Myrmecophaga tridactyla, esse é o nome científico que recebeu o Tamanduá-bandeira, e como podemos observar nessas fotos, tudo o que pode ser dito sobre as características desse animal é que ele é, sem dúvida, um dos mais extravagantes de toda a fauna brasileira.
Mas você também poderá encontrá-lo por essas paragens das Américas Central e do Sul (de onde é endêmico) como Urso-formigueiro, Jurumim, Tamanduá-cavalo, Tamanduá-açu, Papa-formigas…E poderíamos ficar aqui por mais um bom tempo listando as inúmeras denominações desse mamífero, membro da família Myrmecophagidae e que distribui-se em praticamente todos os ecossistemas brasileiros.
O Tamanduá-bandeira é uma espécie essencialmente terrícola e, diferentemente dos seus outros parentes, tem um apreço todo especial por permanecer no ambiente seguro do solo, onde passa os seus dias à caça das refeições que mais aprecia: cupins e formigas.
O seu habitat natural são os campos abertos, prados, florestas tropicais, savanas, entre outras vegetações com essas características. E em território brasileiro podem ser encontrados no Cerrado, na Mata Atlântica, na Caatinga, nos Pampas Gaúchos e na Amazônia.
Eles geralmente medem entre 1,6 e 2,2 metros de comprimento; o seu peso varia entre 35 e 40 kg; possuem um focinho imenso (a sua marca registrada); um andar bastante característico (sobre as articulações dos dedos); uma pelagem densa, abundante e bem incomum; além de garras assustadoras nos dedos das patas dianteiras, o que lhes conferem as características de escavadores natos.
Aliás, sobre a sua pelagem, chama a atenção o fato de que esses animais costumam ser, entre os animais silvestres, alguns dos que mais sofrem com parasitas (ectoparasitas), em especial os carrapatos; situação que até faz com que, especialmente quando criados em cativeiro, deva ser redobrada a atenção sobre esse transtorno que é típico do gênero Myrmecophaga.
Em Busca de Alimentos
Assim como outros animais silvestres, os Tamanduás-bandeiras preferem sair em busca de alimento em amplos ambientes, como os campos, savanas, matas ciliares, pastos e lavouras; e o ambiente úmido, rico e protegido das florestas costuma ser utilizado apenas para o descanso; ou mesmo para manter-se protegido de alguns dos seus principais predadores.
E sobre esses seus predadores, devemos chamar a atenção para alguns dos visitantes mais indesejados por esses tamanduás nas suas rotinas de luta pela sobrevivência. E são eles: a onça-pintada, o Jacaré-açu, a onça-parda, as aves de rapina, entre outras espécies das quais muitas vezes esses tamanduás escapam utilizando-se de uma das suas habilidades mais inusitadas: o nado.
Isso mesmo! Os tamanduás, por mais incrível que possa parecer, são capazes de atravessar rios bastante consideráveis; e não apenas para fugir desse assédio dos predadores, mas também quando decidem reservar o dia para o descanso; para um mergulho refrescante no meio da tarde.
E esse descanso acontece sempre de forma solitária. Os Tamanduás-bandeiras só reúnem-se em grupos durante as suas fases reprodutivas, quando então é possível notar, de longe, um casal de tamanduás, aqui e ali, em seus jogos amorosos para a perpetuação da espécie.
Ou então em um grupo familiar composto por um macho, duas ou três fêmeas e alguns filhotes, como um dos fenômenos naturais mais característicos entre os que podem ser observados numa comunidade desses animais.
Tudo o Mais Sobre as Características do Tamanduá-Bandeira
O Tamanduá-bandeira é uma verdadeira extravagância! Mas, como não é nenhuma novidade dentro desse magnífico universo da vida selvagem, eles também sofrem com algum risco de extinção – na verdade eles são listados como “Vulneráveis”, de acordo com a Lista Vermelha da IUCN.
Acredita-se que nos campos abertos, florestas arbustivas, savanas, entre outras vegetações do Uruguai, esse animal já esteja completamente extinto; e em vias de desaparecer completamente em toda a América Central.
E isso ocorre muito por causa do avanço da agricultura sobre os seus habitats; mas também por conta da famigerada caça ilegal de animais silvestres, que ainda vem configurando-se como um dos principais flagelos para todas as espécies exóticas do planeta.
