo. O período climático que marca a reprodução é o inverno.
O número de machos por fêmea pode chegar a 3, sendo assim fecundar uma é muito concorrido para os ursos, por consequência, podem ocorrer o que chamamos de hierarquia de dominância, situações onde os machos tendem a se enfrentar em combates duros que resultam em escoriações e mordidas.
A gestação varia entre 195 e 265 dias, neste tempo a fêmea tem um ganho de peso bem considerável, pois ela ingere muito alimento podendo até, dobrar o seu peso. Os ninhos podem ser encontrados não muito longe da costa e a tendência é que estas regiões sejam reutilizadas a cada ano. Quando na toca, a fêmea entra em estado de dormência profunda(muito parecido com a hibernação), mas é importante ressaltar que não é um sono profundo ainda que seus batimentos caiam de forma bem acentuada.
Urso Polar: Curiosidade
Vimos que o urso polar também é conhecido como “urso-branco”, mas na realidade o pelo dele é incolor. Isso se dá pela falta de pigmentação que ele possui, o focinho, lábios e a pele são pretos, a coloração branca é resultante do reflexo da luz causado por seus pelos. Dependendo da estação, seus pelos podem parecer amarelados ou cinzentos, tudo varia conforme as condições de iluminação.
Ainda é interessante ressaltar que a pelagem do urso polar possui uma subcamada, sendo que esta possui por volta de 5 cm de comprimento e a camada externa pode chegar aos 15 cm.
O Urso Polar e a Mudança Climática
Existe uma grande preocupação dos biólogos e pesquisadores com a influência das mudanças climáticas nas espécies que vivem neste ambiente, no caso do urso, as mudanças no clima tendem a proporcionar uma perda de habitat. Considerando que entre o final do verão e o início do outono o urso precisa ter reservas de gordura ao retornar à costa, não se alimentar trás ao animal a desnutrição e a inanição.
O fato das camadas de gelo se decomporem também é crítico para o urso, como não há maneira de locomoção caminhando ele é obrigado a nadar longas distâncias, mesmo que ótimo nadador, sua condição desgastada tende a piorar e ele pode afogar-se.
Também é importante entendermos que o aquecimento climático afeta também a questão materna. Uma vez que as distâncias aumentam para as mães e seus filhotes, elas procuram zonas para sua maternidade em terra. Isso é perigoso pois um ambiente mais quente e sem isolamento propicia as doenças causadas por bactérias e parasitas.