Também conhecidos como frutos do mar, os mariscos são criaturas que têm uma espécie de carapaça ou concha, como os crustáceos. Como o próprio nome já diz, são seres aquáticos retirados do mar ou da água doce que podem ser utilizados como alimento para o ser humano. Apesar de não se encaixarem na descrição acima, os peixes também fazem parte desse grupo.
Marisco Brasileiro na Culinária
O Brasil produz muitos pratos baseados nos frutos do mar, pois isso faz parte da nossa cultura. Como a costa deste país é muito grande, ela proporciona uma série de mariscos que podem ser achados em vários lugares. Dessa forma, as pessoas que vivem em locais litorâneos se acostumaram a fazer muitos pratos baseados nessas criaturas. Esse hábito se tornou cada vez mais forte com o passar do tempo.
Um exemplo desse tipo de prato é a moqueca, prato composto por peixes e também por outros frutos do mar. Apesar de ser muito comum na Bahia, o estado que mais consome esse prato é o Espírito Santo. Outro prato que pode ter mariscos é o acarajé, mas depende muito da região em que ele é feito.
Peguari
Chamado cientificamente de Strombus pugilis, esse marisco é muito popular na Bahia e também é conhecido como preguari, praguari e periguari. Em geral, o peguari é visto em ambientes litorâneos e pode ser usado como alimento pelo homem.
Esse molusco faz parte da família Strombidae. Além do estado baiano, essa criatura é encontrada com frequência no golfo mexicano e ao norte sul-americano. A classificação do peguari foi feita pelo biólogo sueco Carlos Lineu (1707-1778) em seu livro Systema Naturae, de 1758.
Esses animais vivem em conchas que variam entre cinco e dez centímetros, possuem um tom que pode ser alaranjado ou salmão e têm uma mancha de cor roxa que fica em seu canal sifonal.
Símbolo Cultural
Existe um evento na Bahia chamado de Festa do Peguari e Frutos do Mar. Essa festa acontece na Ilha de Maré e seu objetivo é combater a pesca ilegal dos peguaris. A Ilha de Maré fica na baía de Todos-os-Santos e faz parte da cidade de Salvador, capital baiana.
A culinária de praia da Bahia é muito simples, mas possui enorme popularidade. O fato dela utilizar ingredientes típicos e tradicionais a torna ainda mais especial. Apesar de ser pouco divulgado comercialmente, o peguari é um exemplo de marisco rico em sabor. Além disso, ele é uma fonte de renda para várias comunidades do estado baiano.
Nessas comunidades, existem pessoas que trabalham e dependem da pesca para sobreviver. Além disso, a influência do peguari se espalha por vários bairros da periferia da cidade de Salvador, pois muitas pessoas consomem esse marisco diariamente.
Comportamento do Peguari
Esse animal vive em águas que variam entre dois e vinte metros de profundidade e costumam se alimentar de algas e outras escórias vegetais.
Ao serem deixados na praia, os peguaris costumam saltar várias vezes, pois é a maneira que eles usam para se deslocar até o mar.
Caranguejo-Uçá
Normalmente chamado apenas de uçá (Ucides cordatus cordatus), esse caranguejo faz parte da cultura brasileira, pois é frequentemente encontrado em nossos manguezais. Além disso, também é possível achar essa criatura no estado da Flórida (EUA). O nome uçá significa “caranguejo” na linguagem tupi. A coloração desse animal varia entre o tom ferrugem e o marrom-escuro.
Esse animal é onívoro e precisa de folhas decompostas para se alimentar. Além disso, ele pode consumir frutos e sementes de mangue-preto (uma espécie de planta). Em alguns casos, o uçá pode consumir moluscos ou mexilhões de pequeno porte.
O uçá é um ser territorial e gosta de construir e limpar as suas tocas. É muito raro ver essa criatura entrando em uma toca que não seja a sua e, quando isso acontece, o dono do local imediatamente o expulsa.
Essas criaturas possuem um grande medo das coisas, pois fogem para as suas tocas ao ouvir qualquer barulho, por menor que seja. Os buracos feitos pelos uçás podem variar entre 60 cm e 1,8 m de profundidade, dependendo do período do ano.
Impacto Econômico
Os manguezais possuem grande relevância econômica para as pessoas que vivem em algumas regiões litorâneas. A captura do uçá é uma das fontes de renda mais importantes dos mangues brasileiros, pois o seu comércio é muito popular nesses lugares.
Entre as regiões Norte e Nordeste, os estados do Pará e do Maranhão são os principais responsáveis por metade da captura desses caranguejos. Entre 1998 e 1999, 9700 toneladas de uçás foram extraídas do Norte e do Nordeste brasileiro.
Para que essa atividade se sustente, é preciso conservar os manguezais e evitar que haja extrações dentro do período de reprodução desses caranguejos. O ideal é que essa criatura seja comercializada a partir do seis meses de vida, quando atinge o tamanho ideal para venda.
Em 2003, o IBAMA criou uma portaria que proíbe que esses animais sejam capturados entre o período de dezembro até maio. Além disso, essa portaria diz que uçás com menos de 60 mm em sua carapaça não podem ser capturados.
Reprodução de Uçás
Quando essa época chega, o caranguejo deixa a sua toca e caminha aleatoriamente pelos manguezais (esse fenômeno é chamado de “andada” ou “corrida”). Em geral, os machos lutam pelas fêmeas e, ao vencerem o combate, vão atrás delas até conseguirem o acasalamento.
O período de reprodução dessas criaturas apresenta variações de acordo com a região, mas normalmente acontece entre os meses de dezembro e maio. Após ser fecundada, a fêmea fica com uma massa de ovos em seu corpo. Depois de um tempo, ela solta as larvas no oceano e elas se transformam em caranguejos adultos em um período que varia entre 10 e 12 meses.
Sururu
Molusco de nome científico Mytella charruana, o sururu é um bivalve famoso na região nordeste do nosso país por causa de sua relevância no comércio. Essa criatura se parece com uma ostra e o prato mais comum feito com ela se chama “caldo de sururu”. Os estados da Bahia, Sergipe, Maranhão e Pernambuco utilizam muito esse molusco em sua culinária.
Por sua vez, o estado do Espírito Santo usa muito essa criatura para fazer moqueca. Normalmente, o sururu que vai para a cozinha vem dos manguezais ou das pedras que ficam próximas ao mar. O sabor de ambos é o mesmo. Esse animal também pode ser encontrado no Equador e no trajeto oceânico que se estende da Colômbia até a Argentina.