Felizmente, os Tamanduás-bandeiras estão entre as espécies que mais encontram abrigos em reservas ambientais em todo o continente americano; e por isso mesmo costumam ser uma das principais atrações quando o assunto são os animais silvestres e exóticos protegidos da extinção por legislações internacionais.
Com relação ao aspecto físico do Myrmecophaga tridactyla, o que podemos dizer é que estamos falando de uma verdadeira exuberância da natureza! Uma imensa figura com mais de 2 metros de comprimento, com uma coloração entre o marrom e o cinza-escuro, com variações de branco nas pernas anteriores e um tom escuro nas posteriores.
O seu nome, Tamanduá-bandeira, é outra das curiosidades acerca desse animal. E ele seria, supostamente, uma junção dos termos tupis ‘tá’ (caçador) + ‘monduá’ (formiga), como uma clara alusão à sua tão inusitada preferência alimentar, que até já tornou-se parte do imaginário popular e tema para inúmeras lendas, crendices e invencionices acerca das suas origens.
Características do Tamanduá
E tudo o mais que se sabe sobre as características do Tamanduá-bandeira, além das suas características biológicas, nome científico, fotos, imagens e outra especificidades, é que ele ainda apresenta algo como uma crina que desenvolve-se na sua nuca, além de não possuírem dentes e uma língua com mais de 60 cm de fazer inveja a muitos membros da comunidade dos sapos, rãs e pererecas.
E o que se diz é que, na hora de matar a fome, essa língua funciona como um verdadeiro instrumento de combate! Ela simplesmente faz uma varredura de milhares de cupins e insetos que são devorados avidamente durante praticamente todo o dia em que estiverem prontos para a ação.
E por isso mesmo, no ambiente selvagem, eles configuram-se como um dos mais eficientes controladores de pragas da natureza; uma característica que até faz com que muitos passem a realmente considerar a possibilidade de ter em casa um desses “animaizinhos”.
Descrição e Morfologia
Os Tamanduás-bandeiras são conhecidos por terem desenvolvido, ao longo de milhões de anos de evolução, uma série de modificações biológicas que são as armas por meio das quais eles conseguiram adaptar-se e ultrapassar, com louvor, essa famigerada seleção natural à qual todos estamos sujeitos.
É de imaginar como, no passado, a dificuldade de alcançar presas escondidas em lugares de difícil acesso configurou-se como uma verdadeira sentença de morte para inúmeras espécies.
Mas não para os tamanduás, providos como são de uma boca na forma de um longo tubo desdentado e que abriga uma língua capaz de atingir os lugares mais improváveis.
Além disso, membros robustos, unhas poderosíssimas (com até 6,5 cm), um olfato dos mais privilegiados e uma anatomia aerodinâmica, fazem desse animal uma verdadeira “máquina” de caçar alimentos – e, sem dúvida, um dos mais exóticos espécimes que podem ser encontrados em ambiente natural.
Ainda sobre as características físicas dos Tamanduás-bandeiras, podemos, sem medo de errar, afirmar que no seio dessa comunidade Myrmecophagidae eles são os “reis”.
Os Tamanduás-bandeiras na verdade já até adquiriram o status de um dos cartões-postais do Brasil, muito por causa do seu aspecto originalíssimo, e também por desempenharem um importante papel ecológico nos ecossistemas onde vivem.
Eles chamam bastante a atenção pela robustez dos músculos do seu pescoço; algo que talvez contribua para amenizar a desproporcionalidade gritante em relação ao restante do corpo.
Mais Características
E já com relação ao dimorfismo sexual entre esses animais, o que se nota é uma incrível semelhança entre machos e fêmeas, a ponto de dificultar a identificação de machos e de fêmeas em determinadas situações – outra coisa que, sem dúvida, é uma das características mais marcantes desse gênero.
Os Tamanduás-bandeiras possuem cinco dedos em cada pata; porém as dianteiras apresentam um dos seus principais cartões de visita: quatro garras poderosíssimas, que são capazes de escavar os solos mais duros e hostis em busca de alimento.
Curioso também é notar como esses tamanduás caminham sobre os segmentos dos dedos, especialmente os três dedos das patas dianteiras, como é típico dos animais nodopedálicos (como os primatas); uma característica que inclusive faz com que esses tamanduás possam manter-se sobre as patas posteriores para fins de observação do território e de uma possível aproximação de predadores.
