Este texugo tem sido massacrado nos últimos cinco anos e as autoridades em seu país de origem tem feito vista grossa aos assassinatos em massa, e sem justificativa. Fazendeiros, donos de restaurantes exóticos e outros tipos sem escrúpulos se aproveitam da indolência dos governantes a esse respeito e infligem cada vez mais crueldade contra esses texugos. Onde isso tem acontecido?
Texugo Meles Anakuma: Características, Peso, Tamanho e Fotos
Meles anakuma, o texugo endêmico do Japão, tem sido considerado como uma simples subespécie (meles meles anakuma) do texugo eurasiático (meles meles), agora reduzido a apenas texugos europeus. Porém, de acordo com a árvore filogenética reconstruída para esta espécie, todas as populações japonesas de meles meles se diferenciaram das populações continentais (de áreas entre o Lago Baikal e a Europa Oriental).
O texugo meles anakuma é menor que os outros, com um comprimento médio de 79 cm para o macho e 72 cm para a fêmea. Além disso, esse texugo possui menos dimorfismo sexual (exceto pelo tamanho dos caninos). Sua cauda tem 14 a 20 cm de comprimento. Os adultos geralmente pesam entre 4 e 8 kg.
Este mamífero tem membros curtos e patas dianteiras com fortes garras ocas, mais longas que as patas traseiras. O macho tem um osso peniano (baculum). O cabelo é castanho acinzentado nas costas e mais curto e escuro na barriga. O rosto tem listras pretas e brancas características da espécie, mas menos claro que no texugo europeu. O giro dos olhos é escuro. O crânio é proporcionalmente menor que o texugo europeu.
As distâncias genéticas entre populações japonesa de texugo são muito menores do que as populações de origem; e suas estruturas geográficas não refletem distâncias geográficas entre localidades de amostragem. Populações desta espécie nas principais ilhas japonesas não são geneticamente diversas. Uma hipótese é que eles se formaram recentemente (talvez após o último máximo glacial, ou sofreram um gargalo na população).
É uma das espécies que pode se aproximar de casas e ser alimentada por seres humanos ou desfrutar de lixo como alimento, por exemplo, nos subúrbios de Tóquio. Do ponto de vista da ecologia funcional, o papel do texugo (e suas importantes tocas) em seu ambiente ainda é pouco compreendido.
Texugos e Cervídeos no Japão
Um recente estudo japonês encontrou inter-relações positivas entre cervos e texugos. No Japão (como na Europa e partes da Ásia), grandes populações de cervídeos foram recuperadas nas últimas décadas; um primeiro estudo já havia mostrado que, em Oku-Nikko (Japão), uma alta densidade de cervídeos teve “efeitos em cascata” em outras espécies, incluindo o texugo e vários outros mamíferos carnívoros/onívoros.
De acordo com resultados publicados num estudo recente, populações de minhocas e certos insetos beneficiam-se direta e grandemente da presença de uma alta densidade de veados. Com efeito, restos de vermes e outros insetos são encontrados em muito maior quantidade no excremento dos texugos que vivem nas áreas de forrageamento desses cervídeos, ou seja, onde a densidade de cervos em circulação é maior, a taxa de texugo também cresceu porque sua fonte de comida também se tornou mais abundante.
Um teste estatístico mostrou que essa relação é significativa. A alta densidade de cervos altera a cadeia alimentar e contribui para um habitat rico para minhocas e insetos, promovendo densidades mais altos dos alimentos de animais omnívoro carnívoros. Quanto mais o veado forrageia e come, mas proliferam vermes de decompostos orgânicos e insetos e, consequentemente, mais texugos são atraídos pra essas regiões.
Texugos e Humanos no Japão
A interação com humanos, por outro lado, não tem sido nada ecológica e muito menos benéfica para os texugos (nem pra qualquer outro animal). Várias ameaças às espécies foram recentemente adicionadas, aumentando os temores de uma futura classificação de espécies ameaçadas, embora o texugo meles anakuma não seja considerado por nenhuma lista oficial como digno de preocupação. Porém, já tem sido notável que o quadro tende a mudar graças as interferências humanas, como:
Este texugo é como todas as espécies móveis confrontadas com uma eco-paisagem de fragmentação pelas estradas e o fenômeno de atropelamento;
A aproximação de zonas urbanas pode torná-lo mais vulnerável a certas doenças ou doenças parasitárias devido sua diversidade genética baixa. Por exemplo, a aproximação dos texugos a áreas urbanas que invadiram seu habitat natural também o aproxima dos problemas recorrentes de animais domésticos, como carrapatos;
Terras artificializadas e agrícolas aumentam em detrimento de seus territórios. Com efeito, a gama de texugo que, em teoria, deveria cobrir todo o Japão, recentemente foi reduzida a apenas 29% do país (um decréscimo de 7% nos últimos 25 anos). E essa estatística mencionada já mudou consideravelmente nos últimos cinco anos;
Não podemos deixar de mencionar a grande competitividade que o texugo meles anakuma ainda tem de enfrentar em sua própria casa com a invasão introduzida de guaxinins no Japão, o que dificulta e reduz consideravelmente a disponibilidade de comida.
Sequestro e Assassinato Injustificado
Como se não bastasse tudo o que acabamos de mencionar, o texugo japonês tem sido vítima de barbárie e crueldade em solo japonês. Em 2016 e 2017, milhares de texugos foram mortos durante campanhas de armadilhagem e assassinato muito mais intensas do que nos anos anteriores, a priori sem qualquer justificativa.
Agricultores na ilha de Kyushu perseguem, prendem e matam regularmente esta espécie. A maioria dos agricultores japoneses consideram este animal como prejudicial, ou pragas agrícolas. Alguns ecologistas e outros especialistas vem denunciando a prática, explicando como tem sido excessiva. Eles esclarecem que, sem aconselhamento científico ou planejamento estratégico, isso pode levar a uma “crise ecológica”.
O número oficial de texugos mortos ultrapassou 4.000 em 2016, o que poderia levar a um colapso de sua população, especialmente porque a carne de texugo parece cada vez mais elegante nos restaurantes japoneses. Infelizmente, as autoridades locais, ao invés de coibir a prática, ignoram os especialistas e legalizam a crueldade.
As autoridades locais estão incentivando cada vez mais a caça por “pragas”, na esperança de aumentar a produtividade das plantações, reconhecendo ao mesmo tempo que não estão acompanhando e levando em conta suas funções úteis no agroecossistema. Eles admitem que não estão monitorando suas populações de texugo ou os danos que estão causando. O número de texugos mortos durante esta campanha é 70% maior do que na campanha anterior e maior em uma ordem de grandeza do que nos anos anteriores.
As autoridades oferecem uma equivalente soma de 25 dólares por cauda texugo (ou foto da carcaça), incentivando assim os caçadores a multiplicar seus prêmios (incluindo a carne, que também pode ser vendida como “caça selvagem” em alguns restaurantes de Tóquio, sem controle veterinário da higiene relativa a zoonoses ou parasitose que os animais selvagens podem transportar, ou o fio tóxico que a carne pode conter).
A este ritmo, o texugo japonês poderia desaparecer a médio prazo. Uma bióloga espanhola acredita que há de fato um risco para esta espécie, destacando um exemplo da história do Japão que não inspira confiança: No século 19, os agricultores japoneses foram autorizados a usar veneno contra uma subespécie do lobo cinzento (lobo hokkaido). Sem controle do governo, isso levou à extinção total deste animal. O Japão agora corre o risco de repetir o mesmo erro contra os texugos meles anakuma.