A ranicultura é o conjunto de operações destinadas a reproduzir as rãs em favor da atividade humana. Uma pessoa que pratica esta criação é um fazendeiro.
Criação Comercial de Rãs
O principal objetivo desta criação comercial amplamente explorada é a produção de carne para consumo humano. É praticado principalmente na Europa e no Extremo Oriente, principalmente no arquipélago indonésio, mas o Brasil também está incluído entre os mais destacados produtores.
As principais espécies mais visadas para esse objetivo comercial são:
Pelophylax kl. esculentus: anfíbio que resulta da hibridação entre pelophylax lessonae e pelophylax ridibundus. É endêmico para a Europa, sendo encontrado na metade norte da França, no sul da Suécia e na Rússia. Foi também introduzido na Espanha e no Reino Unido.
A fêmea coloca 1.500 a 4.000 ovos que eclodem em duas a três semanas, dependendo da temperatura ambiente. O desenvolvimento de girinos dura de dois a três meses até sua metamorfose. A maturidade sexual é atingida aos três anos. A espécie pode viver de seis a dez anos.
Pelophylax ridibundus: uma espécie de anfíbio da família ranidae. Está difundido atualmente em quase toda a abrangência européia, e também do Oriente Médio para a China. É uma espécie invasora que tende a colonizar novos territórios.
Uma fêmea adulta põe 5.000 a 10.000 ovos por ano. O desenvolvimento de embriões com duração de 5 a 10 dias a uma temperatura entre 15 e 25° Celsius. O desenvolvimento de girinos dura de 4 a 5 meses; parte da população pode girinos hibernar por uma metamorfose mais tardia. A maturidade sexual é de dois anos para machos e três anos para fêmeas.
Lithobates catesbeianus: esta espécie da família ranidae é o maior sapo da América do Norte. Ele foi introduzido em muitos países ao redor do mundo onde é considerado uma espécie invasora na maioria. Na ranicultura brasileira é a principal criação.
A fêmea coloca 3.000 a 24.000 ovos, uma ou duas vezes por ano. O girino mede 7 a 15 cm antes da metamorfose. Atinge a maturidade sexual de 2 a 4 anos após a metamorfose. Os juvenis comem vários artrópodes (principalmente insetos), moluscos, outros girinos, outros pequenos sapos e pequenos peixes.
Hoplobatrachus tigerinus: é uma espécie de anfíbio na família de dicroglossidae. Esta espécie ocorre no leste do Afeganistão, no leste do Paquistão, na Índia, no Butão, no Nepal, em Bangladesh e no oeste da Birmânia. Foi introduzido também em Madagascar e nas Maldivas.
A criação em cativeiro dessa espécie como fonte de alimento começou na Tailândia na década de 1990. Hoje as maiores exportações dessa espécie incluem três países principais: Índia, Bangladesh e Indonésia.
A Carne na Culinária
Na Europa, rãs apareceram nos melhores círculos de culinária única talvez desde o século 16. Durante o século 20, uma significativa diminuição foi observado em certas populações de anfíbios e muito provavelmente sob influências diretas ou indiretas da atividades humana predatória.
A França é considerada o principal importador com 3.000 a 4.000 toneladas anuais de patas congeladas dos países do Extremo Oriente e 700 a 800 toneladas anuais de sapos vivos de exportadores mais próximos, que são transformados em pernas frescas para restaurantes gastronômicos.
A própria França como principal consumidor tem feito ensaios com hibridizações e até restauração natural de estoques como estratégia para garantir a qualidade do produto e também lidar com as leis e restrições econômicas do país.
O Processo de Cultivo
Basicamente a ranicultura engloba três estágios de criação, a saber:
O primeiro estágio é constituído pela manutenção e reprodução das espécies. Machos e fêmeas são selecionados e recolhidos para criadouros, onde os machos são postos em um cativeiro e as fêmeas em outro. Somente no período de acasalamento, ambos são reunidos em uma baia comum (chamada aqui na ranicultura brasileira de motéis).
O próximo estágio é o chamado “girinagem”. Neste estágios, diferentes criadouros são criados para as diferentes fases de desenvolvimento dos girinos, com aspectos como temperatura e dieta alimentar adequada a cada fase de metamorfose.
O terceiro e último estágio é o da engorda. Esse é dividido em dois sub-estágios: o primeiro é o inicial, em que os girinos já se metamorfosearam em rãs jovens e são subsequentemente separados para um novo criadouro onde serão alimentados adequadamente até atingirem a maturidade. O segundo é o de terminação, que basicamente engorda as rãs maduras até atingirem o peso comercial ideal para comercialização.
Ranicultura no Brasil
Esse tipo de criação aqui no Brasil e em outros países com condições climáticas semelhantes contribuem para que todo esse processo dure um período de apenas seis meses desde o estágio dos girinos até a engorda comercial. O peso ideal que o mercado mundial exige nessa produção fica entre 180 a 250 gramas em cada indivíduo rã.
Outra vantagem brasileira nesse tipo de comercialização ou exportação está no fato da legislação local considerar a ranicultura uma forma de pescaria comercial, utilizando assim as mesmas regras e restrições dadas a conservação e comercialização dos frutos do mar, por exemplo.
Ranicultura no Comércio Mundial
Escavações realizadas perto do famoso sítio megalítico de Stonehenge descobriram ais de 650 ossos de animais incluindo ossos de peixes, restos de auroque (o ancestral do gado) e também ossos de pernas de sapo que datam de 7.596 a 6.250 AEC!
“Eles realmente tinham recursos alimentares ricos, eles comiam tudo o que se movia”, comentou David Jacques, um dos pesquisadores da Universidade de Buckingham, que supõe: “As pernas dos sapos estão cheias de proteína e muito rápidas de cozinhar, era um pouco como o equivalente de fast food para o Mesolítico”.
Nota-se, portanto, que o comércio de rãs já vem de tempos antigos, principalmente pra uso culinário. Ainda hoje, a ranicultura movimenta milhões pelo mundo. Ainda hoje, as coxas das rãs que são comidas são principalmente de espécies tropicais importadas.
E é um comércio importante e lucrativo, uma vez que a cada ano a maior exportadora do mundo, a Indonésia, vende cerca de 5.000 toneladas de pernil anfíbio, principalmente para a França (3.000 a 4.000 toneladas) e aos Estados Unidos. Só a França, como principal importador, importa entre 60 e 200 milhões de rãs por ano.
O consumo moderno de rãs na gastronomia europeia data do século 16. Rãs mais consumidas são colhidas de estoques naturais, e isso declinou acentuadamente a população de anfíbios durante o século 20 devido ao aumento da atividade humana (aumento de taxas, redução do habitat apropriado, e a caça desenfreada).