Animais Caçadores
E quando chega a hora de caçar eles não fazem a menor cerimônia em utilizar as suas garras de forma violentíssima; isso depois de o seu faro conseguir descobrir comunidades de cupins e formigas onde quer que elas estejam escondidas sob o solo.
E para logo após, encontradas as vítimas, introduzir o seu singular focinho nas cavidades e deixar que a sua língua (uma arma de guerra com mais de 60 cm) faça todo o restante do trabalho
Tudo Sobre a Distribuição dos Tamanduás-Bandeiras
Como dissemos, os Tamanduás-bandeiras são espécies endêmicas do continente americano, mais especificamente das Américas Central e do Sul.
Nessas regiões eles são encontrados em uma imensa variedade de ecossistemas, desde florestas úmidas, passando por campos abertos, prados, savanas, cerrados, a até mesmo áreas cultivadas.
Mas pode até acontecer de você por acaso cruzar com um exemplar de um Myrmecophaga tridactyla em lavouras, plantações de pinheiros, acacias, e de outras espécies, geralmente da família das fabaceaes.
E sobre as suas preferências por habitats, chama também bastante a atenção a necessidade que esses tamanduás possuem de enveredar para o interior das florestas a fim de fugir do calor; e essa é uma necessidade fruto de uma deficiência de termorregulação, que impede que eles apresentem a mesma desenvoltura sob o sol a pino.
A distribuição dos Tamanduás-bandeiras abrange os territórios desde Honduras, passando pelo Chaco Paraguaio e Boliviano, o Brasil, até atingir o norte da Argentina. E ainda com algumas supostas (e não confirmadas) inserções na região andina do Equador, onde desenvolvem-se em altitudes bem maiores.
Mais Informações
Acredita-se que os Tamanduás-bandeiras já possam ter vivido em altitudes mais elevadas. Inclusive os mais recentes estudos científicos feitos com fósseis de animais encontrados no norte do México dão pistas de que a abrangência dessa espécie pode ter sido bem diferente do que se imagina.
O início do Plistoceno certamente abrigou o ancestral mais distante dos tamanduás, especialmente em ecossistemas da América Central que, à época, apresentavam as características que essas espécies mais apreciam: um ambiente úmido, com temperaturas amenas e chuvas regulares.
Hoje, certamente, os Tamanduás-bandeiras estão extintos na maior parte dos territórios da Guatemala, El Salvador, Belize, Panamá, Costa Rica, na região sul do Brasil e no Uruguai.
E onde existem, eles só podem ser salvos do completo desaparecimento por meio do abrigo providencial das reservas ambientais de cada país; que são como a garantia da perpetuação desse gênero para as gerações futuras.
A Evolução dos Tamanduás-Bandeiras
O gênero Myrmecophaga é praticamente um sinônimo do termo “Tamanduá”. Isso porque ele é o único sobrevivente da família Myrmecophagidae, que abriga os seus outros parentes próximos: o Tamanduaí, o Tamanduá-mirim e o Tamanduá-do-norte.
Todos esses animais foram descritos por Linnaeus em meados do séc. XVIII, como uma derivação do grego: “Myrmecophaga” (o que come formigas) + “tridactyla” (três dedos), em uma alusão bastante evidente às suas singulares constituições físicas de um degustador de formigas dos mais competentes da natureza.
Juntamente com a sua descrição, outras subespécies do Tamanduá-bandeira foram propostas. E elas são: M.t. Centralis (um membro das áreas abertas do norte equatoriano, noroeste da Colômbia e Venezuela). O M.t. Tridactyla (o “astro” desse artigo, que ocupa ecossistemas desde o México até o norte argentino). E o M.t. artata (só encontrado em savanas e florestas úmidas da Colômbia e nas mesmas vegetações no noroeste da Venezuela).
Trechos de campos abertos e florestas úmidas dos estados de Zulia, Mérida e San Cristóbal (na Venezuela) parecem ser regiões com possibilidades de se encontrar exemplares de Tamanduás-bandeiras.
