Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cingulata
Família: Dasypodidae
Espécie: Tolypeutes tricinctus
Ele Está em Extinção?
O estado de conservação do tatu-bola é listado como Vulnerável devido a um declínio populacional – estimado em mais de 30% nos últimos 10 a 15 anos – inferido da exploração em curso (caça) e da perda e degradação de habitats. Este anuncio precedera os esforços feitos, com vistas a massificação de campanhas de conscientização, visando a adoção de políticas públicas de controle e proteção do tatu-bola, que tiveram seu ponto alto na escolha do animal para mascote da Copa do Mundo no Brasil. Uma reavaliação está sendo realizada em nível nacional no Brasil, o que pode resultar em uma atualização da avaliação global da Lista Vermelha da IUCN para essa espécie.
O tatu habita exclusivamente regiões de caatinga e cerrado, tendo sua presença sido registrada em 12 estados brasileiros.
Durante alguns anos acreditava-se que o tatu-bola estava extinto completamente, até que em 1988, alguns grupos populacionais dispersos foram registrados, entretanto é certo que desapareceu de vários lugares onde anteriormente já habitaram e sua atual distribuição é muito desigual, tornando a tarefa de quantificar sua população muito difícil. Acredita-se que sua população possa ser relativamente alta em determinados fragmentos onde não estejam expostos a pressão da presença do ser humano. Estima-se que no Cerrado sua densidade populacional seja de um indivíduo por cada km/².
Características do Animal
O tatu-bola é um animal que mede em torno de 50 cm. e pesa pouco mais de um quilo, quando adulto. Como seu nome indica , sua mais conhecida característica, está relacionada a postura de defesa que adota, quando sob perigo de virar comida de algum predador. Nesta situação, a fim de proteger as partes moles do seu corpo, ele se fecha como uma bola cascuda.
O tatu-bola genuinamente nacional, também chamado tatu-bola-da-caatinga, possui cinco unhas nas patas anteriores, e esta característica o diferencia de outra espécie de tatu-bola que vive mais ao sul do Brasil, incluindo visualizações da espécie na Bolívia e Argentina, o Matacus (Tolypeute Matacus), que possui quatro unhas nas patas anteriores.
A época de acasalamento da espécie constitui-se uma ocasião propícia para serem capturados em grande quantidade, visto que seu comportamento é semelhante a dos cães que são vistos pelas ruas, vários machos cortejando uma única fêmea. Já foram registradas ocasiões quando até dez machos cortejavam uma fêmea, tornando-os presa fácil. Sua ninhada gera no máximo dois filhotes que nascem completamente formados.
O tatu-bola diferentemente da maioria das espécies de tatu, não está adaptado a cavar e nem a vida subterrânea, sua estratégia de defesa consiste, além do enrolamento, de fugir em busca de tocas abandonadas, tornando-se por isso numa presa fácil para seus predadores. Sua expectativa média de vida gira em torno de 7 anos, entretanto há pouco apoio literário quanto a esta afirmação, gerada de um estudo feito na Bahia (Jaborandi) em 1997. O tatu-bola possui hábitos noturnos e se alimenta principalmente de formigas e cupins, consumindo também grande quantidade de areia, cascas, frutos e raízes junto ao alimento.
Habitat
Breve análise do habitat em que o tatu-bola ocorre nos ajuda a compreender seu estado crítico de conservação: a caatinga e o cerrado.
A caatinga é um bioma que sofre com várias ameaças que comprometem a conservação de sua biodiversidade que inclui espécies como a ararinha-azul, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o cachorro-do-mato, a águia-cinzenta e o lobo-guará, espécies que compartilham com o tatu-bola-da-caatinga, o mesmo habitat e o risco iminente de se tornarem extintas, principalmente porque em sua maioria são espécies endêmicas desta região.
Entre as ações que ameaçam a biodiversidade da caatinga, podemos citar: o desmatamento, as queimadas, a exploração ilegal dos recursos naturais, o manejo irresponsável do solo, além do tráfico e caça de animais. Estima-se que 46 % da área da caatinga já foi desmatada. . A implantação de unidades de preservação e conservação constitui-se na última esperança de evitar o completo desaparecimento destas espécies.
O cerrado, que pode ser descrito como a savana arbustiva do Brasil Central, em termos de biomas degradados, só perde para a Mata Atlântica. Além do tatu-bola, outras espécies encontram-se em perigo de extinção, como por exemplo a onça-pintada. A presença histórica de garimpos, cuja atividade mineradora promove a contaminação de corpos d’água com elementos químicos, como o mercúrio, impacta prejudicialmente no bioma.
A monocultura extensiva de grãos para exportação constitui-se como a mais recente ameaça. A ampliação de áreas de pecuária extensiva de baixa tecnologia e investimento, mais o uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes, completam o quadro que contamina e desestabiliza o bioma.
Tatu-Bola: Preservação
Em vista da situação dos biomas em que vivem a preservação do tatu-bola é deveras preocupante, encontrando-se ameaçado pela forte pressão da caça e perda do habitat. As populações remanescentes da Caatinga estão isoladas em áreas protegidas, com pouca fiscalização, então tornam-se reféns da caça de subsistência. No Cerrado as populações remanescentes vivem fora das áreas protegidas e são reféns da diminuição do seu habitat pela conversão da utilização do solo para plantações de cana-de-açúcar e soja.
Diante da grande destruição de habitat e da caça predatória, cientistas estimam que hoje tenha restado apenas 1% da população original desses mamíferos, acreditam que, em aproximadamente 50 anos, não seja mais encontrado nenhum exemplar de tatu-bola. O quadro alarmante fez com que o animal se tornasse objeto de um Plano Nacional de Conservação de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. O plano foi elaborado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e ficou pronto em 2014.
Em 2012, o tatu-bola Fuleco foi escolhido mascote oficial da Copa do Mundo no Brasil, a ser realizada em 2014, depois de uma proposta da ONG Associação Caatinga. Além da conexão com a bola do futebol, a entidade queria chamar a atenção para o fato de que a espécie se encontrava ameaçada pela caça. Sete anos e um 7 a 1 depois, o tatu-bola, que só existe no Brasil, ainda corre grave perigo de extinção
Em 2017, o estado do Piauí criou uma área protegida de 24 mil hectares para ajudar na pesquisa e preservação do tatu-bola. Há dois anos, foi iniciado o Programa de Conservação do Tatu-Bola, que conta com financiamento privado da Fundação Grupo Boticário. É o primeiro mapeamento mais amplo sobre esses animais, de acordo com a entidade.