Assim como também em Cúcuta, Bucaramanga e Turbo (na Colômbia), onde exemplares dessa espécie podem ser identificados em prados, savanas, áreas abertas e outras vegetações semelhantes.
A Evolução da Espécie
Já na Argentina, a região litorânea de Salta parece ser uma espécie de porto seguro para o Myrmecophaga tridactyla; assim como também San Miguel de Tucuman, Santiago del Estero, entre outras regiões no extremo norte do país.
E tudo o mais que se possa falar sobre a evolução dos Tamanduás-bandeiras, à parte os seus nomes científicos e características físicas, como podemos observar nessas fotos, é que eles compartilham com as preguiças um ancestral distante, que data de mais ou menos 55 milhões de anos, quando supostamente houve as suas diferenciações.
Mas essa evolução continuou ocorrendo, pois dessa diferenciação ainda surgiu a subordem Vermilingua (com separação por volta de 32 milhões de anos); para só depois, há cerca de 11 milhões de anos (já no Mioceno), esse gênero Myrmecophaga ser totalmente diferenciado; mas sempre em evolução, até chegar aos nossos dias como o conhecemos.
Registros Fósseis
Não é tarefa das mais fáceis esmiuçar o comportamento evolutivo dos Tamanduás-bandeiras. Basta saber, por exemplo, que o Mioceno (no início do Neogeno, entre 23 e 5,3 milhões de anos) parece ser o período que marca a constituição dessa espécie mais ou menos como conhecemos hoje.
E o animal que pode ser considerado o mais antigo Tamanduá-bandeira da natureza, segundo Patterson(1992), é o “Neotamandua”; mais corretamente denominado “Neotamandua borealis”; uma espécie capaz de atingir até os consideráveis 100 kg de peso, e que já apresentava o hábito, bastante familiar nos tamanduás, de consumir exclusivamente cupins e formigas.
Os fósseis do Neotamandua borealis foram encontrados na Colômbia, no sítio paleológico de La Venta; região onde tudo indica ser o berço dessas espécies, e de onde distribuíram-se por boa parte das América Central e do Sul.
Dentre as principais características que diferenciavam ambos os parentes, podemos destacar o crânio bem maior do Neotamandua em relação ao dos Tamanduás.
Mais Características
Mas também chamam a atenção a ausência de uma cauda prênsil (semelhante à dos primatas), um conjunto de patas que lembravam uma mistura entre o Tamanduá-bandeira e o mirim, além de não apresentarem a inconfundível coloração branca nos membros anteriores.
Isso sem contar o fato de que o Neotamandua possuía as características de animais arborícolas e terrestres, diferentemente do seu descendente, o Tamanduá-bandeira, que acabou tendo que adaptar-se a uma rotina exclusivamente terrestre.
Uma adaptação que talvez tenha ocorrido por conta do aumento da quantidade de amplos espaços abertos, como o resultado da inserção cada vez maior do homem nos recônditos do planeta.
Mas as razões para isso também estão no fato de que os Tamanduás-bandeiras descobriram uma verdadeira “mina de ouro” na forma de uma abundância de cupins e formigas encontradas no ambiente terrestre.
Uma abundância descoberta em quantidades inimagináveis no ambiente arborícula; como uma das principais singularidades da evolução desse gênero de animais no seio da natureza.
Padrão de Atividade do Tamanduá-Bandeira
O padrão de atividade do Tamanduá-bandeira costuma variar a depender da região que habitem; e especialmente quando há uma aproximação do homem e o aumento da temperatura do planeta esses animais tendem a adquirir as características de espécies noturnas.
É curioso notar, também, como esses tamanduás preferem dormir no interior das florestas sob a proteção das árvores e com o corpo todo coberto com a sua cauda em forma de bandeira (daí o seu apelido).
E não menos curioso é notar como em outros momentos de descanso eles simplesmente dispensam esse hábito, preferindo manter a cauda convenientemente estendida, como forma de garantir que recebam uma boa dose de luminosidade e de raios solares durante os períodos de vigília.
Cabe aqui, também, ressaltar, mais uma vez, os hábitos solitários dos Tamanduás-bandeiras, que só podem ser avistados em pequenos grupos familiares durante o período de acasalamento; em grupos familiares que geralmente compõem-se de um macho e no máximo duas fêmeas com alguns poucos filhotes.
Curiosidades, Nome Científico, Fotos e Tudo o Mais Sobre os Hábitos Alimentares dos Tamanduás
Eles são animais insaciáveis! E para se ter uma ideia do que estamos falando, basta saber que um Tamanduá-bandeira adulto é capaz de ingerir entre 20 e 30 mil formigas e cupins diariamente!
Essa característica faz desse animal uma variedade única! e, ao que se sabe, ele o único mamífero que não possui dentes e tem uma dieta exclusivamente à base de cupins e formigas.
Mas para que possa dar-se ao luxo de tamanha especialização na dieta, os tamanduás desenvolveram uma anatomia também considerada única, que envolve, como dissemos, a completa ausência de dentes e uma língua que pode muito bem ser definida como um instrumento tecnológico a serviço das suas sobrevivências.
Essa língua possui porções transversais e ovais que prolongam-se para constituir um instrumento longo e delgado. Da metade para frente a sua língua ainda possui protuberâncias irregulares e um formato cônico na extremidade; o que contribui para que as formigas sejam sugadas e, uma vez presas, não consigam lhe opor a menor resistência.
Isso sem contar o fato de que a estrutura muscular da língua dos tamanduás é constituída de forma a permitir que ela se estique e torne-se ainda maior do que já é normalmente.
E não é só isso: a sua superfície é toda ela viscosa; ideal para que as suas presas sejam fixadas de forma irreversível enquanto os tamanduás “absorvem” até centenas delas em cada investida.
Outras Características
É toda uma estrutura feita justamente para esse fim. Composta por uma longa cabeça em forma de tubo; uma língua fina, delgada, cheia de protuberâncias microscópicas, grudenta e com mais de 60 cm; além de um olfato apuradíssimo, que lhe permite identificar espécies escondidas a quase 1 m de profundidade.
E tudo isso ajudado por um par de patas musculosas, munidas de 4 garras afiadas e capazes de atingir até 6,5 cm; e que movimentam-se freneticamente assim que uma colônia de cupins ou formigas é identificada, como um dos eventos mais inusitados que podem ser observados na natureza selvagem.
Um Mecanismo a Serviço da Sobrevivência
Tudo o que dissemos até aqui sobre os hábitos alimentares dos tamanduás ainda é pouco para caracterizar esse fenômeno.
Ainda não chamamos a atenção para alguns detalhes bastante importantes, e que fazem toda a diferença quando o assunto é a caça das suas presas favoritas.
Devemos chamar a atenção, por exemplo, para o fato de que as mandíbulas dos tamanduás movimentam-se com dificuldade em comparação com as de outros mamíferos; o que nos leva à suspeita de que eles jamais poderiam ter introduzido às suas dietas alimentos que exigissem demais dessa estrutura.
Sabemos, também, que essas suas mandíbulas estão unidas por músculos ligados aos movimentos de mastigação; uma engrenagem que ainda as torna côncavas o suficiente para conter todo esse volume de língua dos Tamanduás-bandeiras.
A Teprodução do Myrmecophaga Tridactyla
E além do nome científico, fotos, imagens, entre outras peculiaridades dessa espécie, cabe-nos também fazer aqui um apanhado de tudo o que puder ser dito sobre as características da reprodução dos tamanduás.
E o que chama a atenção logo de cara é o fato de que essa fase neles não apresenta qualquer sazonalidade. Eles são capazes de reproduzirem-se ao longo dos 12 meses do ano, inclusive com mais de um parto durante esse período.
E quando chega o grande dia, uma cópula rápida resultará em um período de gestação de aproximadamente 184 dias, para dar à luz a um único filhote de tamanduá, que geralmente nasce pesando entre 1,2 e 1,4 kg e totalmente dependente da sua mãe.
Ele nasce cego e permanece nessa condição até completarem por volta de 6 dias. Mas só poderá ingerir formigas e cupins (que são devidamente apresentados pela sua mãe) quando atinge 90 dias de vida. Até que, ao completar 10 meses, seja considerado totalmente independente.
Mas antes disso (bem antes disso) é preciso que sejam devidamente observados os rituais de corte entre esses animais.
Reprodução do Tamanduá
E eles começam pelo fuçar dos machos em busca da fêmea, que reage com a recusa; até que, após alguma insistência, ele finalmente possa montá-la; em um ritual que pode ocorrer em vários momentos durante as fases de anestro, proestro, estro e diestro das fêmeas.
E também é curioso notar como, durante essa fase, ambos, macho e fêmea, permanecem curiosamente juntos; podendo acontecer até de compartilharem o mesmo formigueiro ou cupinzeiro; como um dos fenômenos mais originais que podem ser observados na natureza selvagem.
Em cativeiro os processos ocorrem mais ou menos como descrito. O problema é que, devido a causas ainda não suficientemente determinadas, a taxa de mortalidade desses Tamanduás-bandeiras em cativeiro é altíssima; com números aproximando-se dos 50% em alguns zoológicos brasileiros, para uma média de 40% de mortalidade quando criados sob essas condições.
As Singularidades Desse Período
Enfim, os filhotes já nasceram, foram devidamente protegidos pelas suas mães, carregados nas costas e camuflados a fim de não tornarem-se presas fáceis dos seus principais predadores.
E caso atinjam a idade de 3 meses, isso será o sinal de que conseguiram atravessar o período mais crítico das suas vidas, que é quando também costumam ser presas fáceis de parasitas e dos seus predadores mais comuns: as temidas e assustadoras aves de rapina.
A Coruja-orelhuda (Asio clamator), o Caburé (o Glaucidium brasilianum) e os Carcarás, são alguns deles. E é deles que a mamãe Tamanduá-bandeira terá que proteger os seus filhotes.
No entanto, mesmo depois de adultos, terão que manter-se sempre vigilantes com relação à presença sempre ameaçadora desses animais; feras que, por sua vez, também terão que disputar com outras espécies o direito a um bom banquete à base de Tamanduás-bandeiras.
Eles terão pela frente um duro embate com o Gavião-bombachinha-grande (o Accipiter bicolor), com a monumental Harpia harpija (o Gavião-real), com a Águia-açores, entre outras espécies não menos competentes quando o assunto é lutar pela sobrevivência nesse fabuloso ambiente da natureza selvagem.
Comportamento
Os Tamanduás-bandeiras são animais solitários; e podem apresentar hábitos diurnos ou noturnos, a depender do nível de invasão do homem aos seus habitats naturais.
Esses animais costumam ocupar uma área entre 8 e 12 km2; e essa densidade é em muito potencializada pela sobreposição de territórios; o que torna possível afirmar que as áreas ocupadas pelos Tamanduás-bandeiras sejam bem menores.
Como dissemos, eles não possuem uma hora específica do dia para o forrageamento – com exceção das populações que habitam territórios muito próximos do homem, pois, nesse caso, eles passam a adotar um inusitado hábito exclusivamente noturno.
E tudo o mais que se sabe sobre as características do comportamento dos Tamanduás-bandeiras (o Myrmecophaga tridactyla, seu nome científico) é que esses são animais apreciadores de bastante espaço.
E como podemos observar nessas fotos, são os amplos espaços abertos que mais os atraem; é ali que eles passam os dias em uma saborosa rotina de caça a cupins e formigas com a ajuda de um faro poderosíssimo.
Mas se precisar nadar, subir em árvores, trepar aqui, saltar acolá, também não tem problema! Os Tamanduás-bandeiras apresentam uma invejável desenvoltura nos mais variados ambientes (apesar da sua anatomia não sugerir tais habilidades).
Outros Comportamentos
E quando então chega a hora de descansar, o lugar ideal será o ambiente seguro e acolhedor do interior das florestas, onde eles irão abrigar-se do sol e dos seus principais predadores.
E podem até decidir fazer uma pequena escavação no solo para melhor refrescar-se comodamente com a sua extravagante cauda a cobrir-lhe todo o corpo; em um dos eventos mais originais desse não menos original universo do Reino Animal.
Com relação a vocalizações, os Tamanduás-bandeiras são considerados animais silenciosos. Vocalizações mesmo só costumam ser observadas com mais intensidade nos recontros entre machos pela posse das fêmeas e durante a demarcação de territórios.
Nesses momentos, poderemos ouvir algo como um rugido estrondoso, e que será certamente secundado por uma sequência de golpes e mordeduras que serão como os “cartões de visita” para o intruso.
Como dissemos, as aves de rapina estão entre os principais predadores dos Tamanduás-bandeiras, mas, como se sabe, elas possuem uma preferência especial pelos filhotes, deixando os adultos por conta das temidas onças-pintadas e das onças-pardas, que são o terror para essa comunidade Myrmecophaga.
Mas das outras espécies da sua comunidade eles defendem-se mesmo é pela demarcação de território, que geralmente é feita por meio de fezes, secreções, urina e arranhões nas árvores; e que parece que, até aqui, têm sido suficiente para manter algum tipo de ordem em uma comunidade caracterizada pela sobreposição de territórios.
Os Tamanduás-Bandeiras em Cativeiro
As reservas e cativeiros parecem ser o porto seguro para esse gênero. É nesses lugares que os Tamanduás-bandeiras podem ser encontrados em abundância, principalmente pelo fato de ali estarem a salvos da presença sempre ameaçadora dos caçadores de animais silvestres – uma das principais ameaças à sobrevivência desses animais.
Constituições como o Parque Nacional das Emas (Goiás), Parque Nacional da Serra da Canastra (Minas Gerais), Reserva Biológica de Jaru (Rondônia), o Parque Nacional do Iguaçu, aÁrea de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba (Paraná), RDS Puranga Conquista, RDS Rio Negro, entre outros santuários, são os principais responsáveis por garantir a sobrevivência dessa espécie para as gerações futuras.
Mas, com relação às suas rotinas em cativeiro, o que podemos dizer é que o comportamento dos Tamanduás-bandeiras tende a imitar o que se observa em ambiente natural. Os machos costumam ser mais hostis uns com os outros, sempre em busca de demarcar territórios por meio de secreções, arranhaduras, saliva e embates corpo a corpo.
Já as fêmeas demonstram uma maior tolerância entre elas; isso faz com que a sobreposição de territórios seja um evento bastante natural.
E chega a ser curioso observar como esses machos executam os seus rituais agonísticos para afirmação de uma certa supremacia ou dominação em relação aos demais, com as suas caudas ameaçadoramente levantadas, circulando em volta do oponente, e com a emissão de rugidos bastante característicos.
Até que um dos dois tenha a iniciativa de avançar em ataques furiosíssimos contra o rival; e quando então é hora de mostrar o quão poderosas e verdadeiramente eficientes podem ser as suas garras dianteiras no momento de deixar bem claro quem é que manda.
Ao final, ao derrotado cabe o direito de fugir em sua vergonha, ou mesmo apresentar um comportamento submisso ao agachar-se sobre os membros posteriores e abaixar sugestivamente a cauda; enquanto a do outro, o vencedor, ao contrário, mantém-se firme e ereta em sua posição gloriosa.
Fotos, Características, Nome Científico e a Conservação do Tamanduá-Bandeira
Como não poderia ser nenhuma novidade, o Tamanduá-bandeira (o Myrmecophaga tridactyla) faz parte dessa comunidade dos animais que de alguma forma estão ameaçados de extinção na natureza.
E, ao que parece, as queimadas estão entre as principais ameaças. Talvez porque sejam umas das práticas mais comuns a serem levadas a cabo no tipo de habitat natural dos tamanduás (os campos, savanas e áreas abertas); muitas vezes para fins de introdução de pastos, lavouras ou outras modificações impostas pelo homem.
Na verdade o que se sabe é que os tamanduás são os primeiros a serem lembrados quando é necessário utilizar animais silvestres como ferramentas de análise das consequências das queimadas sobre esses ecossistemas, por conta do fato de eles serem os que respondem da maneira mais dramática a esse tipo de intervenção.
Em âmbito nacional os Tamanduás-bandeiras são considerados animais “Vulneráveis” de acordo com as principais listas de espécies ameaçadas.
Enquanto isso, internacionalmente, eles são listados como “Quase ameaçados”; o que acaba fazendo com que já seja necessário ligar o “sinal de alerta” para a preservação dessa espécie típica da fauna brasileira.
O Tamanduá-bandeira também apresenta-se como “Pouco preocupante” no Pantanal. “Criticamente em perigo” no estado do Paraná”. “Vulnerável” no Cerrado brasileiro. E em todos esses casos, a criação de reservas ambientais capazes de abrigá-los tem sido a “ordem do dia” nos estados onde é possível encontrar essa espécie em ambiente natural.
Além das queimadas, outros fatores são responsáveis por esse status do Tamanduá-bandeira. E entre eles estão: atropelamentos, caça predatória, a diminuição das suas principais presas, o avanço da agricultura sobre o seu habitat, convivência pouco amistosa com cães e outros animais domésticos, além de vários fatores que não são nenhuma novidade na rotina dos animais silvestres do país.
A pele do Tamanduá-bandeira é considerada um artefato dos mais valiosos. Com ela é possível produzir laços, chicotes, carteiras, tapetes, cintos, bolsas, e uma infinidade de objetos de couro com altos valores – e que por isso fazem da caça ao Tamanduá-bandeira um excelente negócio.
Mas, por incrível que pareça, os atropelamentos ainda configuram-se como uma das principais ameaças; e esses atropelamentos muitas vezes são propositais, movidos pela crença (ainda bastante cultivada) de que traria má sorte cruzar com um tamanduá no meio da estrada.
Uma Espécie Vulnerável
As populações de Tamanduás-bandeiras estão diminuindo visivelmente nos territórios que abrigam os seus principais habitats naturais.
Como é o caso de países como Costa Rica, Belize, Uruguai, Panamá, entre outros territórios onde essa espécie já é considerada uma raridade.
E nesses países, as razões para o desaparecimento do Tamanduá-bandeira são as mais variadas e extravagantes possíveis.
Existe desde a já conhecida caça ilegal de animais silvestres, passando pelo avanço da agricultura pelos seus habitats naturais, a até mesmo causas, digamos, inusitadas.
Como a crença de que o tamanduá (muito por conta do seu aspecto inigualável na natureza) seria um símbolo de mau agouro; uma espécie capaz de trazer mar sorte, dar azar, entre outras crendices e invencionices ainda bastante vivas em diversos rincões do planeta.
Mas há também quem seja capaz de jurar que os Tamanduás-bandeiras hoje são inimigos de morte de inúmeras indústrias de inseticidas, nem um pouco satisfeitas com o verdadeiro extermínio que essas espécies causam às comunidades de cupins e de formigas que elas deveriam ter o direito exclusivo de exterminar.
Sabe-se, também, que na Argentina apenas no norte do país ainda é possível encontrar algumas comunidades de Tamanduás-bandeiras em ambiente natural, o que faz com que lá a espécie obtenha o status de “Em perigo” – e a passos largos em direção à completa extinção caso algo não seja feito de imediato para salvá-los.
Mas no sul do Brasil a coisa não é muito diferente. Em todos os estados os Tamanduás-bandeiras possuem o status de “Criticamente em perigo”; só sobrevivendo de forma adequada em reservas ambientais, que funcionam como os principais refúgios para esses animais, e onde eles podem ser encontrados em maior quantidade.
Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina já quase não possuem registros do animal; e por isso mesmo, nessas regiões, eles são considerados extintos de acordo com os principais órgãos e entidades ambientais do Brasil.
É a mesma realidade encontrada no Uruguai, em algumas localidades do Paraguai e em outros países da América do Sul.
E, para piorar, os registros de endocruzamentos (cruzamento entre indivíduos aparentados) é consideravelmente alto entre os Tamanduás-bandeiras, o que torna a perpetuação dessa espécie ainda mais problemática, já que a taxa de sucesso na reprodução por esse meio é baixíssima.
Enfim, uma realidade nada animadora. E o que os estudioso garantem é que somente a criação de mais reservas ambientais, o incentivo à pesquisa no campo da engenharia genética e a conscientização das populações sobre a importância da preservação da fauna do país podem garantir a sua sobrevivência para as gerações futuras.
A sobrevivência de uma espécie com um importante papel ecológico na natureza. Uma das mais eficientes dispersoras de sementes que podem ser encontradas no meio ambiente. Além de um exterminador de pragas sem igual e um dos cartões-postais da fauna do Brasil.
Fontes:
https://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/24958/BragaFG_Tese.pdf?sequence=1
https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/2126/6437.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tamandu%C3%A1-bandeira
https://gizmodo.uol.com.br/a-lingua-do-tamandua-e-uma-obra-de-arte-evolucionaria/
http://www.avesderapinabrasil.com/materias/aguiasbrasileiras.htm